Greve na França inicia luta contra reforma da aposentadoria
Mais de um milhão de pessoas fizeram ontem um dia de greve e de manifestações, na quinta-feira (28), nas cidades francesas contra o plano da administração Nicolas Sarkozy de elevar a idade de aposentadoria, para acima dos atuais 60 anos. Pesquisas mostram que a maioria dos eleitores é contra a reforma.
Publicado 28/05/2010 15:30

Em Paris, nem a expectativa de forte chuva afetou o comparecimento a um grande protesto convocado, pela primeira vez, pelas oito principais centrais sindicais: Confederação Geral do Trabalho (CGT), Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA), Solidários Unitários Democráticos (Solidaires), Federação Sindical Unitária (FSU) e Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos (CFTC).
Atualmente, os franceses que atingem os 60 anos já podem se aposentar, uma conquista obtida durante o governo do social-democrata François Mitterrand, em 1983. Há, porém, vários casos especiais no setor público, para trabalhos considerados mais duros ou para aqueles que começaram a trabalhar na adolescência.
Na média, os franceses se aposentam aos 58,7 anos e as francesas, aos 59,5. Na média da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), essas idades são de 63,5 e 62,3, respectivamente.
Ouvidos moucos
A mídia de direita na França faz ouvidos moucos à repercussão das manifestações nas grandes cidades, dando "vitória" na questão a Sarkozy, que teria segundo ela condições de aplicar mais uma rasteira nos trabalhadores franceses, ampliando a idade de aposentadoria.
O otimismo da direita não se justifica, visto que mais de um milhão de pessoas foram às ruas nas manifestações (a policia falou em 400 mil pessoas), o que ultrapassa o objetivo estabelecido pelas centrais sindicais, que seria o de levar às ruas mais gente que a manifestação de 23 de março, quando cerca de 800 mil trabalhadores (350 mil, segundo a polícia) protestaram por emprego.
"O que acontecer hoje [quinta-feira] será decisivo de como as coisas vão acontecer depois. Eu gostaria de ver a manifestação ultrapassar a mobilização de 23 de março", afirmou Bernard Thibault, líder da Confederação Geral dos Trabalhadores, a maior central sindical que fez parte da organização do protesto.
Da redação, com agências