Fidel: A tirania odiosa imposta pelo imperialismo ao mundo
Nossa época caracteriza-se por um fato que não tem precedentes: a ameaça à sobrevivência da espécie humana imposta pelo imperialismo ao mundo. A dolorosa realidade não deveria surpreender a ninguém. Ela foi vista chegando a passos acelerados nas últimas décadas, a um ritmo difícil de imaginar.
Por Fidel Castro, no Granma
Publicado 10/05/2010 11:54
Isto significa que Obama é responsável ou promotor dessa ameaça? Não! Demonstra simplesmente que ignora a realidade e não quer, nem poderia, superá-la. Bem mais sonha coisas irreais num mundo irreal. "Ideias sem palavras, palavras sem sentido", como expressou um brilhante poeta.
Ainda que o escritor norte-americano Gay Talese, considerado um dos principais representantes do novo jornalismo, tenha assegurado em 5 de maio – segundo informa uma agência de notícias europeia – que Barack Obama encarnava a melhor história dos Estados Unidos no último século, o que se poderia compartilhar em alguns aspectos, isso em nada altera a realidade objetiva do destino humano.
Ocorrem fatos como o desastre ecológico que acaba de se produzir no Golfo de México, que demonstram o quão pouco podem os governos contra os que controlam o capital, que, tanto nos Estados Unidos como na Europa, são, por meio da economia em nosso planeta globalizado, os que decidem o destino dos povos.
Tomemos como exemplo as medidas que partem do próprio Congresso dos Estados Unidos, publicadas pelos meios de comunicação mais influentes desse país e da Europa, tal como têm sido divulgadas pela Internet, sem alterar uma palavra:
"A Rádio e TV Martí mentem ao difundir informações sem fundamento, reconhece um relatório da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, que recomenda que ambas as estações sejam retiradas definitivamente de Miami e relocalizadas em Washington para se integrarem plenamente ao aparelho propagandístico "Voz da América".
"Além de enganar a seu público (…) ambas as emissoras usam uma linguagem ofensiva e incendiária que as desqualificam."
"Depois de 18 anos, Rádio e TV Martí falharam em penetrar de maneira sensível na sociedade cubana ou influenciar ao governo cubano…"
"O relatório divulgado nesta segunda-feira recomenda fundir o Escritório de Transmissões para Cuba (OCB) – por suas siglas em inglês – com a Voz da América, a rádio oficial de propaganda do governo dos Estados Unidos. 'Problemas com o respeito das normas jornalísticas tradicionais, uma audiência minúscula, interferências radiais pelo Governo cubano e alegações de nepotismo e amiguismo têm afetado o programa desde o principio', reconhece a Comissão presidida pelo Senador democrata John Kerry."
"O comitê recomenda tirar urgentemente as duas estações de Miami, sublinhando a necessidade de contratar de maneira mais equilibrada o pessoal para conseguir um produto despolitizado e profissional, avaliam os senadores".
"O relatório Kerry faz referência a Alberto Mascaró, sobrinho da esposa de Pedro Roig, Diretor Geral da Rádio e TV Martí, que foi contratado -graças a seu parente- como diretor do serviço latinoamericano da Voz da América".
"O documento reporta detalhadamente como, em fevereiro de 2007, o ex-dretor da programação da TV Martí, conjuntamente com um parente de um membro do Congreso confessaram sua culpabilidade em uma corte federal,por ter recebido cerca de 112 mil dólares em comissões ilegais de parte de um contratista da OCB. O ex empregado da OCB foi sentenciado a 27 meses no cárcere e a pagar uma multa de 5 mil dólares por haver desviado 50% de todo o dinheiro pago pela TV Martí para a produção de programas pela assinatura Perfect Image." Até aqui vai o artigo de Jean Guy Allard reproduzido no site da Telesur.
Outro artigo, dos professores norte-americanos Paul Drain e Michele Barry, da Universidade de Stanford (Califórnia), publicado site de internet Rebelión, informa:
"O bloqueio comercial usamericano contra Cuba, promulgado após a revolução de Fidel Castro derrocar o regime de Batista, atinge seus 50 anos em 2010. Seu objetivo explícito tem consistido em ajudar ao povo cubano a atingir a democracia, mas um relatório de 2009 do Senado dos EUA concluiu que o bloqueio unilateral contra Cuba tem fracasado."
"…Apesar do bloqueio, Cuba tem obtido melhores lucros sanitários que a maior parte dos países latino-mericanos, comparáveis aos da maioria dos países desenvolvidos. Cuba tem a esperança média de vida mais alta (78,6 anos) e a maior densidade de médicos per capita, 59 médicos por 10 militantes, bem como as taxas mais baixas de mortalidade em menores de um ano (5,0 por cada mil nascidos vivos), e de mortalidade infantil (7,0 para cada mil nascidos vivos), entre os 33 países latino-americanos e do Caribe.
"Em 2006, o governo cubano destinou 355 dólares per capita à saúde (…)O custo sanitário anual destinado a um cidadão de USA foi, nesse mesmo ano, de 6 714 dólares (…) Cuba também destinou menos fundos à saúde que a maioria dos países europeus. Mas os baixos custos em cuidados sanitários não explicam os sucessos de Cuba, que podem ser atribuídos ao maior cuidado na prevenção da doença e nos cuidados sanitários primários, coisas que a ilha tem cultivando durante o bloqueio comercial usamericano".
"Cuba possui um dos sistemas de cuidados sanitários primários preventivos mais avançados do mundo. Mediante a educação de sua população na prevenção da doença e na promoção da saúde, os cubanos dependem menos dos produtos médicos para manter sã sua população. O contrário sucede nos EUA, que dependem enormemente de provisões médicas e tecnologias para manter sã sua população, mas a um custo econômico muito elevado."
