Ao fazer 93 anos, Júlio Romão recebe homenagem de Osmar Júnior
Neste sábado (22), uma dos maiores expoentes da literatura e dramaturgia piauiense completa 93 anos. Júlio Romão da Silva nasceu no Piauí, mas é radicado no Rio de Janeiro, onde ganhou cidadania e o nome de uma das ruas do bairro Méier.
Publicado 22/05/2010 07:37 | Editado 04/03/2020 17:01
Hoje, aposentado, o escritor vive em Teresina e é um memorável filiado do PCdoB-PI, que serve como exemplo de força e inspiração aos demais militantes. Reconhecendo a importância artística e política de Júlio Romão, o deputado federal Osmar Júnior se pronunciou, na última semana, no parlamento da Câmara Federal em homenagem ao aniversário do também ex-jornalista. Exaltando suas qualidades e feitos, o deputado deixou registrado mais um ano de vida desse autêntico representante das minorias que chegou além dos limites impostos pelos censuradores e ditadores da ordem vigente na época.
Confira na íntegra o discurso do deputado:
Enquanto estudante, foi marceneiro em Teresina e depois em São Luis do Maranhão. O contato com as letras se deu inicialmente com um jornal experiência: ‘O Artífice’, fundado em 1932, no antigo Liceu Industrial de Teresina, onde se formou. Depois lançou o jornal ‘O Eco’, onde expôs suas idéias renovadoras sobre a poesia e romance regionais.
Em 1937, migrou para o Rio de Janeiro e, sem qualquer ajuda financeira, enfrentou dificuldades extremas, mas nunca desistiu de estudar. Na então capital federal, fez o curso ginasial no Colégio Matos e cursou Comunicação Social na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
Iniciou a carreira jornalística como revisor do Jornal do Comércio, exercendo o ofício de jornalista por mais de quarenta anos, trabalhando em importantes veículos da imprensa carioca, como Correio da Manhã, Diário Carioca e a Revista da Semana. Ainda no Rio de Janeiro fundou o jornal Terra Mafrense, que divulgava os fatos e coisas do Piauí.
Do jornalismo passou a literatura. Com 42 obras literárias publicadas, algumas traduzidas para o espanhol, Júlio Romão é membro da Academia Piauiense de Letras e já foi indicado por mais de uma vez para a Academia Brasileira de Letras.
Em 1950 passou a atuar no serviço público. Foi chefe do setor de Publicidade do Conselho Nacional de Geografia; assessor do Presidente da Comissão Federal de Abastecimento e Preços; diretor do Departamento de Geografia e Estatística da Prefeitura do Distrito Federal. Durante o governo Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro, Júlio foi responsável pelo levantamento da estatística econômica e pela política administrativa do estado da Guanabara.
O Rio de Janeiro reconheceu o trabalho de Júlio Romão concedendo-lhe cidadania carioca e dando seu nome a uma das ruas do bairro Méier, na capital daquele Estado, através do projeto de Lei n° 2.158 de 1966.
Júlio Romão é um importante escritor vivo da história brasileira. Este piauiense atuou em um cenário político de governos centralizadores e de uma cultura de contestação intensa presente na literatura, música, teatro e no jornalismo. A história de Júlio Romão possui episódios de embate com o regime ditatorial e de auto afirmação como negro em uma sociedade racista.
Em 1988, Romão voltou a residir em Teresina, após 53 anos no Rio de Janeiro. Hoje, Júlio Romão da Silva é aposentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É membro da Sociedade Brasileira de Geografia e da Associação Brasileira de Geografia e da Associação Brasileira de Imprensa e ainda escreve artigos para jornais e tem projetos de escrever novos livros.