Em Olinda, Bacalhau deixa um gostinho de quero mais

Se para uns a Quarta-feira de Cinzas é dia de descansar depois de brincar os quatro dias de folia, para outros, inconformados com o fim do Carnaval, acaba virando um quinto dia de festas.

E é isto o que acontece todos os anos em Olinda: milhares de foliões aproveitam a “Quarta-feira ingrata” para passar cada minuto ao som de muito frevo. Neste dia, tradicionalmente há 48 anos, sai o Bloco do Bacalhau do Batata. E com o objetivo de animar os foliões e lhes garantir energia para acompanhar a agremiação, surgiu o Bloco Mungunzá de Zuza Miranda e Thaís, que distribui mungunzá para quem estiver na concentração. Os dois blocos saíram, juntos, na manhã de ontem, pelas ladeiras da Cidade Alta, arrastando os amantes da Folia de Momo.

Durante a distribuição do mungunzá, uma orquestra de frevo, passistas, bonecos gigantes e porta-estandarte garantiram a animação no Alto da Sé. “Nosso bloco surgiu com o objetivo de animar os foliões que aguardam a saída do Bloco Bacalhau do Batata. Fizemos uma valsa de bonecos gigantes e uma corrida dos monstros, para quem subisse primeiro a ladeira da Sé”, explicou o fundador do Bloco Mungunzá, Zuza Miranda. O engenheiro civil Ricardo Ramos, 29, estava com um grupo de dez pessoas vindas de Fortaleza, capital do Ceará. Fantasiado de Super-Homem, queria aproveitar até o fim a folia de Olinda. “Ainda sobrou um pouco de energia para brincar hoje (ontem)”, comentou.

Aos poucos, uma multidão de foliões se juntou aos blocos. Com uma placa “Calma… Faltam apenas 380 dias”, o administrador de empresas Sérgio Barreto, 51, é morador de Olinda e acompanha os blocos da Quarta-Feira de Cinzas há 15 anos. “Essa festa é boa porque dá ânimo para que não acabemos o Carnaval tristes. Fizemos esta placa para avisar às pessoas que só faltam 380 dias para recomeçar a festa”, comentou. A psicóloga Maria Celi Crispim, 55, moradora do Rio de Janeiro, também estava empolgada com a folia. “Adoramos o Carnaval daqui. Acompanhamos os blocos e ainda temos animação para mais festa. Se tiver oportunidade, voltarei no ano que vem”, confessou.

O Bloco Bacalhau do Batata foi fundado pelo garçom Isaías Pereira, de apelido Batata, em 1962. “A ideia surgiu porque ‘Batata’ trabalhava todo o Carnaval e só tinha a quarta-feira para se divertir. Ele criou o bloco para que pessoas como ele pudessem brincar ao menos um dia da festa. Começamos com umas dez pessoas e hoje esperamos aproximadamente 10 mil. Esse bloco acabou virando tradição no Carnaval de Olinda”, contou o organizador do bloco, Antônio Lucena, 60.

Fonte: Folha de Pernambuco