Uma Teia com a cara do Brasil

Entre debates, feiras, mostras e cortejos se desenha o projeto cultural que o Brasil almeja e tudo isso pode ser visto nesse evento que agrupa as mais diversas identidades culturais do nosso país. De acordo com a coordenação do evento, mais de 5.000 pessoas passaram pela Teia e a perspectiva é reunir em torno de 1.500 delegados no III Fórum Nacional dos Pontos de Cultura.

Experiências ricas

Os Pontos de Cultura do Brasil cumprem um papel importante, mantendo a preservação dos traços culturais, e descobrindo um leque de possibilidades em defesa da soberania nacional. Aqui na Teia cada passo é um encontro com uma experiência. A convergência cultural ultrapassa as barreiras de idade, sexo ou etnia dentro de um arsenal riquíssimo que caracteriza a cultura brasileiraasil. Exemplo disso são as Fiandeiras de Goiás, um grupo formado por treze mulheres, que à medida que tecem cantam e produzem artesanato.

Outro projeto que chama atenção nas ruas do Dragão do Mar é um Telecentro itinerante denominado Sertão em Rede, que  promove  inclusão digital nos distritos da cidade de Quixadá e nos municípios que fazem parte do Sertão Central do Ceará. O ônibus é equipado com computadores, internet móvel e monitores que ensinam as práticas de informática para as comunidades  e visam promover a implementação de dez computadores em algumas localidades em que o veículo passar.

D´avila Junior, monitor do Sertão em Rede, informa que a tarefa central do projeto é fazer com que o máximo de pessoas tenham acesso a tecnologia digital. “A experiência está sendo  positiva e a Teia nos traz a perspectiva de uma intercâmbio com outros projetos, a troca de informações permite também que outras pessoas iniciem esse trabalho para vencer as barreiras da discriminação tecnológica”, explicou. Cerca de 300 jovens já passaram por atividades do projeto e a ideia é que sejam formados outros monitores, que futuramente pretendem montar Lan House´s nos municípios para dar continuidade ao processo de inclusão.

III Fórum dos Pontos de Cultura

O III Fórum dos Pontos de Cultura teve início neste domingo (28), com a discussão e aprovação  do Regimento Interno. Na segunda (29) serão realizados os debates que têm como objetivo criar uma dinâmica política-cultural entre os Pontos no Brasil, aliado a outras iniciativas que não são beneficiadas com financiamento. Na ordem do dia também está o fortalecimento do diálogo com outros Pontos de Cultura da América Latina, com a Lei do MERCOSUL para os Pontos de Cultura.

De acordo com Geo Brito, da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, o debate sobre a aprovação da Lei Cultura Viva é um dos momentos mais aguardados pelos delegados e será uma questão determinante para o movimento cultural brasileiro. “É importante a articulação e discussão das demandas para tornar permanente a temática na sociedade, o Fórum de Pontos de Cultura vem com esse sentido de mobilização e organização das ações,” explica.

A mídia tradicional desconhece o Brasil

Um esquema de comunicação foi montado para que as mídias alternativas colaborassem com a cobertura do evento, algumas TV´s, ONG´s e Associações têm um espaço reservado para trocar informações sobre a Teia Brasil 2010. O  Telecentro funciona  com 40 computadores entre a Praça Verde e a Feira das Ações e está sendo ocupado por organizações que informam em tempo real o que acontece durante as atividades da Teia.

As informações sobre o evento não mereceu o devido destaque na mídia tradicional, que prefere ignorar a influencia da cultura para transformar o país. O jornalista Renato Rovai participou do debate sobre Ponto de Mídia Livre e qualificou a Teia como “uma celebração, onde as diferentes manifestações culturais se encontram e nesse evento é possível ter uma dimensão maior do que é a cultura do país,” afirmou.

Rovai considerou infeliz a postura da mídia comercial, em não tratar a Teia de forma relevante, e diz  que “a mídia brasileira tem vergonha desse Brasil que está aqui” e que existem outros interesses que justificam a ausência dos grandes veículos de comunicação, “se fosse um evento com a ligação mídia-publicidade, atrelado a venda com certeza eles estariam aqui,” desabafou.

De Fortaleza, Ívina Carla