61º Salão de Abril: o lugar de todas as artes
Aberta na última sexta-feira (16), a mostra permanece em cartaz até 31 de maio, no Centro da cidade.
Publicado 20/04/2010 09:23 | Editado 04/03/2020 16:33
Balões azuis suspendiam uma boneca inflável de sorriso aberto, que divertia os convidados, logo na entrada da Galeria Antônio Bandeira, no Centro de Referência do Professor. Era a performance “A pessoa busca seu lugar” (referência ao tema do 61º Salão de Abril – Qual o lugar da arte?), uma das selecionadas para a tradicional mostra de artes visuais realizada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura (Secultfor). Aberto oficialmente na última sexta-feira (16), o Salão permanece em cartaz até 31 de maio, no local e ruas adjacentes do centro da cidade. “Conseguimos retomar a realização do Salão em abril, especialmente no mês do aniversário de Fortaleza, e estamos muito felizes por isso. Este ano, mais do que nunca, a mostra assume seu feitio nacional e se consolida como Salão nacional de arte contemporânea”, afirmou a secretária municipal de Cultura, Fátima Mesquita, saudando a todos os artistas presentes e ao público em geral, em particular o artista plástico e gravurista cearense, Francisco de Almeida, homenageado do Salão em 2006.
Maíra Ortins, coordenadora de Artes Visuais da Secultfor e organizadora do Salão, disse que um dos objetivos é o de tentar agregar os novos artistas a nomes reconhecidos nacionalmente, como os curadores Ivo Mesquita, Suely Rolnik e Jaqueline Medeiros. “Com este intuito, realizamos, neste sábado, às 10h, aqui na Galeria Antônio Bandeira, um bate-papo entre os artistas, os curadores e o público em geral, que debaterão sobre a arte contemporânea, o Salão e, especialmente, o tema em questão: qual o lugar da arte”, informa. Ivo Mesquita, curador e pesquisador de arte em São Paulo, diz que o resultado final da mostra é bastante positivo: “Está muito bonito, sóbrio, simples, porque os trabalhos são corretos e dialogam entre si. Um critério que nós, curadores, levamos em conta”.
Entre tantos artistas presentes à abertura, o paulista Flávio Cerqueira (SP), 26, ficou surpreso com a receptividade do seu trabalho. “É a terceira mostra que participo este ano. Uma pessoa chegou pra mim e disse que estava se vendo na minha escultura e é isso o que quero, mexer com as pessoas”, diz. Sua obra, Ex Corde, é feita em metal, e une uma linguagem tradicional, a escultura, com uma visão contemporânea, mais arrojada. “Quis fazer uma figura que tem o peso do metal, mas a pintura eletrostática branca dá uma leveza, acentuada pelo buraco no peito, a ausência de coração”, explica. Flávio Cerqueira tem graduação na Escola Paulista de Arte, mas somente há um ano começou a expor seu trabalho: participou de 10 mostras coletivas, duas delas em Portugal. “Em julho vou fazer residência artística de um mês em Camarões e aprofundar ainda mais meus estudos. Vir a Fortaleza está sendo muito importante, sobretudo pela troca com outros artistas, por ver de perto uma produção tão competente como a do Salão e ter a oportunidade de conviver com curadores de nível tão elevado”, concluiu.
O cearense Júnior Pimenta, 27, maquiou um prédio histórico com dois tons de batom vermelho e um rosa, respeitando a arquitetura do local, na intervenção “Maquilagem de Fronte”, realizada no início da tarde de ontem. “Foi muito legal porque as pessoas perguntavam se ali seria uma nova boate, se eu era um decorador de fachada e algumas mulheres brincaram, dizendo que eu estava acabando com o batom da cidade”, diverte-se.
Depois do coquetel servido aos convidados, o grupo Mesa de Luz (DF), apresentou a performance ”Mesa de Luz: cotidiano”, que une imagem, som, projeção e manipulação de objetos. São quatro ações simultâneas que dividem o olhar do público: um integrante do grupo faz edição de vídeo ao vivo, outro edita som ao mesmo tempo em que toca um instrumento, e um terceiro manipula objetos e materiais, enquanto um telão projeta as imagens. “É um cinema ao vivo, que se faz enquanto as pessoas assistem. As pessoas se envolvem e os resultados são surpreendentes. Estamos participando pela primeira vez do Salão de Abril, que já está no mapa das artes, e é uma experiência importante para o grupo”, diz Marta Mencarini, artista plástica, graduada pela Universidade de Brasília e mestre em Arte e Tecnologia. Dividem a cena com ela, Hyeronimus do Vale, artista plástico (Artes Plásticas/UNB) e Tomás Seferin (Especialização em Engenharia de Áudio em Paris).
Este ano, o Salão confirma sua legitimidade perante à classe artística local e nacional: foram 405 obras inscritas, de 19 estados brasileiros, sendo São Paulo o estado com maior participação (123 inscritos). Em seguida, o Ceará, com 77 trabalhos inscritos; e o Rio de Janeiro, com 53. Entre os 30 selecionados, estão pinturas, fotografias, instalações, intervenções urbanas, esculturas, desenhos, performances, objetos e vídeos. Todos os selecionados receberão um prêmio de incentivo à produção no valor de R$ 2,5 mil. Além do caráter contemporâneo e não-competitivo, as obras possuem alto nível técnico e trazem idéias inovadoras, que instigam o espectador.
Serviço
61º Salão de Abril
Exposição
Local: Galeria Antônio Bandeira (Centro de Referência do Professor – Rua Conde D’Eu, 560, antigo Mercado Central)
Data: 16 de abril a 31 de maio
Circuito Expositivo:
Local: Passeio Público (Rua Dr. João Moreira, s/n, ao lado da Santa Casa de Misericórdia – Centro) e Centro de Referência do Professor.
Mais Informações:
Site do 61° Salão de Abril: www.salaodeabrilfortaleza.com.br
Fonte: Prefeitura de Fortaleza