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Lula orienta oposição a evitar campanha raivosa e de baixo nível

Em entrevista nesta quinta (10) à Rádio FM Sergipe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu às críticas feitas pela oposição que acusa o governo de ser lento na execução das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Além dos seus dois mandatos, Lula diz que o último momento em que o Brasil investiu em infraestrutura foi durante o governo militar de Ernesto Geisel, em 1975. Ele espera que seus adversários não façam campanha raivosa e de baixo nível.

No último balanço do PAC, líderes do PSDB e do DEM disseram que apenas 46,1% das obras foram concluídas. Os dados oficiais indicam que 70,7% dos investimentos foram executados.

“Eu acho que a oposição está em uma situação difícil e eu acho normal que a oposição saía: falta fazer isso, falta fazer aquilo, falta… É o papel dela. Agora a verdade é a seguinte: contra os números não se discute. Nós temos números para debater com qualquer candidato, com qualquer governo”, disse o presidente.

Ele lembrou que todos os investimentos são feitos sem discriminação política. “Enquanto no passado, recebiam um prefeito com policiais e cachorros pastores-alemães, eu, nos meus oito anos de governo, todo ano, eu participei da abertura da Marcha dos Prefeitos.”

Lula também aproveitou para provocar seus adversários políticos. “Eu dei para São Paulo dez vezes mais recursos, para o Serra e para o Alckmin, do que o Fernando Henrique Cardoso deu para o Mário Covas, e dei sabe por quê? Porque eu acho que a gente não faz a relação entre governo, a relação é entre povo. O povo de São Paulo merece, então, nós temos que dar”, disse.

Prosseguiu: “Então, eu acho que isso está criando um certo embaraço para a oposição, está criando uma certa dificuldade… Eu espero que eles não façam uma campanha raivosa, eu espero que eles não façam uma campanha daquelas de baixo nível, fazendo aquele jogo rasteiro… Vamos fazer a campanha em um nível alto, vamos debater economia, vamos debater desenvolvimento, vamos debater inovação tecnológica, vamos debater educação, porque eu acho que o povo vai ficar muito mais satisfeito.”

Fora FMI

O presidente lembrou que os investimentos em infraestrutura na época de Geisel só foram possíveis porque o dólar estava barato, o que levou o governo a tomar empréstimo para realizar obras.

“Em 1980 nós começamos a pagar o preço disso. Por quê? Porque aí a economia americana entrou em crise – um déficit fiscal muito sério –, o presidente do Banco Central americano, para resolver o problema do déficit fiscal americano, aumentou a taxa de juros, em dólar, que chegou a 21%”, explicou.

Como o Brasil havia tomado empréstimo a 3%, Lula diz que o país começou a pagar 21% de juros que resultaram “numa dívida externa impagável”. O presidente lembrou que a partir disso nenhum presidente brasileiro conseguiu investir em obras.

Para enfrentar o problema, Lula diz que no início do seu primeiro mandato chamou o presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional) para por fim as negociações. Dívida paga, o Brasil ainda colocou em caixa US$ 250 bilhões e emprestou ao Fundo US$ 14 bilhões. “Hoje não é uma missão do FMI que vem aqui. É uma missão nossa que vai lá fiscalizar o FMI”, brincou.

Circulo virtuoso

Com os recursos em caixa, Lula disse que o governo resolveu fazer o PAC. “Nós assumimos a responsabilidade de comprometer uma parte do orçamento do governo com obras. Tomamos a decisão, e nada, não há nada que faça a gente tirar um centavo do PAC para fazer contingenciamento.”

A parti daí, segundo o presidente, o Brasil passou a apresentar números positivos com o crescimento do salário mínimo, emprego, o respeito do país no exterior e o último dado do IBGE que registrou um crescimento de 9% no PIB entre janeiro e março.

“Então, o Brasil está entrando num círculo virtuoso, tem uma carteira de obras. Tem uma carteira de obra em saneamento básico, tem uma carteira de obra em habitação, tem uma carteira de obra em estrada, tem uma carteira de obra em drenagem, tem uma carteira de obra em saneamento básico”, disse.

Pelos cálculos dele, até o final do mandato serão criados aproximadamente 14,5 milhões de empregos com carteira assinada. “Enquanto os Estados Unidos perderam 8 milhões de empregos, enquanto a Europa perdeu quase 9 milhões de empregos, nós, no ano da pior crise do mundo, nós criamos 905 mil novos empregos”, argumentou.

De Brasília,
Iram Alfaia