Tibetanos comemoram Dia da Libertação de Escravos
Cerca de três mil representantes de diversas etnias da Região Autônoma do Tibete assistiram no último domingo (28) a cerimônia de hasteamento da bandeira nacional na Praça do Palácio Potala, em Lhasa. Outras sete cidades, distritos e comarcas da região também comemoraram a data.
Publicado 30/03/2010 01:04
Em 28 de março de 1959, o governo chinês anunciou a dissolução do governo tibetano local, que foi substituído pelo Comitê Preparativo da Região Autônoma do Tibete.
Assim, foi iniciada a reforma democrática e anulado o sistema feudal de escravidão que combinava política e religião. Milhares de escravos foram libertados e receberam terras, e passaram a gozar dos direitos políticos estipulados pela Lei.
Em janeiro de 2009, na 2ª sessão da 9ª legislativa da Assembleia Popular Nacional do Tibete, foi aprovada uma proposta que definiu o dia 28 de março como o Dia da Libertação dos Escravos, para comemorar a reforma democrática.
Segundo o secretário do Comitê Municipal do Partido Comunista da China em Lhasa, Qin Yizhi, a área urbana de Lhasa no passado não chegava a três quilômetros quadrados, com uma população inferior a 20 mil pessoas.
Não havia uma escola moderna sequer e o número dos analfabetos chegava a 95%. Devido às precárias condições de saúde, a expectativa de vida era de 35 anos e meio.
Portanto, ao longo dos 51 anos da reforma democrática, Lhasa passou por transformações significativas, criando milagres da humanidade. Qin constatou:
"Lhasa conta agora com 450 mil pessoas em uma área urbana de 50 quilômetros quadrados. Foi formado um sistema educativo étnico que abrange pré-educação, educação obrigatória, média, superior, profissional e especial. Na educação obrigatória e na média, os filhos de pastores têm acesso à alimentação, alojamento e despesa educativa pagas pelo governo. Hoje em dia existem 462 instituições de saúde em Lhasa. Com a criação do sistema de saúde baseado no serviço médico grátis, a expectativa de vida chegou a 67 anos".
Além da cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, exposição de fotos e shows de canto e dança foram apresentados ao público de Lhasa.
A vice-presidente da Conferência Consultiva Política de Lhasa, Lhazong Drolhar, viveu mais dez de anos no Tibete antes da reforma democrática. Falando do passado, ela pode lembrar das ruas sujas, pedintes e escravos pobres.
"Apesar de serem vistos templos e monges por todos os lados no Tibete, eles não tinham fé religiosa. Se quisesse ser monge, era preciso aprovação e permissão da autoridade. Não era tão simples e livre como hoje. Em templos, só haviam monges de alta hierarquia e seus escravos, que levavam uma vida miserável. Conheço pessoas que não tinham condições de beber chá de manteiga e colocavam no lábio o óleo que sobrava da lâmpada de manteiga. Devemos lembrar dos sofrimentos que passamos e aproveitar a vida feliz do novo Tibete".
A mulher era considerada a classe mais inferior de todas nas leis antigas do Tibete, sem liberdade pessoal, nem dignidade humana. Para a pesquisadora da Academia de Ciências Sociais do Tibete, Cangjor Drolma, a reforma democrática fez a mulher tibetana gozar pela primeira vez a igualdade com o homem.
"As mulheres não podiam andar com cabeça levantada diante de donos de escravos. Tinham que ser muito obedientes. Os trabalhos árduos durante o ano inteiro só valiam um prato pequeno de tsamba, farinha de grão de cevada tostada. Elas tinham perdido a dignidade humana. E educação, nem pensar! Desde a reforma democrática, a mulheres estão se formando advogadas, cantoras, juízes, especialistas em sabedoria tibetana, alpinistas, etc. Elas desempenham um papel importante em todos os aspectos do Tibete. Graças ao bom clima social e às garantias políticas, as mulheres têm a liberdade de mostrar seus talentos. Tudo isso reflete a diferença dos dois sistemas".
As bandeiras e flores que enfeitam as ruas de Lhasa fazem as pessoas sentirem o clima festivo. XargokangTru YeshePande, tibetano que vive há 35 anos fora da China ficou muito impressionado com os novos aspectos do Tibete.
"As mudanças são gigantescas. Nunca vi isso em outros países. Fico admirado pela atenção e apoio atribuído pelo país", comentou.
Fonte: Xinhua