Daniel Almeida: ser comunista é estar sintonizado com o povo
Em entrevista ao portal Vermelho, o deputado federal e presidente do PCdoB na Bahia, Daniel Almeida, faz uma avaliação da atuação do partido ao longo dos seus 88 anos de fundação, celebrados neste 25 de março. O mais antigo partido em atuação no país possui presença institucional e é forte no movimento popular no Brasil.
Publicado 24/03/2010 23:17 | Editado 04/03/2020 16:20
Fiel ao seu objetivo central de superar o capitalismo com a construção de uma sociedade renovadora, participativa, democrática e plural, pautada nos princípios socialistas, o PCdoB segue atuante na defesa de um novo Projeto de Desenvolvimento Nacional, aliando desenvolvimento à distribuição de renda, com geração de emprego e o acesso irrestrito a bens fundamentais, como saúde, educação e acesso à moradia. Para tanto, o partido aposta na continuidade e ampliação das conquistas implementadas pelo Governo Lula, em sintonia com o objetivo da consolidação da democratização das relações políticas e institucionais verificadas também na Bahia, com a gestão de Jaques Wagner, e na ampliação da sua bancada na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa do Estado.
Confira na íntegra:
Vermelho: Depois de 88 anos de fundação do PCdoB, o que significa ser comunista hoje no Brasil?
Daniel Almeida: Ser comunista no Brasil é estar sintonizado com a realidade política e com a vida do povo. O PCdoB tem, em suas bandeiras históricas, o objetivo claro de construir uma sociedade renovadora, e faz as lutas para alcançar esse objetivo; sempre consultando o nosso povo, atento para a necessidade de uma mobilização cada vez mais forte da sociedade e cada vez mais consciente de que estamos caminhando para um Projeto de Desenvolvimento Nacional mais identificado e mais próximo das aspirações do nosso povo.
Vermelho: E em que consiste, basicamente, esse Projeto?
DA: O Projeto Nacional de Desenvolvimento tem como objetivo superar as dificuldades que o país sempre enfrentou: o seu crescimento com distribuição de renda ligado a ações muito objetivas na impulsão do desenvolvimento industrial, tecnológico, na área da educação, da saúde e da democratização das relações políticas. E esse Projeto encontra, hoje, concretude na participação que o PCdoB faz no Governo Federal. Esse desenvolvimento passa por manter o Brasil no rumo que o Governo Lula conseguiu imprimir ao nosso pais nas mais diversas áreas, buscando ampliar as conquistas já alcançadas.
Vermelho: Quais são as principais bandeiras do partido, desde as mais históricas às mais atuais?
DA: O partido nasceu para construir um projeto político que pudesse superar o capitalismo no Brasil, levando em conta as condições e a realidade local. Em toda sua historia, tem atuado com esse horizonte a cada momento, fazendo as batalhas que foram necessárias Na sua fundação, participando da Semana de Arte Moderna, em 1922, nasceu aí junto com esse movimento democrático do país; participou ativamente do início da organização dos movimentos sociais, especialmente do movimento dos trabalhadores, ainda no início do século 20; participou ativamente das batalhas no meio século 20, como a defesa do ‘Petróleo é Nosso’, da democracia contra os regimes autoritários, pagando com um preço elevado com a própria vida de seus militantes para caminhar nessa direção; enfrentou a Ditadura Militar, fez a Guerrilha do Araguaia quando foi necessário lutar por liberdade; participou dos processos de luta pela redemocratização. Depois da conquista da legalidade, em 1985, batalhou sempre pela democratização do país na Constituinte, na defesa dos direitos dos trabalhadores, na organização do nosso povo, até a caminhada com Lula à Presidência da República em 2002. De lá pra cá, conduz, com Lula, esse grande projeto que o Brasil está experimentando.
Vermelho: Como avalia a presença do partido hoje junto ao movimento social e, em especial, junto à juventude?
DA: O partido tem marcas muito específicas. Se nós fizermos um balanço mais cuidadoso, vamos verificar e podemos até afirmar que somos um partido da juventude e das mulheres. O partido sempre teve uma forte presença na juventude e daí a sua oxigenação permanente; um partido que completa 80 anos cada vez mais jovem, porque mantém o rumo e se renova a partir, inclusive, da ascensão de lideranças do movimento juvenil que se agrega ao partido; bem como de mulheres. Não é a toa que temos a maior bancada feminina relativamente na Câmara dos Deputados e, na Bahia, as mulheres sempre estiveram à frente de projetos importantes. Então, essa é uma marca fundamental que identifica o partido, nos orgulha e nos honra muito; e é a garantia de um partido cada vez mais atual nas batalhas e na sua organização na defesa das suas bandeiras.
Vermelho: O partido registrou um crescimento muito grande na Bahia nos últimos anos, especialmente de 2008 pra cá. A que você atribui esse crescimento e como o partido vê os caminhos da política no estado?
DA: A Bahia sempre teve presente em todas as etapas da vida partidária e, durante toda trajetória de organização, produziu grandes lideres na luta popular e na luta juvenil também. E é essa posição que o PCdoB ostenta hoje: de ser o partido com maior presença institucional e no movimento popular no Brasil. Então, o partido teve uma grande vitoria na eleição de 2008, com eleição de 18 prefeitos; teve já uma vitoria anterior, na eleição de (Jaques) Wagner com a derrota do ciclo carlista na Bahia. Os desafios de hoje, no nível nacional, é a eleição de Dilma (Roussef), que corresponde à continuidade e ampliação do projeto que o Brasil implementa, e, na Bahia, a eleição do governador Jaques Wagner, que dá início a um novo ciclo de vida política, institucional e econômica no estado, com a democratização das relações, com planejamento da ação do estado com grande êxito nesses três primeiros anos de Governo. Então, é articular esse projeto nacional e o projeto da Bahia com a ampliação da sua bancada. Nós temos dois deputados federais, queremos chegar a três; e temos três estaduais, que queremos ampliar para quatro ou cinco, preparando o partido para alcançar o patamar de partido médio, chegando a em torno de 20 deputados federais e jogar portanto, assim, um papel maior na vida política da Bahia e do Brasil.
De Salvador,
Camila Jasmin