Dilma defende manutenção das políticas afirmativas e de cotas
Em encontro com negros e negras do PT, em Brasília, a pré-candidata Dilma Rousseff, defendeu a manutenção das políticas afirmativas e de cotas. Segundo ela, nos últimos anos o governo teve grandes avanços nesse campo, mas é preciso avançar. Dilma contou que, pouco antes do início do evento, conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ele revelou que o próximo navio a ser lançado no Brasil se chamará Zumbi dos Palmares.
Publicado 15/05/2010 11:36
Representantes da cultura religiosa africana levaram Dilma ao palco do evento. “Foi uma cerimônia de matriz africana que busca com carinho dar energia boa para a pré-candidata”, disse Célia Gonçalves, a Macota, coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab). “Na visão de mundo africana, a mulher é o princípio do mundo." Antes dos discursos, o cantor de rap Gog, do Distrito Federal, cantou duas músicas do seu repertório.
“O que nos une é o compromisso de que vamos continuar fazendo políticas afirmativas e de cotas, queiram eles ou não. Quando tiramos 24 milhões da miséria, sabemos que outros ficaram na miséria e na pobreza e que temos que assumir compromisso com o fim da miséria nessa década", afirmou Dilma. "Entre os pobres está um contingente enorme da população negra e isso nós não podemos aceitar.”
Ela disse que se emocionou com a recepção especial e ficou profundamente tocada com a questão mítica da criação do mundo pela mulher, segundo as tradições africanas. “Fico emocionada porque tive aqui uma recepção fantástica e que me comoveu muito. Quero agradecer a vocês pela beleza do ritual que vivi aqui. Sobretudo me tocou profundamente a questão mítica da criação do mundo”, contou.
A petista disse ainda que o governo tem que ter mais negros em carreiras importantes, como a de diplomatas. “Nós temos que ter mais negros no Itamaraty. Esse é um compromisso do governo Lula, porque esse é um governo que fez uma política mais afirmativa em relação à África. Esse era um país que estava virado de costas para a África”, lembrou.
No Brasil, ressaltou Dilma, ainda resistem preconceitos por conta da herança deixada pela escravidão. “A escravidão marcou profundamente nossa História, deixou no Brasil a marca indelével de que esse país foi palco de uma das maiores diásporas, movida a grilhões", discursou. "Isso ainda caracteriza um aspecto de injustiça, que nós aqui temos compromisso de eliminar, de exclusão social. Apesar do término da escravidão, [a exclusão] permaneceu no Brasil, o que afeta as pessoas pobres e mantém o traço de discriminação e racismo.”
Fonte: Dilma na Web