PCdoB festeja 88 anos e comemora filiação da cantora Leci Brandão
Recebida calorosamente pela militância comunista de São Paulo, Leci Brandão disse que sua missão é ajudar a mudar o Brasil e acabar com as injustiças sociais. Outra marca da festa dos 88 anos do PCdoB, foi a reafirmação da pré-candidatura de Netinho de Paula ao Senado. Vamos eleger o primeiro senador negro de São Paulo. O Senado é lugar de gente comprometida com o povo.
Publicado 28/03/2010 22:07 | Editado 04/03/2020 17:18
*Renata Mielli, de São Paulo
A quadra dos Bancários, no centro de São Paulo, ficou pequena para receber as caravanas de militantes do PCdoB que vieram de várias cidades e de todas as regiões da capital paulista para dar as boas vindas à cantora Leci Brandão. Foi uma tarde com muita música e alegria que reuniu mais de 1000 pessoas.
A cantora, que é pré-candidata a deputada estadual, foi recebida por todos com muitos aplausos e sob o grito de “Aha, Uhu! A Leci é nossa!”. Leci fez uma saudação breve, mas muito contundente. “Quando eu disse para vocês que Deus é maravilhoso, é porque eu tenho percebido que nos últimos anos eu tenho tido sinais muito positivos, de que eu vim pra essa terra não para ser artista, celebridade ou ser queridinha da mídia, eu vim pra essa terra para cumprir uma missão, em São Paulo, este estado que me acolheu, que me deu a sobrevivência, a decência e a dignidade artística”. Leci apresentou sua família, falou de religião, de injustiça e do desejo de mudar isso tudo.
“As pessoas dizem que eu tenho a cara amarrada. Minha cara é amarrada porque eu sei que os quilombolas não têm direito a suas terras, porque os índios são massacrados em suas terras, porque a sociedade quer impedir as cotas para que os negros ingressem nas universidades, porque a sociedade brasileira exclui as prostitutas, os homossexuais, as pessoas que tem necessidades especiais. Não dá para a gente rir quando a gente ouve um Senador da República chegar ao STF e dizer que a nossa ancestralidade consentia o estupro”, disse indignada.
Mas, apesar da cara amarrada, Leci falou que é uma pessoa feliz. “Sou feliz porque eu trabalhei, eu cantei, eu votei e eu elegi um metalúrgico para ser Presidente da República. Fiquei feliz porque o presidente criou a Secretaria da Igualdade Racial, a Secretaria para as Mulheres, colocou um negro no Supremo Tribunal Federal, colocou um negro no ministério do Esporte e mudou esse país. E ai dá para sorrir. Como dá para sorrir, quando a gente vê um menino negro que nasceu em Carapicuíba e que era chamado de pagodeiro e hoje é chamado de vereador Netinho de Paula. E nós vamos sorrir muito mais quando a gente colocar esse menino no Senado da República”.
Renato Rabelo falou da alegria da filiação de Leci Brandão ao PCdoB “essa autêntica mulher, que nos encanta com o seu trabalho, uma mulher de luta. Sua filiação é um orgulho e um incentivo ao Partido Comunista do Brasil.
Um negro no Senado
A festa de filiação de Leci Brandão também foi um momento de reafirmação da pré-candidatura de Netinho de Paula ao Senado. “O PCdoB vai oferecer um nome para o povo de São Paulo ter uma alternativa de um candidato ao Senado, uma pessoa que veio do povo, que é paulista, nasceu e se criou nas periferias da cidade de São Paulo, cresceu junto à juventude das nossas Cohabs. Esse homem, que se forjou nessa luta, ingressou na política e hoje é vereador do PCdoB de São Paulo. É o Netinho de Paula. O Netinho ingressou no partido em 2007 já com o sonho de representar o povo de São Paulo no Senado. Tem gente dizendo que no Senado só pode ter pessoas muito preparadas, gente que fez muita universidade, que sabe falar muitas línguas. Se fosse assim, o Lula nunca teria sido presidente da República. Nós temos que eleger gente que tem compromisso com o nosso povo e essas pessoas estão preparadas para exercer quaisquer cargos no nosso país. E o Netinho é uma dessas pessoas. Por isso, estamos apresentando o seu nome para disputar uma das vagas ao senado. Queremos mostrar a todas as pessoas que o Netinho vai comunicar ao povo, como ninguém, o porque esse projeto de mudanças iniciado pelo presidente Lula precisa ter continuidade”, disse Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB de São Paulo.
O Senador Eduardo Suplicy, que também esteve presente na festa, reforçou que a candidatura de Netinho de Paula é uma conquista do povo paulista.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, ressaltou que o PCdoB é o partido mais jovem do Brasil, “porque jovens são os nossos ideais, o nosso pensamento, a nossa perspectiva. O PCdoB está impregnado de gente do povo. Nos orgulhamos de lutar pelo socialismo. Por isso, nós do PCdoB estamos felizes e confiantes de que em outubro nós vamos ter uma mulher para comandar o Brasil. E tão importante como eleger Dilma Rousseff, vai ser eleger o primeiro senador comunista do estado de São Paulo que vai ser Netinho de Paula. A eleição de Netinho vai ser uma reposta para quem acha que só pode ter loiro de olho azul no Senado. O Senado é lugar de negão e de comunista!”
De cabeça erguida e ao lado do povo
Netinho de Paula falou que na sua vida as conquistas sempre foram suadas. “Aos 7 anos, quando eu estava vendendo doce numa estação de trem em Carapicuíba eu tomava uns petelecos e levavam os meus doces. Eu voltava chorando pra casa não porque eu tinha perdido o meu ganha pão, mas porque me chamavam de trombadinha. Depois, quando eu resolvi trabalhar como cantor, disseram que a minha música era lixo cultural. Aí, quando eu fiz o meu programa na TV, disseram que era auto-ajuda. Depois eu vim para a política e me chamaram de aproveitador. Se eu fosse um homem que me rebaixasse e prestasse atenção a críticas preconceituosas e maldosas eu não chegaria aonde cheguei. Eu não me amedronto, eu não vou abaixar a minha cabeça. Para chegar onde a gente quer, a gente só precisa do carinho e do respeito que eu sempre tive do meu povo do gueto”, disse Netinho.
Wander Geraldo, presidente municipal do PCdoB, coordenou o ato que contou a presença de lideranças do PCdoB e de outros partidos políticos. Entre os presentes estavam o deputado federal Aldo Rebelo, os vereadores paulistanos Jamil Murad e Netinho de Paula, o deputado estadual Pedro Bigardi, o ministro do Esporte, Orlando Silva, Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB, o senador Eduardo Suplicy, Miguel Manso do Partido Pátria Livre, o deputado federal do PSB Márcio França, Paulo Skaf, Protógenes Queiroz, o Secretário de Esportes de Campinas, Gustavo Petta, o diretor da Agência Nacional de Petróleo, Alcides Amazonas, além de lideranças dos movimentos sociais e do samba.
Veja a galeria de fotos da festa.
*Renata Mielli é Secretária Estadual de Comunicação do PCdoB-SP