Faltam vagas nos albergues de São Paulo

Com ajuda da polícia militar, vereadores paulistanos constataram a falta de vagas nos albergues de São Paulo. 

Em diligência da Câmara Municipal de São Paulo, vereadores confirmaram que faltam vagas nos insalubres albergues da cidade. Nos dois Centros de “Acolhimento” visitados haviam moradores na porta implorando por um teto para dormir.

São homens, mulheres e crianças em situação de pobreza extrema. Há também trabalhadores que não podendo pagar o caro aluguel de uma casa ou um quarto de pensão, voltam às filas do albergue.

“Toda vez que eu venho, ele (“educador”) me diz que não tem vaga e que tenho que esperar até o fim da noite. Entro muito tarde, cansado, durmo pouco e logo me levanto pra trabalhar”, disse Joaquim Rodrigues Marques, carpinteiro de montagem.

No Centro de Acolhida para Adultos – Sé, também visitado pelos vereadores, há pessoas na fila há três dias, esperando por uma vaga, mas são apenas 60 vagas para homens e 40 mulheres. “Estou sem vaga desde o dia 23 de dezembro e há três dias estou na porta desse albergue buscando uma vaga”, falou Luiz Carlos Campos, entregador de panfletos.

Para o vereador Jamil Murad (PcdoB), “o governo municipal criminaliza os moradores de rua com a argumentação que todos eles são drogados e que gostam de viver na rua, mas o que vimos foi a pobreza extrema dessas pessoas.”

No albergue do viaduto Pedroso, mantido pela Associação Espírita Metodista e conveniado com a Prefeitura de São Paulo, a situação é precária. São 36 mulheres e 224 homens alojados na instituição, porém o coordenador Luiz Wilson Pereira, relatou que em média recebe cerca de 300 pessoas. “Estamos procurando outro lugar para ampliar o número de vagas.”

No alojamento feminino há apenas um vaso sanitário e um chuveiro para todas mulheres; não há ventilação e muito menos condições mínimas de higiene, sendo que são os próprios usuários que realizam a limpeza do local.

“Em uma cidade que tem orçamento de 28 bilhões, é uma vergonha não resolver o problema dos moradores de rua”, argumentou Jamil.

Na cidade de São Paulo há um déficit de mais de 6 mil vagas, do total de 13 mil moradores de rua, segundo último levantamento da Prefeitura de São Paulo.

Vereadores só entraram com ajuda da Polícia Militar

No albergue do viaduto Pedroso, os vereadores esperaram mais de uma hora para adentrar e averiguar as irregularidades. A entrada dos parlamentares só foi possível após a chegada do Major Ricardo e do Soldado Campos que atuam na assessoria militar da Câmara Municipal de São Paulo.

“Somente as pessoas cadastradas podem entrar no albergue, é uma regra da instituição”, afirmou Pereira.

A Secretaria Municipal de Assistência Social informou, entretanto, que a decisão de barrar os vereadores foi da própria instituição.

O presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo acompanhou os vereadores. “É bom estarmos todos aqui para vermos a verdade sobre as condições dos moradores de rua. A Secretaria diz que sobra vagas, e não é essa realidade”, denunciou Robson César Correia de Mendonça.