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Frota da Liberdade quer mais brasileiros nos próximos navios

A Câmara Municipal de São Paulo, através do vereador Jamil Murad (PCdoB), recebeu, no dia 8, representantes da Campanha Europeia pelo Fim do embargo a Gaza e da Assembleia Geral pelo retorno para a Palestina. Essas entidades atuam na Europa e organizam a segunda Frota da Liberdade para tentar levar, novamente, ajuda aos refugiados de Gaza. Na companhia do jornalista Fernando Lattarulo, ambos pediram o apoio de políticos e da sociedade civil brasileira para a organização do segundo comboio.

Evento Jamil Murad - Frota da Liberdade - Railídia Carvalho

Em 31 de maio deste ano, a Frota da Liberdade que levava alimentos, medicamentos, material de construção civil, entre outros artigos, para a faixa de Gaza foi atacada pela marinha israelense, resultando na morte de pelo menos nove pacifistas que integravam um dos navios. A jornalista italiana Angela Lano, que esteve na primeira frota, e que acompanha os palestinos na visita ao Brasil, não pôde comparecer ao encontro na Câmara por problemas de saúde.

Voluntários

Apesar de a primeira frota não ter atingido o objetivo de levar ajuda a Gaza, outras vitórias são atribuídas àquela iniciativa. Para Hannoun Mohammad, da Campanha Europeia, a demonstração clara vinda de parlamentos europeus e da comunidade internacional, condenando o ataque e o bloqueio, foram conquistas inesperadas.

Segundo ele, existem mais de nove mil pacifistas inscritos como voluntários para a próxima frota, incluindo os participantes da primeira tentativa. “Mesmo humilhados, sequestrados, ameaçados, eles querem participar novamente dando resposta que a ação de Israel não os assustou”, revelou Hannoun. Em passagem por Brasília, ele disse que inúmeros parlamentares brasileiros também manifestaram desejo de participar da segunda frota.“Queremos colocar a bandeira do Brasil na nossa frota”, declarou Hannoun.

Para Abdel Qader Mohammad, da Assembleia Geral pelo Retorno, o Brasil é um país amigo e o governo brasileiro tem se manifestado, através de declarações contundentes, contra o ataque e o bloqueio. “Queremos que o Brasil dê esse passo reafirmando a oposição ao bloqueio e dizendo que os políticos do Brasil vão fazer parte dessa delegação de pacifistas nos próximos navios”, afirmou Abdel Qader.

Apoio histórico

O vereador Jamil Murad, que integra a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de São Paulo, reafirmou o apoio da casa à luta do povo palestino pela sobrevivência. Ele lembrou os atos realizados no Brasil contra o massacre de Sabra e Chatila, em 1982, e ainda os mais recentes no final de 2008, além do ataque à frota da liberdade. “Quando os EUA invadiram o Iraque reunimos 30 mil pessoas na rua protestando. Nunca os representantes do povo no Brasil se calaram diante dos crimes contra os palestinos”, reafirmou.

A Federação das Entidades Árabes esteve presente e defendeu a necessidade de que o apoio brasileiro se estenda para os países do Mercosul. “Acredito que é possível construirmos juntos uma força representativa da região sul da América em torno da causa palestina”, propôs Claude Fahd.

Crimes de guerra

“O que acontece na faixa de Gaza são crimes contra humanidade e os responsáveis devem ser julgados”, defendeu Rubens Diniz, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz). Ele complementou a declaração de Hannoun dizendo que a primeira grande missão da frota foi quebrar a invisibilidade que existia ao bloqueio. Rubens sugeriu a realização de um jogo da amizade entre Brasil e Palestina para mobilizar os atletas brasileiros em torno da causa.

Os representantes do Sindicato dos Jornalistas e da Secretaria de Relações Internacionais do PCdoB (SRI), respectivamente, Guto Camargo e Ronaldo Carmona, citaram o bloqueio midiático como essencial para tornar invisíveis as consequências do bloqueio. “A informação que chega não permite ao cidadão compreender na totalidade a realidade. É preciso mobilização dos jornalistas de todo o mundo para garantir o acesso à informação original”, destacou Camargo.

Para Carmona, a verdade que a SRI do PCdoB conhece é muito diferente da que sai na grande imprensa brasileira, por exemplo. “Temos contato com o conjunto das forças políticas palestinas e conhecemos a realidade do povo de lá que é ocultada pela mídia sionista do mundo inteiro”, declarou.

Paulo Freire

A viúva de Paulo Freire, Nita Freire, esteve presente ao evento e contou que em determinada ocasião Paulo, ao ser convidado a dar palestra para estudantes israelense, se recusou dizendo que só iria se no mesmo local estivessem também estudantes palestinos. Nita doou aos organizadores da segunda frota exemplares de livros de Paulo Freire para serem incluídos no novo comboio.

Participaram do encontro na Câmara representantes da União Brasileira de Mulheres, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, Via Campesina, União Grumim de Mulheres Indígenas, Instituto da Cultura Árabe, Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, Mopat, Assembléia Islâmica de São Paulo e Conlutas.

De São Paulo,
Railídia Carvalho