Amorim visita Irã e reitera direito à indústria nuclear pacífica
Por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se reúne amanhã (27) com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O objetivo é reiterar o apoio do governo do Brasil aos esforços por um acordo negociado para evitar sanções aos iranianos em decorrência de seu programa nuclear.
Publicado 26/04/2010 13:59
Diplomatas que acompanham as conversas de Amorim em Teerã informaram à Agência Brasil que foram positivas e fundamentais as reuniões das quais Amorim participou hoje (26) com presidente do Parlamento, Ali Larijani, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, o secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Said Jalili.
Na semana passada, Lula definiu como estratégia a visita de Amorim à Turquia, à Rússia e ao Irã. No próximo dia 15, o presidente irá a Teerã. Porém, ele considera fundamental manter antecipadamente uma série de reuniões diplomáticas em favor de negociações que impeçam sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear.
No fim de semana, Amorim conversou com o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davotoglu. Ao final da conversa, o chanceler brasileiro afirmou que: “É muito importante alcançar uma solução pacífica e negociada para esse tema. Ainda acredito que isso seja possível. Não é fácil, mas é possível”.
No último dia 19, Davotoglu ao visitar Teerã reafirmou o objetivo de seu governo em contribuir com um acordo que evite sanções ao Irã. Na conversa com Amorim, ambos discutiram as alternativas possíveis que visam a aumentar a confiança das partes em torno da proposta de troca de urânio enriquecido por combustível para o reator de pesquisa de Teerã e sobre formas de reativar o processo negociador sobre o tema.
Porém, aumentam as pressões internacionais lideradas pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para aprovar, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), medidas punitivas contra o Irã. De acordo com integrantes do governo Obama, o programa nuclear do Irã mantém de forma secreta a fabricação de armas atômicas. O presidente Ahmadinejad nega as suspeitas.
A campanha capitaneada pelos Estados Unidos conta com o apoio da Inglaterra, França e Alemanha. Recentemente, a Rússia demonstrou ser favorável ao que chamou de sanções inteligentes. A China resiste. Os cinco países são membros permanentes do conselho e têm direito a voto. A expectativa é de que as discussões no órgão ocorram em maio.
Irã louva mediação brasileira
Após o encontro com Amorim, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na questão do programa nuclear de Teerã. O parlamentar, citado pela agência de notícias local "Mehr", não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.
Amorim, por sua vez, manteve a postura do Governo brasileiro e insistiu que Brasília apóia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos.
O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito. "O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas", disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.
Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano. A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou hoje a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é "simples". "Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos", criticou.
Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas brasileiras.
Com agências