Pedofilia: padres assediam e espancam crianças na terra do papa
Padres alemães são acusados de ter espancado e abusado sexualmente de garotos há décadas, em pelo menos três instituições da Bavária, região no sul do país onde nasceu o papa Bento 16. Uma delas é um famoso coro que já foi liderado pelo irmão do atual pontífice.
Publicado 06/03/2010 10:07
As denúncias dos abusos vieram à tona após casos ocorridos em escolas jesuítas de outras regiões chocarem a Alemanha, no mês passado. Os abusos foram registrados no coro da catedral de Ratisbona, na escola do monastério beneditino de Ettal e em uma escola de capuchinhos em Burghausen.
O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos, irmão do papa e que liderou o coro de 1964 a 1994, disse a uma rádio local que não tinha conhecimento dos abusos. O grupo costuma se apresentar por toda a Alemanha e em outros países.
A diocese de Ratisbona — onde o papa ensinou teologia na universidade de 1969 a 1977 — afirmou que não há casos atuais de abusos e que deve investigar as acusações de ocorrências passadas. Segundo a diocese, um padre abusou sexualmente de dois garotos em 1958 e foi condenado a dois anos de prisão. Outro clérigo cumpriu pena de 11 meses em 1971. Ambos já morreram.
Três homens dizem ter sofrido com abusos sexuais, espancamentos e humilhações no início dos anos 1960, quando estudavam no colégio interno ligado ao coro. A diocese diz investigar as ocorrências e que mais detalhes podem ser revelados.
Espancamentos
Em Ettal, Thomas Pfister, um advogado que investiga as acusações na escola do monastério, afirma que centenas de meninos foram espancados e alguns sofreram com abusos sexuais décadas atrás. "Houve muitos casos extremos de má conduta, que normalmente teriam sido punidos com longas sentenças de prisão", disse. "Um manto de silêncio foi jogado sobre as acusações." Segundo o advogado, um monge, já morto, cometeu "uma série de assédios e abusos sexuais contra crianças pequenas e outras mais velhas".
O reverendo Johannes Bauer, atual tesoureiro do monastério, admitiu ter batido em alunos quando foi professor na escola, de 1985 a 1987. "Para minha vergonha, devo dizer que eu abusei fisicamente de crianças, de maneira brutal, e também as humilhei", afirmou. "Sinto muito e peço perdão do fundo do meu coração." O monastério pediu ajuda ao Vaticano para tomar uma "nova direção espiritual". A Santa Sé diz que vai mandar um inspetor ao local.
A ordem dos capuchinhos reconheceu que um ex-diretor da escola de Burghausen abusou sexualmente de meninos em 1984 e 1985. Os casos foram investigados em 1991, mas a única providência tomada foi a transferência do religioso. Só neste mês ele foi suspenso.
Da Redação, com informações da Reuters