Messias Pontes – Zé Serra será candidato a presidente? (II)

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Nos aproximamos da data limite para desincompatibilização – três de abril – e o governador paulista, José Serra, ainda não resolveu o seu problema hamletiano de ser ou não candidato a presidente da República. Ele está vendo o barco da oposição conservadora de direita fazer água e por isso mesmo não quer arriscar ficar sem mandato e, com isso, no ostracismo político.

Quanto mais o tempo passa, mais a cúpula demo-tucana e toda a grande mídia conservadora, venal e golpista pressionam para Zé Serra anunciar a sua pré-candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Paralelamente, pressionam também o governador mineiro Aécio Neves para aceitar ser o vice na chapa puro-sangue tucana. Mas o neto de Tancredo Neves responde negativamente e diz que já decidiu disputar uma cadeira no Senado Federal.

O inferno astral do governador paulista parece não ter fim. Até o Coisa Ruim, que ele não quer ver nem de longe, está desafiando a situação para um confronto dos oito anos do desgovernos dele com os oito do presidente Lula. Era tudo o que Lula e sua candidata Dilma Rousseff queriam. E Serra não vai escapar desse confronto, pois vai ser apresentado como o candidato daquele que desmontou o Estado brasileiro e entrou para a história pela lata do lixo. Só três por cento do eleitorado garante votar num candidato apoiado pelo traidor entreguista.

A última semana foi particularmente péssima para as pretensões do demotucanato. A confirmação de que o presidente Lula transfere votos para a sua candidata fez crescer a careca de Serra. Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Mapear na Baixada Fluminense, que concentra 25% do eleitorado do Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral do País, Dilma empata na consulta estimulada, ficando um pouco à frente. Mas quando o eleitor é in formado que Dilma é a candidata de Lula, ela passa de 26,9% para 42,4%, e ele cai de 26,3% para 21,4%, portanto o dobro. E a tendência é aumentar.

Mas o tempo fechou mesmo foi em Minas, onde o demotucanato apostava todas as fichas , numa última e desesperada tentativa, para arrancar o compromisso de Aécio, por ocasião do centenário de Tancredo Neves e a inauguração do Centro Administrativo que leva o seu nome. Constrangido, Serra teve de ouvir um coro de cinco mil vozes gritando “Aécio Presidente”. E para completar, o jornal Estado de Minas publicou editorial intitulado “Minas a reboque, não”, exaltando o governador a rejeitar o “papel subalterno” que lhe oferece a cúpula tucana.

E o que dizer da recente declaração dada pelo Coisa Ruim, divulgada pelo jornalista Kennedy Alencar em sua coluna na UOL, afirmando que “é melhor eventual derrota mostrando de forma agressiva que o PSDB é também responsável pelas políticas públicas hoje identificadas apenas com Lula do que realizar uma campanha acuada”? Isto é ou não o reconhecimento tácito da vitória de Dilma Rousseff?

Com a quase certeza da derrota, Zé Serra será candidato a presidente?

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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