Defesa Civil: 600 famílias devem ser realocadas em Niterói
A forte chuva que atingiu o estado desde o início da semana comprometeu a estrutura de vários bairros de Niterói. O secretário municipal de Segurança e Defesa Civil, Marival Gomes, estimou em pelo menos 600 o número de famílias que tiveram as casas condenadas e precisarão ser realocadas.
Publicado 09/04/2010 15:51
Desde o início da semana, a chuva no Rio provocou mais de 180 mortes, das quais 107 em Niterói, quase 60% do total.
“Diminuíram os riscos, mas ainda temos áreas que nos preocupam muito. Choveu a madrugada toda e durante esta manhã, o que torna os trabalhos mais lentos. Temos que ter cuidados com a vida dos bombeiros e do pessoal da Defesa Civil, que não podem correr riscos”.
O secretário inspecionou o Morro do Bumba, onde a tragédia foi maior. Segundo ele, a estimativa é de que havia cerca de 90 casas no local, tomando por base o número de ligações de luz informado perla Ampla, a concessionária de energia elétrica.
Até o final da manhã, o número de corpos resgatados embaixo do lamaçal era de 17, mas os bombeiros calculam que pelo menos 200 pessoas tenham sido soterradas.
Além do drama das famílias que perderam parentes, há a dificuldade dos moradores próximos à área, que tiveram as casas interditadas pela Defesa Civil e agora não têm para onde ir.
“Eu preciso entrar em casa pelo menos para pegar a minha dentadura”, reclamava a aposentada Regina Pereira dos Santos, moradora do Bumba há 60 anos. Ela viu a tragédia do quintal de sua casa e chegou a desmaiar com as cenas de destruição.
“Nem se a casa tiver condições eu não quero voltar lá. Deus me livre”, desabafou Regina, que agora pede ajuda às autoridades para ir para um novo endereço.
Outro desabrigado pela tragédia é o auxiliar de serviços gerais Hamilton Soares Mendes, atualmente desempregado.
“Eu virei um sem-teto. Olha o que eu tenho”, disse ele, mostrando duas sacolas que conseguiu salvar, com os documentos e poucas roupas.
Moradores reagem a decreto
Para legalizar a retirada de moradores de aéreas de risco, a prefeitura do Rio de Janeiro promulgou um decreto que permite o uso da força e a participação da polícia para remover as pessoas que se recusarem a sair de áreas ameaçadas.
De acordo com o prefeito Eduardo Paes, não há como alterar a decisão de desocupar as encostas. “Ainda há risco de novas chuvas na cidade. Não podemos deixar os moradores em locais de risco”, disse ele, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (9).
O decreto permite, "nos termos dos incisos 11 e 25, do Artigo 5º da Constituição Federal, às autoridades administrativas e aos agentes de defesa civil, diretamente responsáveis pelas ações de resposta aos desastres, em caso de risco iminente, a adoção das seguintes medidas:
- penetrar nas casas, mesmo sem o consentimento do morador, para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação das mesmas; e
- usar de propriedade particular para as ações de emergência que visem evitar ou minimizar danos ou prejuízos ou comprometer a segurança de pessoas”.
A Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) questiona qual será o critério para a entrada nas casas. “Esse é um caso de polícia? Estão certas de que não”, diz nota oficial de protesto da entidade.
Da redação, com informações da agência Brasil