Chávez: Venezuela nunca mais será colônia ianque
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assegurou que seu país "nunca mais será uma colônia ianque, nem de ninguém". A declaração foi durante o desfile cívico-militar em comemoração ao bicentenário da Independência do país. "Chegou a hora definitiva de nossa verdadeira independência, 200 anos depois", completou o presidente, que também convocou à integração regional.
Publicado 20/04/2010 13:11
Ele dirigiu um trecho da fala ao presidentes latino-americanos presentes, "para que, juntos, possamos garantir o que (o escritor Jorge Luis) Borges chamou de pátria perpétua".
Milhares de venezuelanos participaram da comemoração. O verde oliva dos uniformes militares misturava-se ao vermelho que coloria camisas em referência à "revolução bolivariana". Bandeiras do país balançavam ao vento.
"Estamos juntos e somos hoje uma só coisa: civis e militares unidos para garantir a independência da Pátria", disse. Insistindo na união popular e regional, ele citou o líder latino-americano: "Simon Bolívar, o pai, disse uma vez que a Venezuela nasceu na unidade."
Participaram do desfile os presidentes de Cuba, Raúl Castro; da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner; da Nicarágua, Daniel Ortega; da Bolívia, Evo Morales; da República Dominicana, Leonel Fernandez; de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonçalves; e da Dominica, Roosevelt Skerrit.
Ainda em seu discurso, o presidente Chávez disse que "a independência da Venezuela não seria possível sem a independência de nossa América Latina e Caribe. Nós conseguimos juntos e essa é a única forma de construir a pátria". O presidente da Venezuela defendeu ainda que o século XXI é o período da "consolidação definitiva da independência da América Latina", e que o conjunto dos povos do subcontinente "ressussitaram do túmulo para nunca mais dormir."
Chávez sublinhou que, nos últimos dez anos – ele chegou ao poder em 1999 – produziu-se uma revolução na Venezuela e na América Latina, que continua neste momento e continuará no futuro. "É uma revolução que está acontecendo. Muito diferente, muito espontânea, mas uma revolução de valores, idéias", disse o presidente, citado pela Radio Nacional de Venezuela. Ele avaliou que suas políticas socialistas são parte "da mesma batalha travada por Bolívar para a independência do país".
"Completam hoje duzentos anos exatamente desde aquele dia em que se iniciou o processo de independência do nosso povo. Caracas sempre foi um berço do fogo que contribuiu para acender toda a pradaria", acrescentou. "Em honra a Bolívar, aos pais libertadores, à pátria socialista, à revolução bolivariana, dizemos 'Pátria Socialista ou Morte'", exclamou o mandatário.
Defesa
Na conclusão do desfile, Chávez voltou a defender que a modernização das Forças Aermadas venezuelanas tem caráter estritamente defensivo. Ele indicou que se acusa, com perversidade, o seu país de estar se armando para a guerra, mas recordou que a Venezuela é o que tem sido agredida pelo império norte-americano e ameaçada permanentemente.
O mandatário reivindicou o direito de seu país, como república independente, de estar preparado para defender "até o último milímetro de sua terra". Chávez, que considerou o desfile o mais majestuoso de toda a história nacional, ressaltou seu caráter popular e de festa de grande conteúdo cultural, político, revolucionário nacionalista e independentista.
Ele disse que havia sido "o mais completo cortejo, florido, o mais profundo, de homens, mulheres, meninos e meninas que já passou aqui por essa avenida, em mais de meio século." Referindo-se aos presidentes que acompanharam o ato, ele disse que "nunca esta tribuna foi decorada com tantas pátrias". Ao todo, cerca de 12 mil pessoas participaram do desfile.
Cristina
A presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, também fez um discurso no parlamento venezuelano. Ela afirmou que, como há 200 anos, a América Latina também está agora em um período de grande mudança, e condenou uma ordem internacional na qual os estados poderosos impõem sua vontade impunemente às nações mais fracas, que são vítimas de todas as formas de abuso.
"Neste novo cenário internacional, quero exercer o multilateralismo seriamente em todas as áreas. Temos finalmente que conseguir que os direitos de todos sejam respeitados", disse, mostrando-se uma forte defensora da integração progressiva de todos os países latino-americanos.
A presidente da Argentina também fez uma defesa apaixonada das idéias como "ferramenta para conseguir a libertação do povo", e sublinhou o caráter universal de muitas delas. "A liberdade e a igualdade não têm nacionalidade: são valores universais e atravessaram a história muito antes de 1810", disse.
"O grande poder estava nas idéias, essa força que é capaz de que um povo faça sacrifícios extremos para conseguir a liberdade. Não há nenhum poder militar que possa com a determinação de um povo quando ele decide se libertar", disse ela.
Chávez elogiou a intervenção do sua homóloga na Argentina, enquadrando suas palavras nas mudanças ocorridas na região nos últimos tempos. "Quantas coisas tiveram que acontecer para que uma mulher peronista venha aqui discursar na Assembleia Nacional da Venezuela, e diga o que ela nos disse com essa clareza, com essa coragem, esse valor, essa chama, com esse fogo patriótico!", afirmou.
Com agências