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Juiz que prendeu Pinochet na Espanha é suspenso

O Conselho Geral do Poder Judicial espanhol decidiu suspender o juiz que tentou investigar os crimes do franquismo. Baltazar Garzón foi acusado por associações de extrema-direita de "prevaricação" ao abrir investigações aos crimes cometidos durante a guerra civil e o período de ditadura franquista. Segundo a direita espanhola, que apoia a suspensão do juiz, Garzón teria desrespeitado a lei da Anistia, de 1977.

A investigação de Garzón foi apoiada internacionalmente pelas associações de direitos humanos, que defendem a primazia do direito internacional quando se trata de crimes contra os direitos humanos.

Com a abertura do inquérito, Baltazar Garzón pode estar sujeito a uma pena de até 20 anos de impedimento nas funções de juiz, o que significaria na prática o fim da sua carreira.

Dezenas de personalidades da Justiça expressaram apoio a Garzón, presentes à audiência que decidiu a sua suspensão. Antes, Garzón interpôs um recurso pedindo a anulação contra o auto de abertura do processo, que se for aceito anulará as queixas apresentadas pela extrema-direita. No entanto, o recurso não tem efeitos suspensivos.

O próximo destino apontado ao juiz que investigou os crimes de Pinochet é a cidade de Haia, para desempenhar um cargo de assessoria externa no Tribunal Penal Internacional.

"As lágrimas do juiz Garzón são hoje minhas lágrimas", disse o escritor e Nobel de literatura José Saramago.

Em um texto escrito em sua página na web, o literato diz que se há alguns anos a condenação de Pinochet foi "uma das maiores alegrias" de sua vida, a suspensão de Garzón "por juízes que nunca processaram Pinochet nem ouviram as vítimas do franquismo" é uma das notícias "mais tristes e desesperançosas" que recebeu.

Assim como Saramago, também falou hoje de "retrocesso" Roberto Garretón, advogado chileno especializado em causas de direitos humanos, que opinou que a decisão do CGPJ significa uma "frustração para as vítimas e um triunfo claro do fascismo espanhol, que pôs em marcha esta maquinaria para se desfazer de Garzón", segundo disse à Efe.

Da redação, com agências