UNE responde ao Estadão e sai em defesa da Conae
A União Nacional dos Estudantes respondeu, em nota, ao editorial do jornal O Estado de S.Paulo que, na última quarta-feira (7), acusou o governo federal, o PT e os movimentos sociais de ideologizarem a Conferência Nacional de Educação (Conae). Segundo a UNE, “não há como negar que um passo importante foi dado. Quem é contra a uma educação socialmente referenciada ampla e de qualidade tem nome e lado”.
Publicado 09/04/2010 13:37
Leia abaixo a íntegra da nota
O jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) a serviço de interesses estranhos ao povo brasileiro e uma porta voz ressentida dos grandes tubarões do ensino privado enfim se pronunciou: Obviamente não ia conter sua “magoa” diante das deliberações encaminhadas na plenária final da Conferencia Nacional de Educação e mostrou enfim, a sua face em seu editorial matinal.
Por Laís Gouveia
O pequeno grupo do setor privado que teve uma participação dispersa e quase nula em toda a conferencia, e que contribuiu muito pouco para sua construção, não gostou e praticamente não opinou a respeito das deliberações que ali foram encaminhadas (detalhe: as representações das mantenedoras privadas foram convocadas na participação e construção das conferências, não respondendo aos pedidos das Comissões Organizadoras da Conae).
Com o titulo: “O ranço ideológico na educação”, a matéria desqualifica a Conae, e a opinião dos setores organizados que construíram minuciosamente durante dois anos esse fórum,questiona a regulamentação do ensino privado, citando de forma raivosa: “em momento algum esconderam sua aversão ao livre jogo de mercado” e finaliza o texto perplexos argumentando o absurdo que é a inclusão das propostas no PNE, o que para UNE e tantas outras entidades seria a efetivação dessa grande vitoria.
Porém sabemos que o caminho não será nem um pouco fácil, pois estas propostas da sociedade irão tramitar na Câmara e no Senado e onde sabemos que o setor privado se utilizará de seu lobby para barrar as propostas encaminhadas pelo futuro fórum nacional de educação, a exemplo do governo FHC que vetou as medidas centrais para uma real implementação do ponto de vista financeiro do PNE .
Vários elementos podem ser citados para mostrar a relevância do momento que vive as políticas educacionais no país. Primeiro, pelo fator histórico com que essa conferência tem, desde 1946 há tentativas nesse sentido, mas nunca alcançadas com tal êxito amplitude e legitimidade. Segundo, pelo histórico educacional brasileiro que sempre foi frágil e desconexo entre si, somados a modelos governamentais que aprofundaram o sucateamento da educação exemplo maior disso é a era neoliberal entreguista que infelizmente causou um grande rombo em nosso país, principalmente no quesito educação.
O terceiro fator não menos importante é que a educação no Brasil no sentido de investimentos em democratização do acesso,e infraestrutura somados a vitorias recentes como o fim da DRU (desvinculação das receitas da união) proporcionou um avanço significativo no campo das políticas educacionais, revertendo-se em investimentos anuais em cerca de R$ 10 bilhões por ano, sabendo que muito ainda precisa ser aprofundado,e é onde a Conferencia Nacional de Educação joga um papel estratégico para a efetivação das mudanças: bandeiras históricas do movimento social, como10% do PIB para educação a regulamentação do ensino privado, eleições diretas para diretor,sistema articulado entre si,assistência estudantil, reserva de vagas 50% do fundo social do Pré sal para educação, fórum nacional de educação , entre outras foram aprovadas nesse espaço que de forma organizada e democrática reuniu entre delegados e observadores cerca de três mil participantes de todos os estados Brasileiros. Outro fator notável foi o clima que ali se estabeleceu entre as entidades de unidade e coerência pela a transformação efetiva da educação brasileira.
Não há como negar que um passo importante foi dado. Quem é contra a uma educação socialmente referenciada ampla e de qualidade, tem nome e lado. E mostra esse caráter da forma mais retrógada e reacionária possível, desqualificando as históricas manifestações populares por um ensino de excelência, e o recado está dado: Estaremos lá, preparados para derrotar os lobistas e entreguistas da nação brasileira. Basta agora o movimento social lutar com unhas e dentes pela efetivação das grandes conquistas que foram obtidas nesta Conae.
Uma página foi virada na história, devemos impedir que os anos obscuros de um passado recente não voltem à tona em nosso pais, que com certeza já não é mais o mesmo.