Pedida cassação da deputada do dinheiro na bolsa
Deputada Eurides Brito (PMDB) foi filmada guardando na bolsa dinheiro que recebeu do esquema do ex-governador Arruda (ex-DEM). O esquema foi revelado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora.
Publicado 26/05/2010 11:21 | Editado 04/03/2020 16:42
Em relatório apresentado na tarde de 25 de maio, a deputada Érika Kokay (PT) recomendou a cassação da deputada afastada, Eurides Brito (PMDB). O relatório foi entregue à Comissão de Ética da Câmara Legislativa. Segundo o presidente da comissão, deputado Aguinaldo de Jesus (PRB), o documento será apreciado dia 27.
Eurides guarda a propina
A relatora afirma que há indícios de formação de quadrilha e recebimento de recursos ilícitos por parte de Eurides. Considerou que as diligências e os nove depoimentos colhidos durante o processo continham várias contradições e não mantinham a defesa apresentada pela ex-distrital. Além disso, a perícia da Polícia Federal confirmou a autenticidade das imagens em que Eurides aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa.
Segundo Kokay, não restam dúvidas de que Eurides recebia propina, desde a campanha de 2006, para manter o apoio ao ex-governador José Roberto Arruda e então candidato do DEM ao GDF. A parlamentar foi enquadrada nos crimes de lesão ao erário, formação de quadrilha e improbidade administrativa. A relatora informa que o Ministério Público apurou que a deputada arrudista recebeu R$ 30 mil, pelo menos por 31 meses, e conclama os integrantes da Câmara Legislativa a condenar o “comportamento ilegal, imoral, antiético e indecoroso da deputada Eurides Brito.”
Os advogados de Eurides pediram a extinção ou a suspensão do processo alegando que, como ela foi afastada do cargo, não pode responder nem ser punida por um processo referente ao mandato de parlamentar. Mas Kokay considerou que um crime cometido em um mandato passado não impede de ser investigado em um mandato atual. Se passar pela Comissão de Ética, composta de cinco parlamentares, a cassação será encaminhada para votação no plenário, onde precisará de 13 votos para ser aprovada. Caso Eurides seja cassada, só poderá se candidatar em 2018. Só há um caso de cassação na Câmara Legislativa do Distrito Federal: em 2004 Carlos Xavier perdeu o mandato, acusado de mandar matar, por ciúmes da mulher, um jovem de 16 anos.
Érica Kokay encerra seu relatório de 126 páginas ressaltando “que a população do Distrito Federal será a juíza de nossos atos, e que o voto pelo arquivamento poderá significar a conivência com os crimes que ora combatemos”.
Carlos Pompe, de Brasília