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Em Seul, Hillary quer resposta dura contra Coreia do Norte

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou na manhã desta quarta-feira (26) a Seul, sendo recebida pelo presidente do país, Lee Myung-Bak. Imediatamente, Hillary afirmou que a "comunidade internacional" precisa dar uma "resposta dura" à Coreia do Norte, pelo suposto afundamento de uma corveta sul-coreana por um torpedo do vizinho do norte.

Hillary chamou de provas "esmagadoras" a conclusão de uma equipe de "especialistas" ocidentais, que disseram ter sido um torpedo norte-coreano o causador do afundamento da corveta Cheonan. "Esta foi uma provocação inaceitável da Coreia do Norte e a comunidade internacional tem uma responsabilidade e um dever de responder", bradou Hillary.

A secretária de Estado dos EUA chega à Seul depois de uma visita de dois dias à China e no dia seguinte ao corte das relações entre as Coreias por parte do governo norte-coreano, em resposta à acusação e às sanções anunciadas por Seul.

China pede calma

A China, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto, reluta em apoiar punições a seu aliado da península.

Nesta quarta-feira, o vice-ministro do Exterior chinês Zhang Zhijun afirmou que seu país ainda está avaliando as informações sobre o incidente. "Sempre acreditamos que o diálogo é melhor do que uma condenação", disse o vice-chanceler.

"A China considera que problemas internacionais e regionais devem ser conduzidos de forma objetiva, justa e baseada em fatos", afirmou também a porta-voz do ministério das Relações Externas chinês Jiang Yu.

"Nas atuais circunstâncias, qualquer medida tomada por qualquer lado pode conduzir à paz e à estabilidade da Península Coreana e não ao contrário", observou

Jiang afirmou que a China sempre teve o compromisso de manter a estabilidade no nordeste da Ásia e na Península Coreana, promovendo a negociação multilateral sobre a desnuclearização da península.

"É melhor manter o diálogo que entrar em uma disputa, e uma situação mais calma é melhor que a de tensão", disse.

"A China é resolutamente contrária a qualquer tipo de comportamento que viole a paz e a estabilidade no nordeste da Ásia", sinalizou.

"Investigação" em segredo

O alto nível de segredo sob o qual a "investigação" internacional foi conduzida revela que Seul não quer que o público tenha acesso a tudo o que foi encontrado e às conclusões relatadas pela equipe internacional.

Desde 2008, a Coreia do Sul perdeu a capacidade de influenciar o Norte, graças à paulatina desativação da cooperação política e econômica com a RPDC por parte do governo direitista que atualmente dirige Seul.

Leonid Petrov, jornalista russo especializado na Península Coreana, acredita que o Sul, com uma economia voltada para a exportação, não tem como manter uma operação militar contra o Norte. "Sendo assim, Seul não vai fazer nada no sentido militar, a resposta 'resoluta' será tomada mais uma vez com sanções econômicas e mais pressão psicológica contra a Coreia do Norte", assinala.

Russos analisarão "provas"

O presidente russo, Dmitri Medviédev, anunciou que enviará à Coreia do Sul uma equipe de especialistas altamente qualificados para analisar os supostos vestígios do naufrágio da corveta sul-coreana Cheonan.

"O presidente russo, em resposta a um pedido da Coreia do Sul, tomou a decisão de enviar a esse país um grupo de especialistas russos altamente qualificados para analisar em detalhes os resultados da investigação e as provas coletadas", informou o governo russo.

"Medviédev considera muito importante estabelecer a razão exata da perda da fragata e revelar com precisão quem tem pessoalmente a responsabilidade pelo ocorrido", completou.

Segundo acusa a Coreia do Sul, um submarino norte-coreano teria disparado um torpedo contra a corveta Cheonan, causando o afundamento do vaso de guerra e a morte de 46 tripulantes, em uma área do Mar Amarelo próxima à divisa com a Coreia do Norte.

Na última segunda-feira, especialistas dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Suécia, contratados pelo governo da Coreia do Sul, disseram que o vestígio de um suposto torpedo conteria provas de que o artefato teria sido fabricado pela Coreia do Norte. Segundo esses especialistas, o tipo de letra utilizado na marcação da série da peça é utilizado por norte-coreanos. A afirmação é contestada por vários especialistas militares.

RPDC destruirá alto-falantes

A Coreia do Norte insistiu na última segunda feira que o Sul deve admitir uma equipe de inspetores norte-coreanos para que verifiquem os vestígios do afundamento da corveta Cheonan. A Comissão de Defesa Nacional (CDN) da RPDC advertiu o Sul que levará em consideração a "fabricação de acusações" de que o Norte teria afundado o navio no dia 26 de março.

Segundo a agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, do norte), um porta-voz da CDN afirmou que "se a Coreia do Sul não tem nada a esconder, então deveria permitir a entrada de nossos inspetores e a participação deles".

A declaração foi feita em seguida à declaração do chefe da administração sul-coreana, Lee Myung-bak, anunciando que Seul havia cortado todo o comércio com Pyongyang.

Guerra psicológica

Em resposta ao anúncio de Seul, de que voltaria a usar armas psicológicas contra o Norte, um comandante militar não identificado da RPDC advertiu que o seu exército disparará contra os meios utilizados. A Coreia do Sul anunciou que reativará sua guerra psicológica na fronteira, reutilizando alto-falantes e cartazes contra os militares da RPDC.

"Se a Coreia do Sul instalar novas ferramentas de guerra psicológica como alto-falantes, e deixar os cartazes com propaganda psicológica, ignorando nossos pedidos, colocaremos essas ferramentas em nossas miras e abriremos fogo para destruí-las", afirmou o militar, que preferiu não se identificar.

“Se os traidores sul-coreanos desafiarem nosso direito de resposta, nós contra-atacaremos com golpes físicos mais poderosos, para eliminar as causas da provocação", disse o comandante à KCNA.

Demonstrando insatisfação com a resposta norte-coreana, o ministro da Defesa do Sul, Kim Tae-young, afirmou para deputados em Seul que "se o Norte destruir nossas armas psicológicas, abrindo fogo contra elas, nós contra-atacaremos imediatamente".

O ministro da Defesa afirmou também que as operações psicológicas já tiveram início, com a transmissão por rádio na frequência modulada (FM). O uso de enormes alto-falantes na fronteira, dirigidos contra os militares da RPDC, terá início em duas semanas e outdoors eletrônicos com propaganda anti-norte-coreana serão instalados e acionados em até quatro meses.

Os alto-falantes estiveram no fronte da guerra psicológica conduzida pelo Sul contra a RPDC durante anos, quando um acordo entre as duas partes, fechado em 2004 logo em seguida ao tratado Inter-Coreano, fez com que fossem desativados.

Dezenas de aparelhos, cada um com 24 alto-falantes, permaneciam 24 horas por dia em funcionamento, divulgando propaganda contra a RPDC. O som podia ser ouvido de 10 a 12 quilômetros de distância, às vezes a 24 km, durante a noite. O ruído causa estresse psicológico e danos à audição de pessoas e animais que estejam a pouca distância.

Da redação, com agências