Publicado 11/08/2010 09:18 | Editado 04/03/2020 16:33
O candidato demo-tucano à Presidência da República, José Serra, já deve estar bastante arrependido de ter cedido às pressões da grande mídia conservadora, venal e golpista para deixar o governo de São Paulo, onde tinha uma reeleição praticamente certa para se aventurar na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi na onda dos editorialistas e colonistas dos jornalões e na pesquisa forjada do Datafolha e certamente vai dar com os burros n’água.
Tudo para ele tudo está dando errado. Como dizia o grande comunicador e forrozeiro Guajará Cialdini, “quando o pau nasce torto até a cinza é de banda”. Os jornalistas amestrados a serviço das famíglias Marinho, Frias, Mesquita e Civita repetiram exaustivamente que o presidente Lula não transferia voto e que seria muito fácil derrotar a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) porque esta não tinha experiência eleitoral e muito menos administrativa. Davam como exemplo a eleição presidencial do Chile, onde a presidente Michelle Bachellet não conseguiu eleger o seu candidato mesmo tendo uma popularidade quase igual à do presidente Lula.
Desde quando foi lançada candidata, Dilma vem numa curva ascendente enquanto Serra mantém a curva descendente. Até mesmo o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que no ano passado declarou que a candidata petista “patinaria” nos 15%, chegando ao máximo de 20% das intenções de voto, agora admite a vitória dela já em 3 de outubro. Marcos Coimbra, do Vox Populi e Ricardo Mendes, do Sensus, igualmente admitem a vitória de Dilma no primeiro turno.
As últimas pesquisas divulgadas pelo Ibope, Vox Populi, e Sensus dão vantagem a Dilma de cinco, oito e dez pontos percentuais, respectivamente. Só o Datafolha aponta empate técnico, com um ponto a mais para o candidato da direita. E todos apontam Serra como o mais rejeitado.
Se tudo isso não bastasse, a tucanada e aliados começam a pular do barco que está fazendo água. Até mesmo o senador amazonense Arthur Virgílio, um dos mais ferrenhos opositores de Lula, e o ex-governador paraense Almir Gabriel, já pularam fora. Não se encontra, em nenhum estado brasileiro, cartazes dos candidatos oposicionistas – majoritários ou proporcionais – com a foto de Serra. Aqui no Ceará, o mesmo acontece com os cartazes de Marcos Cals, candidato a governador, e do senador Tasso Jereissati.
A debandada está fora de controle: líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, para livrar a própria pele, se aliou, informalmente, ao candidato a governador do seu estado, Alfredo Nascimento (PR), que foi ministro dos Transportes do governo Lula e trabalha tenazmente para dar grande maioria à Dilma Rousseff. O apoio ao presidente Lula no Amazonas é quase unânime.
Em Pernambuco, 15 dos 17 prefeitos tucanos se jogaram nos braços do governador socialista Eduardo Campos, deixando a ver navios o senador Jarbas Vasconcelos que se lançou candidato para dar palanque a Serra e hoje se encontra praticamente sozinho. Na terra natal de Lula, Dilma deve ter uma votação consagradora, devendo ultrapassar os 70%.
No Ceará, a situação do candidato da direita igualmente levará uma “surra” pra nunca mais esquecer. É que o governador Cid Gomes (PSB), que lidera com folga a intenção de voto , obtendo mais que a soma dos seus concorrentes, enfatizou que pretende dar a Dilma mais de 70% dos votos. Outra grande liderança cearense empenhada em “humilhar” Serra nas urnas é o deputado federal Ciro Gomes, o mais votado proporcionalmente no Brasil. Ciro odeia o candidato da direita e vai se engajar na campanha da candidata do presidente Lula. Para ele é uma questão de honra.
Mas onde Serra vai perder o resto de cabelo que lhe resta na cabeça é em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País e governado por tucano. Ali, Dilma já coloca 12 pontos percentuais à sua frente. A chapa Dilmasia – Dilma e Anastasia (PSDB) – vai repetir o Lulécio de 2006 (Lula e Aécio). O movimento Dilmasia é liderado em Minas pelo prefeito do município de Salinas, José Prates, do PTB, partido coligado ao demotucanato. Prates já conta com 350 prefeitos e espera fechar os 500 até o final deste mês no movimento por ele liderado.
E para complicar de vez a situação do candidato do Coisa Ruim (FHC), dos três principais candidatos a presidente – os mais competitivos -, ele é quem menos arrecadou fundos para a sua campanha. O mais grave é que um tucano do bico grosso, credenciado para solicitar doações em dinheiro aos empresários, sumiu com cerca de R$ 4 milhões. Por se tratar de caixa 2, a polícia não pode ser acionada. E para coroar o inferno astral, os financiadores de campanha passam longe do ninho tucano.
Como essa candidatura de José Serra nasceu torta, a cinza dela está de banda. Por isso Dilma Rousseff deve liquidar a fatura logo no primeiro turno.
Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE
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