Aniversário de Brasília: cidadãos vão a festa e debatem crise

Com programação variada, os brasilienses escolhem os eventos que querem acompanhar. Veículos de imprensa tentam passar a imagem de que a população quer separar a política da festa do aniversário. Para Leandro Cerqueira, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) do Distrito Federal, o momento é de comemorar o marco histórico do aniversário de 50 anos de Brasília, mas também de refletir os rumos da capital.

"Temos que valorizar o marco histórico de 50 anos da capital federal construída no centro-oeste brasileiro, mas também é um momento de refletir os desafios para a construção de um novo Distrito federal, mais democrático. Temos que debate ro desenvolvimento econômico da capital federal, é preciso garantir os direitos oficiais do povo e combater as desigualdades sociais, o desemprego para melhorar as condições de vida do povo", defendeu a jovem liderança.

O estudante Túlio Silva, que há alguns anos faz questão de prestigiar o aniversário da cidade, disse que crises políticas não são restritas à capital. Segundo ele, a comemoração de hoje diz respeito aos 50 anos da construção de Brasília, e não pode ser boicotada por nenhum ativismo político. “Quem quer mudar uma cidade precisa gostar dela. Para corrigir a questão política, que é preocupante, é preciso que a população tenha carinho por Brasília. Por isso acho que todos devem vir comemorar o cinqüentenário”, disse.

Para garantir este misto de comemoração e reflexão, os movimentos sociais em Brasília organizaram uma tenda “Brasília outros 50”, onde ocorrem shows, mostra de filmes, atividades culturais variadas e debates e palestras.

Foto: Agência Brasil

Cerimônia de Troca da Bandeira, na Praça dos Três Poderes

"Poderia ser melhor"

Embora as declarações de cidadãos publicadas pelo IG Brasília, por exemplo, indiquem que a população prefere separar a festa da política, o próprio veículo é obrigado a admitir a interferência da crise política na organização do aniversário de Brasília, pois, apesar de prestigiada, a festa sofreu com a desorganização e cortes no orçamento devido à crise desencadeada pelo chamado Mensalão do DEM. Na visão do estudante Rodrigo Alves, o aniversário de 49 anos até agora se mostrou melhor que o dos 50.

“Esse ano poderia ser melhor, queria muito ver o U2, que não vem devido a corrupção toda que aconteceu. Mas, acho que não podemos misturar a política com o aniversário da cidade. Nós ainda temos o ano inteiro para tentar resolver a crise que se abateu no Distrito Federal”, disse.
Apesar de algumas opiniões rumassem para esta separação entre a crise e o aniversário, houve quem aproveitasse o evento para manifestar, como o grupo que exibiu uma faixa com os dizeres “Brasília 50 anos – para comemorar, soltaram a quadrilha”, exibida em frente à comitiva do governador, que passava atrás da faixa no momento em que a foto foi batida por fotógrafo da
Na parte da manhã, a principal atração, que trouxe à esplanada diversos casais com filhos pequenos foi um desfile dos personagens de Walt Disney. Apesar da atração, nem todos ficaram felizes com o resultado.

Como o público estava grande, muita gente só conseguiu ver de relance seus personagens preferidos. O representante comercial Belmiro Amaro fez críticas à organização do evento. “Quase não conseguimos ver o desfile, trouxe meus filhos, ficamos no sol e não vimos quase nada. Deveriam ter colocada uma arquibancada ou coisa parecida para que todos pudessem ver. É uma pena que isso aconteceu”.

Ele também reclamou da falta de panfletos divulgando a programação do evento, que está fixada em poucos cartazes ao longo da esplanada. “A informação está ruim, e os Policiais a quem peço ajuda, para não dizer que estão sendo grossos, estão pelo menos sendo rudes”.

Foto: Agência Brasil

Cidadãos participam da festa dos 50 anos de Brasília

Um pouco de tudo

Na festa do aniversário de Brasília o público encontra diversas opções. Há estandes com jogos, exibições de fotografias históricas, tanques e helicópteros de guerra, apresentações de luta, mini rapel, entre outras atividades.

A esplanada também está cheia de vendedores ambulantes, que tem o sol como melhor propaganda para a água gelada e o picolé. Na hora da fome também não faltam barracas com comida. Elas vão de cachorros quentes, espetos a pratos feitos.

No momento em que parte do público resolveu almoçar, as entradas dos ministérios ficaram lotadas de pessoas sentadas, que aproveitavam a sombra para comer e recuperar a energia antes dos shows programados para a tarde. Também há bastante gente entre os ministérios e na sombra das poucas árvores da esplanada.

Rodoviária

Quem for utilizar o transporte público para chegar à esplanada deve se preparar para pegar ônibus lotados. Por outro lado, o uso de carro particular também pode trazer dor de cabeça, uma vez que não há mais nenhum espaço para estacionar.

Na rodoviária, que fica no início da esplanada, ao contrário do que foi divulgado pela Polícia, não está havendo um procedimento rigoroso de revista. De acordo com a PM, isso seria feito para evitar que pessoas viessem para a festa com armas brancas, como facas e canivetes.

De São Paulo, Luana Bonone, com IG