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A caminho da Colômbia, Hillary defende bases em discurso vazio

Tentando retomar a influência que os Estados Unidos perderam na América Latina, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, adotou discurso conciliador mas pouco covincente, nesta terça, em visita ao Equador, onde foi alvo de protestos. Citando os heróis Simón Bolívar e José Martí, ela defendeu que o acordo militar com a Colômbia respeita a integridade dos países da região. Elogiou o presidente Rafael Correa e falou sobre a importância de reduzir a desigualdade social na região.

"Como disse Simón Bolívar, a base fundamental do sistema político depende da estabilidade e da prática da igualdade", disse a secretária de Estado, depois de se reunir com o presidente do Equador, Rafael Correa.

Com o intuito de distencionar o clima provocado pelo anúncio da utilização, pelos soldados norte-americanos, de sete bases colobianas, ela afirmou que "as bases são colombianas, e não norte-americanas" e o limite de soldados dos EUA estaria "perfeitamente definido". O acordo militar foi duramente condenado pela Unasul – bloco presididio atualmente por Correa –, que apontou ameaça à soberania dos países da região.

Em resposta aos questionamentos do organismo, a chefe da diplomacia americana reiterou que seu governo detalhará à Unasul a presença de tropas americanas em território colombiano. De acordo com seu discurso cordial, a cooperação militar que os Estados Unidos oferecem à Colômbia está direcionada especificamente à luta contra “o narcotráfico e a subversão”. “Os EUA têm ajudado, com orgulho, a Colômbia a combater o narcotráfico e a guerrilha”, disse.

O argumento do combate às drogas, no entanto, é visto como um pretexto que esconde as reais intenções hegemônicas dos EUA. A atitude da Colômbia de abrir as portas da região para a potência estrangeira é vista como uma ameaça à paz e à estabilidade no hemisfério.

Elogios a Correa

A visita ao Equador ocorre em um momento em que as relações do país com os EUA ainda estão estremecidas por causa da participação norte-americana no episódio do ataque colombiano às Farc, em território equatoriano. Além disso, o presidnete Rafael Correa se recusou a renovar a permissão para os Estados Unidos usarem a base militar de Manta.

Hillary procurou, então, minimizar as diferenças e evitou temas mais espinhosos, no discursotalhado para ser o lançamento das novas diretrizes da política dos Estados Unidos para a América Latina. Ela afirmou que EUA e Equador têm “relacionamentos relevantes na área de segurança, na cooperação e no desenvolvimento”.

“Estamos empenhados em um diálogo aberto, em um âmbito de respeito e compreensão mútua”, assinalou a chefe da diplomacia, que elogiou a liderança de Correa como titular temporário da Unasul. Ela destacou o esforço do mandatário na colaboração após os terremotos no Haiti, em janeiro, e no Chile, em fevereiro, segundo informações da imprensa local.



"Equador e seus vizinhos compartilham as mesmas aspirações, e hoje o presidente Correa e eu falamos de como podemos trabalhar juntos para alcançar essas aspirações. Nenhum país vai estar de acordo em tudo", ressaltou, em palavras que, diante do histórico norte-americano de intervenções na região, podem soar vazias.


"Os Estados Unidos valorizam sua relação com o Equador no âmbito comercial, de investimentos e segurança, porque este é um compromisso mútuo de desenvolvimento", continuou ela. Diante do palácio do governo equatoriano, manifestantes queimaram bandeiras dos EUA sob gritos de "Fora aqueles que matam imigrantes!" e "Fora os que matam palestinos!"



Correa afirmou que há razões para as desconfianças latino-americanas em relação às bases norte-americanas, mas que a melhor forma de enfrentar juntos o problema é conversando abertamente. "Dissemos que nem sempre concordamos e isso se dá também dentro da Unasul, onde se discute de maneira mais frontal e aberta, mas com fraternidade", declarou Correa.

Rumo ao território amigo 

Ainda na noite da terça, Hillary embarcou para a Colômbia – maior aliado na região  – onde se encontraria nesta quarta com o presidente Álvaro Uribe. Na pauta oficial, “democracia na região, o terrorismo, o narcotráfico e o Tratado de Livre Comércio (TLC) entre a Colômbia e os Estados Unidos”.

Dentro de sua apertada agenda em Bogotá, Hillary também dialogará sobre estes mesmos temas com os candidatos à presidência Antanas Mockus, do Partido Verde, Juan Manuel Santos, do governista Partido do "U".

O grupo de entidades contrárias à presença militar estrangeira na Colômbia, intitulado Coalición Colombia No Bases, divugou nota na qual afirma que Hillary é persona non grata no país. O texto afirma que, sob o pretexto da luta anti-drogas, a secretária chega a Bogotá para “passar em revista as novas aquisições de seu país com a assinatura do acordo militar, que lhe possibilita ter o controle sobre sete bases”.

“Será o último ato de submissão ante os Estados Unidos que Álvaro Uribe Vélez protagonizará como presidente, porém, lamentavelmente, não o país. Os EUA já manifestaram que se sentem tranquilos com qualquer dos candidatos à eleição, que garantiram ao governo norte-americano o pleno respaldo e apoio à entrega das bases”, diz o grupo.

A nota critica ainda o TLC, “que só beneficiará as multinacionais estadunidenses e, junto com o acordo militar, se converte na maior entrega da soberania nacional e da dignidade do povo colombiano em toda a história”.

“Rechaçamos a presença de Hillary Clinton, representante de um governo que continuou a linha anti-democrática e belicista da política exterior estadounidense. (…) Continuaremos trabalhando para que as maiorias nacionais compreendam as nefastas implicações que a atual política de anexação aos Estados Unidos tem para o desenvolvimento do país”, conclui a coalizão.

Com agências