China anima Bovespa, mas flexibilização gera dúvida

Ao longo do dia, entretanto, conforme a notícia era "melhor digerida" pelo mercado, os ganhos das bolsas perderam força e chegaram até a ser invertidos nos Estados Unidos.

No Brasil, a alta de ações ligadas a commodities conseguiu sustentar a apreciação do Ibovespa, ainda que num patamar menos expressivo que o verificado no início dos negócios.

Depois de ter atingido 65.516 pontos na máxima do dia, o Ibovespa fechou em alta de 0,61%, aos 64.829 pontos, com giro financeiro de R$ 9,344 bilhões. Do total, R$ 3,96 bilhões vieram do vencimento de opções sobre ações.

Já em Wall Street, enquanto o índice Dow Jones caiu 0,08% – após quatro altas seguidas -, o S & P 500 cedeu 0,39% e o Nasdaq recuou 0,90%.

Incerteza

As bolsas americanas foram em parte pressionadas pelo rebaixamento feito pela Fitch Ratings da nota de probabilidade de inadimplência do emissor (IDR, na sigla em inglês) de longo prazo do banco francês BNP Paribas, de "AA" para "AA-". A perspectiva é estável.

O dia não contou com a divulgação de indicadores econômicos e o destaque ficou por conta da China. Depois de ampla pressão externa, o país decidiu aceitar a flutuação gradativa de sua moeda, o yuan, que desde 2008 vinha sendo atrelado ao dólar. Ainda que tenha sido vista como positiva, a medida gera incertezas no mercado.

"Há dúvidas sobre o quanto isso é sustentável no curto prazo, já que é um movimento muito pouco transparente por parte da China. Há muita gente acreditando que é apenas um movimento político antes da reunião do G-20", afirmou o gerente de renda variável da Modal Asset Management, Eduardo Roche.

Altas e baixas

No mercado local, ações de peso lideraram as altas do Ibovespa. Enquanto os papéis ON da OGX Petróleo subiram 4,32%, a R$ 17,86, e giraram R$ 290,6 milhões, as ações ON do Banco do Brasil se apreciaram em 3,56%, a R$ 28,19. Além disso, os papéis ON da Vale avançaram 3,12%, a R$ 48,47, e as ações PNA da empresa se valorizaram em 2,90%, a R$ 41,85, com volume negociado de R$ 966 milhões.

No sentido oposto, figuraram entre as principais baixas do Ibovespa os papéis PN da Net, com recuo de 3,13%, a R$ 18,56, as ações PNA da Telemar Norte Leste, com recuo de 2,81%, a R$ 50,11, e Cielo ON, com depreciação de 2,49%, a R$ 16,44.

Também em baixa, os papéis PN da Petrobras se desvalorizaram em 0,30%, a R$ 29,40, e giraram R$ 704,8 milhões.

Petrobrás

A Petrobras anunciou hoje que planeja investir US$ 224 bilhões entre 2010 e 2014, uma média de US$ 44,8 bilhões por ano. O novo planejamento implica em um aumento de 20% em relação ao antecedente.

"O Plano de Negócios 2010-2014 mantém as metas de crescimento para a companhia, incluindo os recursos necessários para a exploração e desenvolvimento das descobertas de petróleo no pré-sal. A meta de produção de petróleo é de 3,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe) em 2014 e projeção de 5,4 milhões de boe em 2020", revelou a Petrobras.

Segundo Roche, gerente da Modal, o plano de investimento veio em linha com o esperado e o mercado segue à espera do detalhamento da capitalização da empresa. "Ainda faltam detalhes do tamanho da oferta e do total de barris na cessão onerosa", pontuou.

Ainda hoje, a Petrobras Biocombustível S.A. (PBio) acertou com a São Martinho uma parceria visando ao crescimento da produção de etanol na região Centro-Oeste. O negócio engloba as subsidiárias Usina Boa Vista e SMBJ Agroindustrial, do grupo sucroalcooleiro.

A transação envolve a constituição de uma nova sociedade, batizada de Nova Fronteira Bionergia, que vai controlar as duas subsidiárias do São Martinho. A PBio vai ter 49% desse empreendimento por meio de subscrição de R$ 420,8 milhões em ações e terá direito de preferência para adquirir até 49% da produção de etanol e energia elétrica da empresa constituída pela parceria. Fora do Ibovespa, os papéis ON da São Martinho subiram 3,84%, a R$ 14,59.

Fonte: Beatriz Cutait do Valor Online