Acordo militar Venezuela-Rússia chegará a U$ 5 bi
Os contratos de venda de armamentos russos à Venezuela – firmados em setembro de 2009 – poderão chegar a um "volume agregado" de até 5 bilhões de dólares, anunciou nesta segunda-feira (05) o primeiro ministro da Rússia, Vladimir Putin. O anúncio foi feito três dias depois de sua visita ao país sul-americano, na qual foram fechados vários acordos de cooperação militar, energética e agrícola.
Publicado 06/04/2010 11:32
Putin encontrou-se na sexta-feira com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em Caracas, para discutir a cooperação entre as nações. Em entrevista após a reunião privada, Chávez falou principalmente sobre os planos de desenvolvimento da bacia petroleira do rio Orinoco, com um investimento de 30 bilhões de dólares, sem detalhar os pontos relativos às transferência militares.
Segundo Putin, nos 5 bilhões, está incluída cessão de 2,2 bilhões de dólares em linhas de crédito para a compra de armas, acertada na oitava visita do presidente venezuelano a Moscou. "Todas as fontes do financiamento foram determinadas e acordadas com os nossos sócios", afirmou Putin. "O trabalho para aumentar as exportações vai continuar", garantiu.
No sábado, segundo a agência de notícias Itar-Tass, Putin considerou "incorreto colocar em debate que o fortalecimento da defesa de países pequenos possa ameaçar alguém". Ele lembrou que a Venezuela passou a comprar aviões e armas russas após os Estados Unidos estabelecerem um embargo mercantil nesta matéria, vetando inclusive a compra dos aviões brasileiros Tucano.
O premier descartou que o fortalecimento da defesa da Venezuela possa provocar uma crise na região e lembrou que, "se todos os países somarem seus gastos em defesa, ainda será menor que o dos EUA". "Temos boas relações com os EUA e, graças a Deus, não temos do que reclamar sobre as relações com o Reino Unido. Se os EUA não querem fornecer armas para alguns países, inclusive a Venezuela, bom para nós. Deixem que eles não forneçam. A natureza abomina vácuo", afirmou.
O próprio Chávez já informou várias vezes que o aumento de seu arsenal tem caráter estritamente defensivo e tem se tornado necessário diante do crescimento militar norte-americano na Colômbia, principal aliado dos EUA na região e vizinha da Venezuela.
De acordo com a Folha de S.Paulo, fontes militares russas informaram que o acordo com a Rússia inclui a aquisição de três submarinos, 92 tanques, dezenas de blindados, dez helicópteros de combate, aviões-patrulha, lanchas-patrulha, lanchas de desembarque, lançadores de mísseis e três modernos sistemas de defesa aérea, além de um sistema móvel de artilharia costeira. Haveria também conversas sobre a construção de uma fábrica de metralhadoras e de munição.
O pedido de Caracas deverá ser dividido entre as 13 maiores fabricantes bélicas do país euro-asiático. Nos últimos anos, a Venezuela já gastou cerca de US$ 4 bilhões em armamentos russos – entre eles, o caças Sukhoi e rifles Kalashnikov.
Bolívia
No último domingo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu ao premier o aumento da presença russa na América Latina. Morales participou de uma reunião entre Hugo Chávez e Putin. "Pedi em reunião com o premier russo que haja maior presença russa na América Latina, que a Rússia volte com força à América Latina", afirmou o líder boliviano.
"O pedido que fiz foi como relançar as nossas relações diplomáticas, de comércio, investimento e cooperação", acrescentou. No ano passado, a Bolívia pediu à Rússia um crédito para comprar um avião presidencial. O novo Antonov AN-148 substituirá o pequeno Sabre, americano, fabricado em 1970.
Reação norte-americana
"Esquecidos" de seu hostórico de intervenções no continente e assumindo sua mais uma vez a postura prepotente de "conhecedores do que é certo", os EUA expressaram sua "preocupação" com a compra de armamentos russos pela Venezuela. Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley afirmou que o anúncio "pressiona" os EUA a analisarem "quais necessidades de defesa legítimas a Venezuela tem".
Com agências