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Revista A Rede: A palavra livre do hip-hop

Movimento lança mais um livro onde reúne textos de colaboradores via internet.    Por: Thiago Vaz

ARede nº57 abril/2010 – Depois do sucesso do Hip Hop a Lápis, O Livro, lançado em 2002 – quando dois mil exemplares se esgotaram, em três meses – acaba de sair Hip Hop a Lápis II, Literatura do Oprimido. As duas publicações, editadas pelo Ponto de Cultura Hip Hop a Lápis, de São Paulo (SP),  são coletâneas de autores ligados ao movimento. Nesta segunda edição, porém, em vez do material ser produzido especialmente para o livro impresso, foram reunidos 80 textos de 60 autores que ao longo dos últimos anos postaram suas ideias e mensagens no site do Portal Vermelho.

Lançado durante o Encontro da Nação Hip Hop Brasil, que aconteceu em fevereiro, em Santos (SP), o livro traz opiniões, impressões, e reflexões de pessoas com formação diversificada – artistas, acadêmicos, fãs, entre outros. As ilustrações são do grafiteiro Thiago Vaz. E todos os envolvidos na produção têm um ponto em comum: a paixão pelo hip hop. Um recado da revisora Lucilia Ruy, logo nas primeiras páginas, já deixa claro que a obra, além de um registro, representa também uma forma de consolidar a cultura hip hop: “Não mexi muito porque a linguagem deve ser preservada. As pessoas precisam saber que o pessoal do movimento hip hop sabe escrever português, mas faz questão de usar sua própria linguagem”.

O editor Toni C., DJ, produtor documentariasta e organizador do ponto de cultura, explica o porquê do subtítulo desta edição: “Acredito que existe, sim, a cultura do oprimido na literatura. A pessoa pobre já é oprimida pelo descaso na educação: muitos não sabem ler e quando sabem, não têm dinheiro para comprar livros. Quando o cara tem o dinheiro, se sente oprimido porque entra na livraria e se depara com aquele montante de livros que nem sabe por onde começar”.

Foi a internet que permitiu a elaboração de um livro com tamanha diversidade. Pessoas de diferentes meios culturais e profissionais – estudantes, músicos, advogados, professores –, vivendo em diferentes locais e escrevendo em diferentes tempos. Um dos destaques é a autora Silva Lorenso, moradora do Morro do Papagaio, na Barragem Santa Lúcia, em Belo Horizonte (MG). Mestranda em Linguística e Semiótica pela Universidade de São Paulo, ela viajou para os Estados Unidos como bolsista e fez um registro no site, com grande emoção, do exato momento em que viu os nomes Malcom X e Martin Luther King nas placas de identificação das principais Avenidas do Harlem.  “Isso, pra mim, não tem preço”, conta Toni C.

O Hip Hop a Lápis continua aberto a colaboradores, no site Vermelho. Toni C. Está confiante na sequência da iniciativa: “Toda semana tem um texto novo, de um novo colaborador, escrevendo uma nova história, para gerar uma nova publicação. Quem sabe você que está lendo essa reportagem não pode ser autor do próximo livro?”.

www.vermelho.org.br/hiphop