Publicado 14/07/2010 09:11 | Editado 04/03/2020 16:33
A ex-ministra da Integração Nacional, Dilma Rousseff, enfatizou durante o lançamento da sua candidatura à Presidência da República que o lema da sua campanha era avançar, avançar, avançar. Mas logo no início da campanha ela deu um passo atrás, pondo em dúvida o compromisso com o avanço.
É imprescindível que a candidata das forças democráticas, progressistas e populares mantenha o compromisso, não se deixando pautar pela direita e sua mídia conservadora, venal e golpista. Afinal, os tempos são outros e não tem mais espaço para o terrorismo midiático implantado em 2002 para evitar a vitória do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Há oito anos, Lula foi forçado a apresentar a Carta ao Povo Brasileiro, se comprometendo a manter as regras do jogo impostas pelos neoliberais tucanos-pefelistas.
Com o capital político que nenhum presidente brasileiro conquistou em toda a história do País, o presidente Lula poderia, notadamente no seu segundo governo, ter dado passos mais ousados para a consolidação da democracia. Vacilante, perdeu essa grande oportunidade, em especial no que diz respeito à democratização dos meios de comunicação eletrônicos que os novos tempos exigem, embora tenha convocado a I Conferência Nacional de Comunicação no ano passado.
As propostas de programa de governo apresentadas pelo PT à Justiça Eleitoral contemplam perfeitamente o anseio da nação. Porém a direitona e seus colonistas e demais jornalistas amestrados logo partiram para o ataque resgatando o caldo de cultura em que foi gerado o terrorismo midiático contra Lula em 2002. E conseguiram uma vitória parcial que deixou a todos atônitos diante do inesperado recuo da candidata petista. Escorregando desastradamente na maionese, Dilma declarou não ter lido o que fora apresentado ao TSE pela direção do seu partido.
O controle social dos meios de comunicação – rádio e televisão – é uma exigência do povo brasileiro que não pode nem deve mais ser procrastinado. Até porque foi amplamente discutido e defendido pelo que há de mais representativo na sociedade brasileira durante as Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Comunicação, no ano passado.
A taxação das grandes fortunas foi outra proposta apresentada ao TSE e que a candidata do presidente Lula negou que tivesse conhecimento. Isto é uma demonstração de fraqueza diante da fúria da direita e da sua mídia que foram fragorosamente derrotadas em 2002 e 2006. A taxação progressiva é outra exigência da sociedade, posto que é inadmissível que os mais pobres paguem mais impostos que os mais ricos. A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário, é outra exigência da massa trabalhadora.
Com o capital político que certamente herdará do presidente Lula, Dilma Rousseff deveria aproveitar essa grande oportunidade para enfrentar as forças do atraso representadas pelo demotucanato e sua mídia conservadora, venal e golpista, já que tem o apoio da esmagadora maioria dos brasileiros.
Ontem, a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Brasileira, que representa 25 milhões de trabalhadores na base, declarou apoio explícito à candidatura Dilma Rousseff. Antes, a CUT, a CTB, a Força Sindical e outras centrais sindicais já haviam declarado apoio à candidata petista. A União da Juventude Socialista e outras representativas entidades da juventude brasileira, igualmente anunciaram apoio à Dilma.
As duas décadas perdidas (anos 1980 e 1990) estão bem vivas na memória dos brasileiros, especialmente os oito anos de desgoverno neoliberal (1995 a 2002) capitaneado pelo PSDB. Foi com o presidente Lula que houve a retomada do desenvolvimento econômico e social. Nos últimos sete anos e meio mais de 30 milhões de brasileiros deixaram a faixa da pobreza, e a auto-estima do nosso povo foi resgatada. Neste período foram gerados mais de 12 milhões de empregos formais (com carteira assinada) e o Brasil perdeu o complexo de vira-latas. No plano internacional, deixou de ser coadjuvante para ser um dos principais protagonista mundiais.
Sabem os brasileiros que no desgoverno neoliberal os movimentos sociais foram criminalizados, e voltarão a ser se o candidato das forças do atraso, o tucano José Serra, for eleito presidente. Isso seria uma verdadeira tragédia como a vivenciada nos fatídicos oito anos neoliberais tucano-pefelistas.
Vale lembrar que, ao contrário de 2002, o que agora se impõe é a continuidade, e continuidade com avanços. Daí ser imperiosa a reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social, o fim da propriedade cruzada, a exigência de no mínimo 30% de produção regional no rádio e televisão como determina a Constituição Federal, a implantação do Conselho Nacional de Jornalistas, a ampliação da reforma agrária, mais investimentos em saúde, educação, ciência e tecnologia, a reforma política que amplie os espaços democráticos, o fortalecimento do Estado e tantas outras medidas para melhorar o padrão de vida de todos os brasileiros.
Garantir as conquistas dos últimos sete anos e avançar no rumo das mudanças é o que esperam e exigem os trabalhadores e a maioria dos povo brasileiro que estão dispostos a dar o suporte necessário para a sua consecução. Recuar neste momento é uma temeridade.
Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE
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