Aliado falastrão de Serra esnoba Aécio e abre crise no PSDB
Dois dias após o lançamento da candidatura de José Serra à Presidência da República, a entrevista de um aliado falastrão do governador provocou uma crise dentro do PSDB. Tudo começou quando o serrista Walter Feldman disse, em entrevista ao UOL Notícias, que o ex-governador paulista era “imbatível” na disputa interna com o mineiro Aécio Neves.
Publicado 13/04/2010 00:53
As reações ao esnobismo de Feldman começaram nesta segunda-feira (12) mesmo, pouco depois de a entrevista ser divulgada. O secretário-nacional do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), condenou a declaração. Segundo ele, o comentário de Feldman “vai na contramão do que o partido está construindo nas últimas semanas”.
Bastante ligado ao ex-governador de Minas Gerais, Castro criticou Feldman por “não entender que, ao abrir mão da candidatura à Presidência, Aécio fez um gesto de desprendimento, em prol do partido. Construímos algo muito importante nas últimas semanas, culminando no ato de Brasília neste fim de semana. Formamos unidade. Uma fala como a dele não ajuda em nada nesse processo”.
Ao ouvir que a entrevista foi gravada antes do evento de sábado, o secretário-geral do PSDB insistiu na represália e desqualificou a figura política de Feldman. “Foi um exercício de bajulação de uma figura menor no partido. Ele não tem voz grande nacionalmente. Tenho certeza de que Serra não concorda com esse tipo de postura. É preciso ter mais cuidado nessas horas”.
Feldman, membro da Executiva Nacional do PSDB, ex-secretário de Serra na Prefeitura de São Paulo, disse em entrevista ao UOL Notícias que deseja ver o ex-governador mineiro como candidato a vice na chapa que enfrentará a petista Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Mas ponderou que o grupo ligado ao paulista nunca teve dúvida de que ele seria o escolhido após a disputa interna com Aécio.
“Desde o início nós sabíamos que o Serra era imbatível nessa disputa interna e que o desejo dele era sempre o de caminhar para, no momento adequado, ser o candidato. O que houve foram dúvidas mais da imprensa, de nossos opositores”, disse na entrevista. “Nunca houve, por parte daqueles de certa forma convivem mais com o Serra, [a ideia] de que haveria uma vacilação dele ou que uma disputa que pudesse retirá-lo dessa posição de comando da sucessão presidencial.”
No sábado, Serra lançou sua pré-candidatura em Brasília em um evento que contou com um discurso pacificador de Aécio, no qual o mineiro diz que estará ao lado do paulista “onde for convocado”. Essa declaração reacendeu a excitação de tucanos que querem ver os dois juntos, embora Aécio tenha repetido que prefere ser candidato ao Senado.
Da Redação, com informações do UOL Notícias