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Ângelo Lacerda Rocha: o movimento sindical e as eleições 2010

O jornalista Marcos Verlaine, do Diap, enumera em cinco os desafios do movimento sindical na atualidade, em especial para o ano de 2010: manter a unidade das centrais, disputar as eleições, superar as precariedades financeiras, incorporar jovens e mulheres e formar continuamente os dirigentes sindicais. Nesse contexto algumas considerações devem ser feitas para que a afirmação venha a se tornar consequente, e que essa consequência seja favorável á classe trabalhadora.

Por Ângelo Lacerda Rocha*

A unidade na ação política materializada nas centrais de fato tem trazido alguns ganhos para classe trabalhadora ou evitando perda de algum direito ou até mesmo alguma flexibilização. Todavia, essa unidade deve se materializar nos outros desafios priorizados pelo jornalista.

O projeto nacional, que favorece o trabalhador e promove o desenvolvimento com valorização do trabalho passa pela vitória de Dilma Rousseff. Também é necessário entender que em momento algum a vitória de Dilma representa pura e simplesmente a continuidade do governo do presidente Lula, mas, sim, o avanço de um projeto em favor da classe trabalhadora deste país – e esse deve ser o principal foco do movimento sindical. Entretanto esse foco por vez tem sido desviado por interesses regionais quando não, até ameaçado por interesses específicos de categoria em detrimento de um projeto maior.

O processo eleitoral de 2010 será de afirmação para a sociedade brasileira do melhor projeto para o esse pais, e que deverá ser confirmado nas urnas. O índice de aceitação do presidente de Lula ao final do seu segundo mandato por si só não afirma o projeto que ele representa. O que vai realmente afirmar o que o povo brasileiro quer é a vitória de Dilma Rousseff em outubro.

O povo brasileiro passou por oito anos de implantação do projeto neoliberal, que custou muito ao país. Depois experimentou um país governado pelo presidente Lula, que ampliou os projetos sociais, investiu no ensino publico, fez uma política externa condizente com o tamanho do Brasil, dentre outros avanços.

Mas outros pontos são colocados por Verlaine e merecem especial atenção do movimento sindical. A questão que da união da classe trabalhadora se materializou na 2ª Conferência da Classe Trabalhadora, realizada em São Paulo, onde os trabalhadores puderam unificar as suas reivindicações para o próximo governo e, ao mesmo tempo, afirmar a sua convicção com o projeto nacional em implementação na era Lula. Foi abordado a necessidade de derrotar definitivamente os setores da elite conservadora que lutam contra os interesses do trabalhadores em favorecimento do capital e a manutenção do seu status quo.

Um grande desafio, essencial para que o projeto da classe trabalhadora seja vitorioso, é a ampliação da sua representação nas duas casas legislativas. A necessidade parte do princípio que não basta ter um governo comprometido com os trabalhadores, mas, sim, um Estado comprometido com os interesses dos trabalhadores, e só se consegue isso com mudanças nas instituições. Nesse sentido eleger representantes em todas as esferas do governo é de extrema importância.

O desafio se torna maior na medida em que o movimento sindical, pela legislação eleitoral, não pode financiar os seus candidatos – o que demonstra a desigualdade nessa luta, vez que os empresários, além de poderem financiar seus representantes, ainda têm benesses tributarias. Portanto, a nossa luta passa pela militância forte e consciente da importância do seu papel no processo de mudança.

O jornalista dá especial importância à participação das mulheres e dos jovens nesse processo eleitora por vir, e não sem razão. A mulher tem papel de fundamental importância no processo de desenvolvimento do país. Estão definitivamente inseridas no mercado de trabalho, entretanto sofrem com o processo discriminatório que se evidencia na nossa sociedade. Sofrem com salários abaixo do praticado para os homens, e ainda são vitimas maiores de assédios moral e sexual. São demandas que, ao contrário do que pensam alguns, não são específicas das mulheres e devem fazer parte de uma agenda positiva em busca de uma sociedade mais igualitária.

Nesse mesmo sentido, a participação dos jovens nos movimentos sociais é de crucial importância, e em especial no movimento sindical, haja vista o numero de trabalhadores jovens entrando no mercado de trabalho em função dos índices de crescimento que o país tem apresentado nos últimos anos. Portanto, necessário se faz uma abertura que torne possível o jovem inserir mais efetivamente no movimento sindical.

Enfim, a batalha está posta. O movimento sindical tem que efetivamente “comprar a briga”, sair às ruas, mostrar a sua força, conscientizar os trabalhadores e ganhar as eleições.

Saudações classistas.

* Ângelo Lacerda Rocha é diretor da Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino)