O Exército Vermelho e o fim da Segunda Guerra Mundial
Em 1987 na qualidade de reitor da UERN fui convidado e aceitei participar de uma solenidade na Embaixada da União Soviética. Era um evento comemorativo aos 70 anos da Revolução Socialista de 1917. A festa foi em Brasília, além do corpo diplomático, autoridades e convidados de toda parte do Brasil estavam presente, foi um acontecimento histórico, para mim, de um significado extraordinário.
Publicado 25/05/2010 10:53 | Editado 04/03/2020 17:08
A Revolução Socialista de 1917 tirou a Rússia de um estágio semifeudal para o topo dos países líderes do mundo, avançando de forma admirável em todos os setores da atividade humana, transformou a Rússia em uma das grandes potências do mundo, rivalizando com os Estados Unidos, que após a Segunda Guerra Mundial tomou o lugar da Inglaterra na liderança do mundo capitalista.
Em 1939, na eclosão da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética estava apenas com 22 anos do novo regime implantado pela Revolução Socialista de 1917, iniciando os primeiros passos na organização do novo sistema econômico e de governo, enfrentando internamente uma oposição financiada pelo mundo capitalista. Oposição essa atrelada aos governos colonialistas europeus, além de uma campanha midiática violenta das forças reacionárias em todo o mundo, principalmente dos EUA.
Mesmo assim, a União Soviética avançou e como avançou, transformou-se em uma potência militar, educacional, industrial, esportiva, cultural, cresceu na área da ciência e de tecnologia tornando-se pioneiro na corrida espacial. A consolidação do socialismo na Rússia era um temor para o sistema capitalista, era uma ameaça.
Uma prova desse avanço e das transformações ocorridas na antiga Rússia com a Revolução Socialista de 1917 foi à participação do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial. Foi uma participação decisiva para a vitória contra o nazifascismo. Sem os soldados russos e a resistência heróica do povo soviético o final da guerra seria imprevisível e teria demorado mais. Mas, isto custou à vida de milhões de soviéticos.
No mês de maio desde ano (2010) precisamente no dia 9, comemoramos os 65 anos da queda de Berlim com a chegada do Exército Vermelho na capital alemã, fato histórico enaltecido pelos líderes dos países aliados, todos eles realçaram este fato como sendo o momento crucial na derrota das forças comandadas por Hitler.
Vitória, essa, iniciada com a resistência heróica de Stalingrado, cidade símbolo da força de um povo contra a violência de um governo imperialista que desejava conquistar o mundo impondo a sua vontade. Stalingrado é uma das batalhas mais sangrenta da Segunda Guerra, 800 mil soldados alemães são mortos e mais de 1 milhão de soviéticos, a cidade ficou arrasada com o cerco das tropas alemães durante 6 meses.
A BBC de Londres terminava todas as noites as suas transmissões dizendo “Stalingrado resiste, Stalingrado não caiu”. Com a vitória de Stalingrado, sendo a primeira derrota do poderoso Exército Alemão e, a batalha de Kursk começou a virada das forças democráticas contra a empáfia nazista.
O nazifacismo foi estimulado pela direita anticomunista, contando com o apoio e a simpatia das potências capitalistas e da Igreja Católica que desejavam destruir a União das Repúblicas Socialistas Soviética.
Aos 65 anos da tomada do Reichstag, Berlim 1945, pelo Exército Vermelho e do fim da Segunda Grande Guerra Mundial, essa história começa a ser recontada.
As potências capitalistas tentam valorizar o desembarque da Normandia como sendo o inicio do fim da Segunda Guerra Mundial, essa história necessita de uma analise correta, contando a versão verdadeira. Sabemos que a história é cheia de versões manipuladas de acordo com o interesse dos vencedores, geralmente cheia de inverdades.
Na verdade, o Exército Vermelho comandado por Joseph Stálin foi o grande responsável pela derrota do Exército Nazista. Os comunistas se orgulham desse fato, dessa história, fato que representou um grande sacrifício para o povo soviético, não só do ponto de vista humano, 25 milhões de mortos, mas, também, do ponto de vista material, a Rússia foi o país que mais sofreu com a destruição das suas cidades e, após o conflito não recebeu ajuda de ninguém para sua reconstrução.
Nos anos 90 do século passado, o sistema socialista do leste europeu entrou em colapso em conseqüência da guerra fria, da intensa propaganda anticomunista e do “fascínio” do consumismo capitalista. As conquistas da classe trabalhadora foram de água abaixo, resultando na maior crise já vivenciada pelos partidos comunistas em todo mundo. A década de 90 é considerada pelos comunistas como a década perdida.
Hoje, com o passar do tempo, com a crise do neoliberalismo e as crises cíclicas do capitalismo, a esquerda se recupera, o socialismo volta a ser a esperança de um novo mundo. A China, o Vietnã, a Coreia do Norte e Cuba resistem, surge na America Latina à nova esquerda, que não renega o seu passado e busca a construção do novo socialismo baseado nos princípios inseparáveis de socialismo e democracia.
Durante algum tempo a vitória salvadora do Exército Vermelho contra o nazifacismo foi esquecida, Stalin, herói desta vitória, foi transformado em vilão.
Mas, como dizia Bertoldo Brecht, “a verdade é filha do tempo e não da autoridade”. No dia 9 de maio de 2010, nas comemorações dos 65 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a verdade começa a ser revivida, o Exercito Vermelho é lembrado como o grande vitorioso na defesa da democracia, na luta contra o nazismo.