"Cuba tem as taxas mais altas do mundo de vacinação e de partos atendidos por experientes trabalhadores sanitários. Os cuidados asistenciais dispensados nos consultorios, as policlínicas e os maiores hospitais regionais e nacionais são gratuitos para os pacientes…"
"Em março de 2010, o Congresso dos EUA apresentou um projeto de lei para fortalecer sistemas sanitários e ampliar o envio de trabalhadores sanitários experientes a países em via de desenvolvimento (…) Cuba também segue enviando médicos para trabalhar em alguns dos países mais pobres do planeta, uma prática que se iniciou em 1961."
"Na frente norte-americana interior, dado o recente impulso em apoio de uma reforma sanitária, existem oportunidades de aprender com Cuba válidas lições sobre como desenvolver um sistema sanitário verdadeiramente universal, que ponha ênfase nos cuidados primários. A adoção de algumas das políticas sanitárias mais exitosas de Cuba poderia ser o primeiro passo para uma normalização das relações. O Congresso poderia encarregar ao Instituto de Medicina que estudasse os sucessos do sistema sanitário cubano e como iniciar uma nova era de cooperação entre os cientistas norte-americanos e cubanos."
Por sua vez, o portal de notícias Tribuna Latina publicou recentemente um artigo sobre a nova Lei de Imigração no Arizona:
"Segundo uma pesquisa que publica a corrente CBS e o diário The New York Times, 51% dos entrevistados considera que a lei possui o enfoque adequado em respeito à imigração enquanto 9% considera que se deveria ir ainda mais longe nesta matéria. Em frente a eles, 36% considera que o Arizona foi longe demais."
"…dois em cada três republicanos respaldam a medida (…) enquanto só 38% dos democratas se mostra a favor da lei…"
"Por outra parte, um de cada dois reconhece que é muito provável que, como consequência desta norma, se prenda pessoas de determinados grupos raciais ou étnicos com mais frequência que outras, e 78% reconhecem que a lei suporá um maior ônus para a Polícia".
"Assim mesmo, 70% consideram provável que, como consequência desta medida, o número de residentes ilegais e a chegada de novos imigrantes ao país se reduza…"
Na quinta-feira, 6 de maio de 2010, sob o título de "Arizona: Um morto de fome com ínfulas", publicou-se um artigo da jornalista Vicky Peláez em Argenpress, que começa recordando uma frase de Franklin D. Roosevelt: "Lembra-te, lembra-te sempre, que todos nós somos descendentes de imigrantes e revolucionários."
É um documento tão bem elaborado que não quero concluir esta Reflexão sem o incluir.
"As marchas massivas deste 1 de maio, em repudio à nefasta lei antiimigrante aprovada no Arizona, estremeceram toda a América do Norte. Ao mesmo tempo, milhares de estadunidenses, políticos, juristas, artistas, organizações cívicas exigiram ao governo federal declarar inconstitucional a lei SB1070 que tem semelhança com leis da Alemanha nazista ou da África do Sul em tempos do apartheid".
"No entanto, apesar da forte pressão contra a nefasta lei, nem seu governo, nem os 70% dos habitantes desse Estado querem aceitar a gravidade da situação que criaram para usar os indocumentados como culpados da severa crise econômica que estão atravessando. Enquanto pedem dinheiro a Barack Obama para pagar 15 mil polciais, estão radicalizando sua política racista. A governadora Jan Brewer declarou que a imigração ilegal implica no aumento do crime e no surgimiento do terrorismo no Estado".
"Igualar os indocumentados com terroristas autoriza à polícia disparar contra pessoas só pela cor de sua pele, por sua vestimenta, pelo que levam nas mãos ou até por sua forma de caminhar. Sem dúvida alguma, afetará também aos 280 mil americanos nativos que vivem marginalizados e em extrema pobreza como a outras minorias, além dos hispânicos, que encontraram refúgio e o trabalho nesta zona árida dos EUA".
"Seguindo o republicano Pat Buchanan, que diz que 'os Estados Unidos devem fortalecer mais a cruzada pela libertação da América do Norte das hordas bárbaras de famintos estrangeiros portadores de doenças exóticas', a governadora Brewer, após investir contra diaristas sem documentos, operários de construções, empregadas domésticas, jardineiros, trabalhadores da limpeza, processou sau campanha contra os professores de origem hispano.
"De acordo com seu novo decreto, os profesores com sotaque forte não poderão ensinar nas escolas. Mas ainda não é aí que termina sua cruzada, porque a "limpeza étnica", em todos os tempos históricos, sempre foi acompanhada pela ideologia. Desde agora, os "estudos e projetos étnicos" ficam abolidos nas escolas. Também proíbem o ensino de temas que podem promover ressentimento para uma raça ou classe social. Isto implica politizar o conhecimento, convertendo os mitos criados pelo sistema norte-americano em realidade. Também significa desterrar os pensadores mais respeitados dos EUA, como Alexis de Tocqueville, que dizia, em 1835, que "o lugar onde um anglo-americano põe sua bota vira para sempre seu. A província de Texas, contudo, ainda pertence aos mexicanos, mas em breve não terá mais nenhum mexicano ali. E assim se passará com qualquer lugar'".
"A única consciência dos racistas é o ódio e a única arma para vencê-lo é a solidariedade dos homens. Este estado já foi vencido quando se negou a dar feriado no dia de Martín Luther King, o boicote foi sólido e contundente…"