Índice ajuda nas políticas para promoção dos valores humanos
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) lançou, nesta terça-feira (10), o Índice de Valores Humanos (IVH). Inédito no mundo, o IVH trabalha as mesmas dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas é mais qualitativo, com foco nos indicadores que são vividos pelas pessoas no seu dia a dia.
Publicado 10/08/2010 17:12
A apresentação do novo índice, que vai respaldar políticas públicas para promoção de valores humanos, aconteceu em conjunto com o rascunho do Caderno 3 do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasileiro 2010.
"O IDH foca resultados. O IVH desloca a atenção dos resultados para os processos", afirma Flávio Comim, economista do PNUD e organizador do relatório. "O novo índice retrata a vivência das pessoas e a opinião da sociedade sobre essas vivências."
O IVH tem as mesmas três dimensões do IDH: saúde, conhecimento e padrão de vida. Assim como o indicador calculado e divulgado anualmente pelo PNUD, ele vai variar de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior). O cálculo é baseado em entrevistas feitas pelo Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope. A pesquisa entrevistou 2000 pessoas em todo o Brasil, sobre os três assuntos.
A principal mensagem do Caderno 3 é que políticas de valor – ou políticas que envolvem estratégias de formação ou de mudança de valores – são importantes para a melhoria da qualidade da educação no país e na redução da violência. São relevantes também para a melhoria das relações no trabalho.
O caderno faz parte de uma série de publicações ligadas ao RDH Brasil 2009/2010. Na primeira etapa da elaboração do relatório, foram coletadas respostas de 500 mil pessoas, durante a campanha Brasil Ponto a Ponto. Todas responderam à questão “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”.
Versão popular
O texto final do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasil 2009/2010, a ser divulgado em outubro, terá uma versão em cordel, em contrapartida aos tradicionais estudos, com gráficos e texto longos. O objetivo é levar o conteúdo para os brasileiros de forma mais leve e descontraída, buscando tornar mais acessíveis temas geralmente de difícil compreensão para a maioria das pessoas.
A inovação faz parte de uma estratégia que tem norteado todo o processo de produção do estudo, desde sua concepção: a busca por um modelo mais inclusivo de comunicação e de desenvolvimento.
O primeiro desafio para aumentar a participação popular é as pessoas se darem conta de como suas ações são importantes — um exemplo: a educação não depende apenas de iniciativas governamentais, mas também do nível de participação dos pais, que afeta diretamente o desempenho escolar dos filhos. Depois disso, ainda é preciso motivação, já que é comum o pensamento de que “não é possível mudar nada” nas políticas públicas. Por fim, grande obstáculo é fazer com que as pessoas, frequentemente desmotivadas por dificuldades, retomem as rédeas de suas vidas, sendo senhores ou senhoras do seu próprio destino, avalia Comim.
Outro mote do estudo é o engajamento da população no desenvolvimento de políticas públicas, que, segundo Comim, devem ser formuladas com a população e não somente para a população. “O cidadão deve opinar sobre o que considera importante ou não para a sociedade. Seus julgamentos de valor são fundamentais como norte político”, afirma.
Com informações do Pnud