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O jovem brasileiro na TV Pública

O Ministério da Cultura (MinC) apresentou nesta terça-feira (30), em São Paulo, os pilotos dos oito projetos de teledramaturgia independente selecionados para a segunda etapa do edital FICTV/Mais Cultura. As séries, voltadas para jovens das classes C, D e E, serão exibidas pela TV Brasil, emissora pública, de 6 a 16 de abril, às 18h30.

Os projetos que serão exibidos pela TV Brasil foram selecionados entre os 225 que participaram do edital promovido pelo Ministério da Cultura. Cada um dos escolhidos recebeu R$ 250 mil para a produção dos primeiros episódios e desenvolvimento do projeto técnico de produção das minisséries.

Além da ajuda financeira, os profissionais independentes participaram de oficinas nas áreas de roteiro, direção, casting (elenco) e direção de produção. Os episódios também foram submetidos a uma análise de performance realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas de Pernambuco (Ipespe), que verificou se o conteúdo estava de acordo com a realidade dos jovens que são o público-alvo do projeto.

Com a exibição dos episódios, o projeto FICTV entra em uma segunda etapa. Dos oito projetos pré-selecionados, apenas três serão escolhidos para virar minisséries de 13 episódios de duração. Os vencedores receberão R$ 2,6 milhões cada para a continuidade de seus programas. O valor total do projeto é de R$ 13 milhões. Os episódios serão avaliados por uma comissão e pelo público, que poderá dar a sua opinião através do site www.tvbrasil.org.br .

Para Dado Amaral, diretor da série Alfevala, o FICTV é um projeto maduro, que vai mostrar um outro jovem brasileiro, aquele que é ignorado pela mídia em geral ou retratado como criminoso. “Já havia participado de outros editais do MinC, mas me surpreendi com a seriedade e a assessoria que eles nos ofereceram desta vez”, afirma.

Amaral, que desenvolve um trabalho social com jovens da Rocinha, usou a comunidade da zona sul do Rio de Janeiro para contar a história de um extraterrestre que cai na Terra justamente dentro de uma das maiores favelas do país. O alienígena Lan, que ao perder a memória se mistura com a juventude da Rocinha, vai tentar entender os problemas que afligem seus novos amigos, como gravidez na adolescência e a violência, que não é visto ou entendido por quem está de fora. “Um aluno me disse que quando o pai dele chegou do Nordeste e foi para a Rocinha ficou parado, com a mala na mão, tentando entender o lugar”, diz o produtor .

Ainda serão exibidas pela TV Brasil as séries Natália, Elvis, o cometa, Última saída, Pulo do gato, Brilhante Futebol Clube, 3% e Vida de estagiário.

Segundo a coordenadora executiva do Programa Mais Cultura, Silvana Meireles, a escolha da televisão como o veículo do projeto está ligada à forma como os jovens das classes C, D e E se relacionam com a cultura. “A TV está presente em mais de 90% dos lares brasileiros e é, muitas vezes, o único contato que as pessoas têm com a cultura”, diz.

Para ela, o FICTV atende a duas preocupações do Ministério da Cultura: auxiliar a construção da identidade do jovem brasileiro e formar novos profissionais em teledramaturgia. “As séries que não forem escolhidas podem ser comercializadas com veículos do Brasil ou de outros países. São produtos de excelentes qualidades”, diz Silvana.

Fonte: Época