Manifestação irreverente contesta monopólio da mídia
Em contraponto ao 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado em luxuoso hotel de São Paulo pelo Instituto Millenium – comandado por poderosas empresas midiáticas, além de grandes bancos e indústrias –, movimentos montaram um verdadeiro circo na Alameda Santos, para denunciar a “palhaçada” que se armava dentro do hotel. Ironia e n irrevenrência marcaram o “Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão – contra a criminalização dos movimentos sociais”.
Publicado 02/03/2010 10:12
“Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor!”. Com este tom irreverente, a manifestação “Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão – contra a criminalização dos movimentos sociais” montou um verdadeiro circo, nesta segunda-feira (1/3), em frente ao hotel Golden Tulip, onde ocorria o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, que reuniu representantes da Veja, da Folha de S. Paulo, do Estadão, da Globo, entre outros, além do apoio da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ). Para se inscrever em tal Fórum, o ingresso custava nada menos que 500 reais. Impossibilitados, portanto, de participar do debate diretamente com os “barões da mídia”, os movimentos resolveram protestar contra o oligopólio dos meios de comunicação em frente ao evento.
A chamada para o Fórum de Rua era “Se você também acha que a mídia é uma palhaçada, venha vestido a caráter”, e, assim, palhaços, bobos-da-corte e as mais diversas formas de caracterização, com direito a chapéus engraçados e narizes de palhaço, tomaram conta daquele trecho da Alameda Santos, junto a faixas e cartazes em defesa da liberdade de expressão para o povo.
Matéria do G1 noticiando o evento do Instituto Millenium informa que “A democracia e a liberdade de imprensa estão em perigo na América Latina e países como o Brasil e o Chile seriam os modelos a ser seguidos, segundo jornalistas latino-americanos opositores ao governo de seus países que participaram nesta segunda (1º), em São Paulo, do painel de abertura do 1º Fórum Democracia & Liberdade de Expressão”. Este foi o tom da cobertura de todos os grandes veículos de comunicação sobre o pomposo evento.
Os fujões da Confecom
"Eles fugiram do debate na Confecom e agora querem debater democracia e liberdade de expressão, que liberdade é essa? Deve ser a liberdade do monopólio", conclui o representante da Associação Vermelho Altamiro Borges, conhecido pelo movimento por Miro. O Fórum de Rua é uma iniciativa de entidades da sociedade civil que se organizaram para participar da Primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e agora decidiram manter um fórum permanente de debates. Esta é a primeira de uma série de manifestações de ruas e ações que este fórum pretende realizar, segundo Miro.
Durante a atividade, ao menos três viaturas da Polícia Militar se aproximaram dos manifestantes e se enfileiraram à frente do hotel. À presença da polícia, o representante do Intervozes João Brant ironizou: “quero agradecer a presença da polícia de São Paulo, pois de fato há muitos bandidos aí dentro deste hotel, como aquele que era presidente da RCTV, da Venezuela, e muitos outros… há muita gente perigosa aí, agradecemos vocês virem nos proteger”.
O Fórum de Rua contou com participação de diversas entidades da sociedade civil, como a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), o Coletivo Intervozes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Associação Portal Vermelho, a Articulação Mulher e Mídia, a Marcha Mundial de Mulheres, a União da Juventude Socialista (UJS), a Revista Viração, o Conselho Regional de Psicologia, o sindicato dos Radialistas, entre outros.
Registro da União Nacional dos Estudantes (UNE) revela um pouco do que foi o ato:
Ao final foi feito um desfile simbólico ao redor de um picadeiro improvisado, em referência ao verdadeiro circo, montado pelos barões da mídia brasileira naquela segunda-feira (1/3), dentro daquele luxuoso hotel.
Em breve, vídeo da TV Vermelho sobre o Fórum de Rua.
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De São Paulo, Luana Bonone, com informações de Ricardo Reis, G1 e Estudantenet