“Nosso melhor caminho é com PSB e PCdoB”, defende Bira do Pindaré

Vermelho – Para onde deve caminhar o PT nestas eleições, com o PCdoB e o PSB(Flávio DIno) ou com o PMDB/DEM (Roseana Sarney)?
Bira do Pindaré – Obviamente que o melhor caminho é com o PCdoB/PSB.

Vermelho – Por quê?
Bira do Pindaré – Pela coerência. O PCdoB e o PSB são aliados históricos do PT. No plano nacional, estivemos juntos desde a primeira campanha de Lula para presidente em 1989. Não dá para virar as costas a quem sempre nos deu a mão. Além do mais, Flávio Dino foi o candidato escolhido pelo PT para prefeitura de São Luís, abrindo-se mão de uma candidatura própria. Como negar apoio nesse momento? Por qual motivo? Não faz sentido.

Vermelho – O eventual apoio a Flávio Dino atrapalharia a candidatura de Dilma, como alguns defendem?
Bira do Pindaré – Pelo contrário, só fortalece. Há um ditado popular que diz: “quem tem dois tem um, quem tem um tem nenhum” (risos). Dois palanques será melhor para Dilma, amplia sua votação e em nada altera a configuração de forças que lhe apoia nacionalmente. Sem falar que a candidatura do Flávio Dino nesse momento é única que possibilita a unidade interna do PT maranhense na vindoura disputa eleitoral. Algo inédito, pelo menos nos últimos 15 anos, e sempre reclamado pela Direção Nacional do PT, que aliás, por maioria, também prefere esse caminho.

Vermelho – O senhor lidera um coletivo partidário que tem, entre outros membros, o líder camponês mundialmente conhecido Manoel da Conceição. Qual seu sentimento diante da possibilidade do PT apoiar a mais antiga oligarquia brasileira, que é a oligarquia Sarney?
Bira do Pindaré – Meu sentimento é de tristeza. Manoel da Conceição é a maior liderança camponesa que o Maranhão e o Brasil já conheceram. Foi vítima da ditadura e da oligarquia. Foi torturado, exilado e teve uma perna amputada. Resistiu bravamente e escapou da morte. Quando retornou do exílio ajudou a fundar o PT, ao lado de Lula, Olívio Dutra e outros. Depois de ter sido o primeiro candidato do PT a governador de Pernambuco, retornou ao Maranhão, se radicando em Imperatriz, onde ainda mora. Hoje é nosso presidente de honra. Seria um acinte da nossa parte esquecer essa história. Mas isso não vai acontecer. Lutaremos e venceremos.

Vermelho – O senhor, Flávio Dino e outros podem representar um novo ciclo da política maranhense, com hegemonia da esquerda?
Bira do Pindaré – Creio que a sociedade maranhense está sedenta por renovação. Todas as pesquisas já apontam isso. A mudança geracional na política maranhense é inevitável. Acredito que o PT e PCdoB tem todas as condições do mundo de serem protagonistas nesse novo momento da nossa história e ajudarem a fazer aqui o que já ocorre nos demais Estados do Nordeste que se livraram dos coronéis e abriram caminho para um novo horizonte. O que queremos é isso: alternância no poder. O Maranhão precisa aderir à República, coisa que até hoje não aconteceu.

Vermelho – O senhor manteve ou mantém algum nível de conversações com membros da família Sarney, conforme reservadamente alguns adversários seus têm dito nos últimos dias?
Bira do Pindaré – Não mantenho e nunca mantive qualquer contato com o grupo Sarney. Eles divulgam essas inverdades com o propósito de confundir. Querem sempre fazer parecer que todos estão sob suas asas. Não vamos cair nessa. Temos história e compromisso com as mudanças que o nosso povo tanto precisa. Nossa bandeira é a esperança. Nossa trincheira é o Maranhão. Que Deus abençoe nossa luta.