Câmara Distrital cassa deputada do dinheiro na bolsa
A deputada distrital Eurides Brito (PMDB), flagrada colocando dinheiro na bolsa durante a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, teve o mandato cassado nesta terça-feira, 22. Eurides conseguiu na Justiça liminar para que a votação fosse secreta. Mesmo assim, perdeu o mandato por 16 votos a favor, três contra e três abstenções. Além da própria, apenas um dos 24 parlamentares da Câmara Distrital não compareceu à sessão – o deputado Benício Tavares (PMDB), afastado por motivos de saúde.
Publicado 22/06/2010 18:00 | Editado 04/03/2020 16:41
Eurides foi processada por quebra de decoro parlamentar. Ela é a primeira cassada entre os oito parlamentares investigados de participação no esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. A PF apurou esquema de propinas do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) que envolvia empresários e parlamentares. Júnior Brunelli (PSC), deputado flagrado rezando a “oração da propina”, e Leonardo Prudente (DEM), filmado colocando dinheiro nas meias, renunciaram ao mandato para fugir do processo de cassação.
O advogado de Euridice, Jackson Domênico, pode recorrer da decisão, mas disse que isso depende de “uma decisão da parlamentar.” Eurides foi filmada pelo ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal Durval Barbosa recebendo maços de dinheiro.
Mesmo filmada recebendo propina e dizendo-se extremamente religiosa, a ponto de não comparecer às sessões de sexta-feira antes do pôr do Sol, Eurides sempre jurou inocência. Alegou que os maços de dinheiro mostrados no vídeo seriam do ex-governador do DF Joaquim Roriz (PSC), para pagar encontros em que Eurides teria pedido votos para ambos, em 2006. Roriz negou a versão da deputada. Desde o dia 30 de abril ela estÁ com os bens bloqueados por determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios a pedido do Ministério Público.
Eurides é a segunda distrital a ser cassada nos 20 anos de história da Câmara Legislativa. O primeiro foi Carlos Xavier, em 2004.
Carlos Pompe, de Brasília