Esquecer a era Dunga e preparar 2014

O Brasil jogou mal, perdeu de virada de 2×1 para a Holanda e se despediu mais cedo da Copa do Mundo. Depois de fazer um bom primeiro tempo e abrir o placar numa boa jogada de Daniel Alves e bela enfiada para Robinho o atacante tocou para as redes. Parecia que o Brasil iria jogar como Brasil.

O placar virou 1×0, mas a partir daí o time encolheu.

O segundo tempo iniciou com a Holanda melhor. Após os 10 minutos de jogo o time brasileiro deu pane. Ninguém se entendia em campo. Robinho perdido, Kaká apático, Luís Fabiano parecia não ter entrado no jogo. A Holanda dominava o meio campo , crescia e vinha para cima.
O time não demonstrava reação. O jogo ficava nervoso, as faltas aconteciam e o juíz absolutamente perdido. Após uma falta pela direita, Sneijder levantou a bola para a área, Júlio César saiu errado, chocou-se com Felipe Melo, a bola desviou na cabeça do volante e foi para o fundo da rede. O árbitro deu gol contra de Felipe Melo.
A Holanda cresceu enquanto a seleção brasileira se perdia, Dunga não demonstrava reação e nem mexia no time. Em seguida a Holanda centra uma bola na área e Sneijder cabeceia sozinho e vira o jogo. O time nervoso, sem atitude, vê Felipe Melo perder a cabeça, pisar no adversário e ser expulso. Atrás no placar, com um a menos o Brasil é presa fácil da Holanda e é eliminado.
 
Dunga matou o sonho de Dunga e o Brasil ficou com o pesadelo
Dunga assumiu a seleção brasileira, em 2007, já como primeira experiência de técnico profissional. Montou um time previsível e cheio de homens de sua confiança. Questionado inicialmente foi se firmando ao longo das eliminatórias e convenceu boa parte da torcida após conquistar a Copa América, a Copa das Confederações e a classificação para a África do Sul.
Mas ao anunciar a lista de convocados foi muito questionado. Deixou de fora Ronaldinho Gaúcho e algumas revelações do futebol brasileiro. Convocou jogadores que estavam no banco em seus clubes. Levou um time previsível, incapaz de mudar o esquema tático, o estilo de jogo.
Ninguém admitia, mas desconfiava que o desastre era iminente. As primeiras partidas mostraram as limitações. Passou apertado pela Coréia do Norte por 2×1. Fez um gol na Costa do Marfim e empatou com Portugal em 0x0. O Brasil somente jogou melhor diante do Chile que se intimidou. Diante da Holanda, adversário que havíamos eliminado nas Copas de 1994 e 1998, a seleção se perdeu. Sem opção de jogadores que mudassem a forma de jogar, sem ousadia e inspiração, foi eliminada.
 
A CBF e Ricardo Teixeira só perderam dinheiro
Não dá para crucificar Dunga. Ele jogou como Dunga e dirigiu a seleção como Dunga. Jogador mediano e esforçado usou a seleção como laboratório para ter um emprego num clube, lugar por onde devia ter passado antes de chegar à seleção.
O senhor Ricardo Teixeira e a CBF terão pouco a lamentar. A não ser um pouco menos de mídia e lucro. Nada que não possa ser muito compensado pela Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo de 2014, ambas no Brasil.
O mercado vendeu o que pôde e os lucros foram fabulosos. Já o fabuloso Fabiano e seus 10 companheiros voltam aos seus clubes milionários e longe do Brasil. Tão longe quanto o futebol que jogaram. Da jinga, arte, malícia e beleza do nosso futebol fica a saudade. Quanto aos brasileiros, para essa gente, é um detalhe. A tristeza será esquecida e a esperança aos poucos vai voltar. Brasileiro acredita sempre. Confesso que também vou acreditar no hexa no Brasil. Mas de agora em diante vou torcer pela Argentina. Nossa América merece!
 
Apolinário Rebelo é jornalista, escritor, comentarista esportivo e vice-presidente do PCdoB/DF