Sob suspeita, Datafolha e Ibope registram novas pesquisas no TSE

O Ibope registrou a pesquisa ontem, sexta-feira (16), e estranhamente diz que irá a campo de 13 a 18 de abril, ou seja, três dias antes de registrar a pesquisa no TSE. Os resultados da pesquisa Ibope, solicitada pela Associação Comercial de São Paulo, devem sair no dia 21.

Resultados polêmicos

A última pesquisa Datafolha, divulgada em 27 de março, causou polêmica ao contrariar tendência apontada em outras sondagens e mostrar o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, com nove pontos de vantagem sobre sua principal adversária, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Aliados da candidata petista não contestaram, mas suspeitaram dos números divulgados pelo Datafolha às vésperas do lançamento extra-oficial da candidatura tucana, ocorrido no último dia 10.

Rumores nos bastidores políticos indicaram que poderia haver manipulação nos resultados para favorecer José Serra. Os números surpreenderam até aliados do tucano. Um jornalista da Folha de S. Paulo chegou a dizer que “O resultado do Datafolha veio no momento em que (Serra) mais precisava mostrar força perante o mundo político”. Outro colunista do jornal, Clóvis Rossi, afirmou em sua coluna: “O resultado da pesquisa (Datafolha) mais recente, ontem publicada, é um denso mistério, ao menos para mim. Não consigo encontrar uma explicação forte para o fato de José Serra ter subido quatro pontos em um mês”.

Nos dias seguintes, duas novas pesquisas (Vox Populi e Sensus) foram divulgadas apontando uma tendência diferente da apontada pelo Datafolha. Veja tabela ao final deste texto.

Tanto na pesquisa Vox Populi quanto na pesquisa Sensus, os resultados mostravam que as intenções de voto na candidata petista havia crescido enquanto Serra havia estagnado, o que deixou os dois candidatos tecnicamente empatados.

Coincidência ou não, a Folha, pertencente ao mesmo grupo do Banco de Dados de São Paulo Ltda. (nome oficial do Datafolha), passou então a publicar matérias e artigos colocando em dúvida os resultados dos dois institutos concorrentes.

Resta saber se a nova pesquisa Datafolha que será apresentada neste final de semana irá manter a suspeita vantagem de Serra — tentando, assim, dar respaldo à tese de que o Datafolha está certo e os outros estão errados — ou se irá “adaptar” seus números aos resultados verificados pelos demais institutos.

Precedente aberto

Seja como for, a pesquisa surge num cenário melindroso para o instituto da família Frias. Quando a pesquisa Datafolha foi registrada no TSE, no dia 12, a celeuma com o Sensus ainda não tinha tomado o rumo que tomou, com técnicos do PSDB ocupando a sede do Sensus em Belo Horizonte afoitos para fazer uma devassa na pesquisa que mostra Serra empatado com Dilma.

Com isso, um precedente foi criado. Se o Datafolha deste final de semana vier com os dados que já circulam em blogs como o da Veja, dando conta de que Serra está com 10 pontos de vantagem sobre Dilma, será mais do que justo que o PT e partidos aliados peçam também uma auditoria no levantamento do Datafolha e aí o instituto terá que mostrar dados bem consistentes para que seus resultados não sejam questionados. Mas, se o blog da Veja –que errou feio a previsão do último Ibope– estiver novamente errado e o Datafolha aproximar seus resultados aos dos outros institutos, aí o grupo Folha ficará desmoralizado por ter questionado as pesquisas da Sensus e Vox Populi.

Ibope

Já a pesquisa do instituto Ibope –que aparentemente está fora da briga entre Datafolha x Vox Populi e Sensus– é aguardada com curiosidade pelo mundo político. Mas também não está imune a suspeitas.

O diretor-presidente do Instituto Ibope, Carlos Augusto Montenegro, não esconde sua antipatia pelo governo Lula e pela pré-candidata petista Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que mostra-se simpático ao pré-candidato tucano José Serra. Ainda que de forma escamoteada, Montenegro tem dado sinais claros de seu posicionamento político nas muitas entrevistas que concedeu nos últimos meses. Numa delas, chegou a afirmar que Dilma teria enormes dificuldades para passar de 15% nas pesquisas. Meses depois, corrigiu a previsão, aumentou o “teto” de Dilma para 30% mas continuou insistindo que o “PT não ganha". Disse também, em outra oportunidade, que quem estivesse na frente nas pesquisas um ano antes da eleição seria o vencedor, ou seja, referia-se ao tucano José Serra.

Com estes antecedentes e diante de tanta celeuma em torno dos últimos levantamentos, os resultados das próximas pesquisas eleitorais devem entrar na lista das sondagens de pré-campanha mais aguardadas e polêmicas da história política brasileira.

Da redação,
Cláudio Gonzalez

Veja, no gráfico abaixo, os resultados obtidos por Serra e Dilma nas últimas pesquisas

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