Acordo sobre transferência de urânio do Irã será ampliado
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse nesta terça-feira (18) que o acordo sobre a transferência de urânio do Irã deve ser ampliado. Segundo ele, questões como a manutenção do direito ao enriquecimento a 20% do produto devem ser abordadas em uma segunda etapa das negociações. Para Garcia, é necessário considerar que houve um avanço e foi negociado um crédito de confiança entre o Irã a comunidade internacional.
Publicado 18/05/2010 18:42
“Nós vamos ter que ver com calma, até porque, entre outras coisas, o enriquecimento de urânio [a 20%, em território iraniano] não é proibido”, disse Garcia, que participou da 6ª Cúpula União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri. “O que nós procuramos foi criar a confiança. E eu acho que a relação que o Irã estabeleceu com a Turquia e o Brasil foi isso: uma relação de confiança.”
O assessor ressaltou que há um clima de “enfrentamento” envolvendo o Irã e parte da comunidade internacional em decorrência da pressão exercida pelos Estados Unidos em favor da imposição de sanções econômicas contra os iranianos.
Apesar do acordo, firmado segunda-feira (17), no qual o Irã se compromete a transferir o urânio levemente enriquecido a 3,5%, para a Turquia, recebendo, em troca, o produto enriquecido a 20% – em um prazo de até 12 meses – os estadunidenses mantiveram as ameaças.
“O que nos interessa é o apoio que teve essa negociação, tal como ela se colocou, de países importantes como a China, a França e a Rússia”, disse Garcia. “Isso não termina agora, nós tivemos muita paciência. Nós começamos a nos preocupar em setembro do ano passado, quando o presidente Lula encontrou o presidente do Irã [Mahmoud Ahmadinejad], na Assembleia das Nações Unidas.”
Segundo Garcia, é necessário observar o acordo como um todo, as consequências práticas do que foi negociado e seus efeitos. “Temos que tirar as consequências práticas. Quem vai enriquecer [o urânio], como vai enriquecer e se tem algum problema do ajuste do enriquecimento às centrais iranianas não é um problema fácil. Mas a coisa mais difícil, no entanto, era chegar a um acordo”, disse.
Pelo acordo, o documento será submetido à análise da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Também vão avaliar o documento a Alemanha e o Japão. O governo iraniano tem uma semana para informar a todos sobre o acordo. A ideia é depositar o urânio na Turquia e há possibilidade de utilizar as tecnologias russa e francesa para o enriquecimento do produto.
Da redação, com informações da Agência Brasil