Colômbia: Candidatos têm mesma visão sobre segurança e Farc
No penúltimo debate antes da eleição de domingo (30/5), os dois candidatos na dianteira na corrida pela presidência da Colômbia – Antanas Mockus, do Partido Verde e Juan Manuel Santos, do Partido Social da Unidade Nacional – apresentaram posições idênticas quanto ao tema de segurança nacional, principalmente no trato com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Os dois estão tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de voto.
Publicado 28/05/2010 11:32
Ambos se mostraram contra o intercâmbio humanitário, ou seja, a troca de reféns por prisioneiros das Farc em prisões colombianas e insistem nas opções da entrega voluntária dos cativos ou na intervenção militar. As Farc ainda mantêm em seus acampamentos 48 reféns, sendo 23 deles policiais ou militares.
“A possibilidade é que a Igreja Católica ou a Cruz Vermelha busquem uma liberação unilateral…Preferia não oferecer nada e manter a filosofia de que é mais importante se preocupar com a próxima centenas de pessoas que podem ser sequestradas do que as que estão nos acampamentos”, afirmou Mockus nesta quinta-feira.
A libertação de Pablo Emilio Moncayo em fevereiro desse ano, após ser mantido refém durante 12 anos, colocou mais uma vez o tema do intercâmbio humanitário no centro do debate político. Após a soltura do cabo do Exército, as Farc se negaram a continuar com a iniciativa, promovida pelo grupo não-governamental Colombianas e Colombianos pela Paz, liderado pela senadora Piedad Córdoba, e exigem a soltura de membros do grupo.
Ex-ministro da Defesa do governo de Álvaro Uribe, Santos sempre rechaçou a troca humanitária . O candidato afirmou que “o acordo humanitário não tem nada de humanitário. As Farc jogam com a dor dos familiares”, disse. Santos ressaltou que o resgate militar e a libertação voluntária são a única saída.
Em contraste com as posições dos líderes das pesquisas, os candidatos do Pólo Democrático, Gustavo Petro e do Partido Liberal, Rafael Pardo, insistiram na via humanitária. “Agora é mais ‘papista’que o próprio Papa. O presidente Uribe já fez libertações unilaterais, mais de 250 pessoas. Abriu as portas. Israel, que é um país mais duro contra o terrorismo, faz trocas de 100, 200, 300 presos por um cadáver. Não sejamos ‘papistas’ como o Papa”, afirmou Pardo, se referindo a Santos.
Bases militares
A luta contra as Farc continuou na discussão do plano de segurança nacional, que incluiu no ano passado a instalação de nova base militar com apoio dos Estados Unidos – iniciativa criticada pela Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
Apesar de não ter mencionado o tema durante o debate de ontem, Mockus já declarou algumas vezes que apoia a instalação das bases – fruto do plano Colômbia, firmado em 2001 entre o ex-presidentes Bill Clinton (EUA) e Andrés Pastrana – apesar de ter contemporizado, dizendo que a não-intervenção em outros países da região deve ser mantida.
Santos defendeu o plano. “A cooperação com os EUA é necessária e o acordo militar não contém nenhuma ameaça contra outros países”, enfatizou. O acordo detonou a atual crise diplomática entre Colômbia e Venezuela, pois o presidente Hugo Chávez, assim como a maioria dos presidentes latino-americanos, viu a iniciativa como uma ameaça à soberania venezuelana e do continente.
O debate, organizado entre o canal RCN Radio y TV, a rádio La Fm e a revista Semana, reuniu também os candidatos Germán Vargas, do Cambio Radical e Noemí Sanín, do Partido Conservador.
Com Opera Mundi