Remessa sangra país em US$ 25 bi; desemprego acende sinal amarelo
O Banco Central (BC) informou que as multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 5,326 bilhões ao exterior, na forma de remessa de lucros e dividendos, em dezembro de 2009. O resultado é 69,3% maior do que em igual mês de 2008. Já o emprego não atingiu a meta do governo de criar um milhão de postos.
Publicado 21/01/2010 14:20
No acumulado do ano de 2009, essa sangria atingiu US$ 25,218 bilhões, 25,6% menos do que em 2008. Entre os setores que mais remeteram lucros estão os de veículos (15,1%) e serviços financeiros (8,8%). Para 2010, o BC prevê aumento das remessas para US$ 30,2 bilhões.
Segundo o BC, a taxa de rolagem dos empréstimos externos de médio e longo prazo ficou em 53% em dezembro de 2009. O patamar foi superior ao de igual mês de 2008, quando o percentual ficara em 47%.
Entre os empréstimos que venceram no último mês de 2009, 53% das operações com papéis foram roladas e 54% dos empréstimos diretos foram renovados. Em todo o ano de 2009, a taxa de rolagem desses empréstimos atingiu 88%, contra 109%, em 2008. De todas as operações realizadas em 2009, 95% dos papéis que venceram no período conseguiram ser renovados. Nos empréstimos diretos, a rolagem ficou em 72%.
Farra na bolsa
Já a farra na bolsa saltou de -US$ 7,5 bi, em 2008, para US$ 37 bi, ano passado. O fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) para o Brasil somou US$ 5,109 bilhões em dezembro. Com isso, fechou 2009 com saldo de US$ 25,949 bilhões, equivalente a 1,65% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados do Banco Central.
Em dezembro de 2008, o IED fora de US$ 8,115 bilhões, levando o resultado daquele ano a fechar em US$ 45,058 bilhões, ou 2,75% do PIB. Ou seja, em 2009, o IED foi 57,5% da registrada no que no ano anterior em termos absolutos e 60% em termos percentuais.
Investimentos em renda
No total de IED recebido em 2009, o fluxo para participação no capital somou US$ 19,906 bilhões e os empréstimos entre companhias, US$ 6,042 bilhões. Em 2008, o investimento para participação no capital somara US$ 30,064 bilhões e os empréstimos intercompanhias, US$ 14,994 bilhões.
O investimento estrangeiro em ações brasileiras atingiu US$ 3,451 bilhões em dezembro, fechando 2009 com valor recorde de US$ 37,071 bilhões. Em dezembro de 2008, os investimentos em ações tiveram déficit de US$ 911 milhões e encerraram o ano com saldo também negativo de US$ 7,565 bilhões.
Ano passado, os investimentos em ações negociadas no país somaram US$ 32,097 bilhões, sendo US$ 3,445 bilhões em dezembro, enquanto os papéis brasileiros negociados no exterior fecharam 2009 com aquisições líquidas de US$ 4,974 bilhões, sendo US$ 6 milhões mês passado.
O desempenho das ações em 2009 foi influenciado pela oferta de ações do Banco Santander no Brasil. Os investimentos estrangeiros em renda fixa em 2009 somaram US$ 9,087 bilhões, com déficit em dezembro passado de US$ 370 milhões. Em 2008, atingiram US$ 6,798 bilhões, mesmo com saldo negativo em dezembro de US$ 4,464 bilhões.
Fluxo cambial
O chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, informou ainda que o fluxo cambial em janeiro até o último dia 18, ficou em positivo em US$ 816 milhões. No mesmo período, o fluxo comercial foi negativo em US$ 871 milhões, resultado de exportações de US$ 4,627 bilhões e de importações de US$ 5,498 bilhões.
O fluxo financeiro, por sua vez, foi positivo em US$ 1,687 bilhão em janeiro até o dia 18, resultado de entradas de US$ 12,876 bilhões e de saídas de US$ 11,190 bilhões. Segundo Altamir, os bancos reduziram sua posição comprada em câmbio para US$ 3,028 bilhões, em 18 de janeiro, contra US$ 3,391 bilhões em dezembro passado.
O chefe do Depec informou também que o BC adquiriu, no mercado à vista, US$ 1,279 bilhão em janeiro até dia 18, e ainda houve US$ 141 milhões de empréstimos em moeda estrangeira que retornaram para a autoridade monetária ao longo dos 18 primeiros dias deste mês.
Já o gasto de turistas estrangeiros no Brasil em 2009 foi o segundo melhor da série histórica desde 1947. Segundo o Banco Central, o país faturou US$ 5,3 bilhões com o dinheiro movimentado pelos estrangeiros no ano passado. Houve queda de 0,59% em relação ao ano anterior nos gastos de brasileiros no exterior em 2009. Foram U$ 10,89 bilhões, o dobro da receita obtida com os estrangeiros.
Desemprego
Outro dado da economia que ascende o sinal amarelo é o número de demissões, acima da expectativa. A meta do governo de gerar 1 milhão de empregos formais em 2009 não foi atingida. No ano passado, foram criados 995.110 novos postos de trabalho com carteira assinada, o pior resultado desde 2003, primeiro ano da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O resultado foi insuficiente para empregar as cerca de 1,5 milhão de pessoas que entram no mercado de trabalho anualmente; além disso, o país entraram 2009 com 695 mil demitidos no final de 2008, na pior fase da crise internacional.
O número de 2009 refletiu a perda de 415.192 vagas somente em dezembro – número que ficou acima da média normalmente verificada nesse período, mesmo com a contratação de 1,068 milhão de trabalhadores, recorde para o mês. Os números sugerem que a recuperação do mercado de trabalho não é a realidade que vinha sendo propalada.
Em dezembro de 2008, no auge da crise, 654.946 vagas foram fechadas. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, amenizou a surpresa negativa e renovou as promessas para 2010, falando em criação de mais de 2 milhões de empregos. No ano, apenas a agricultura ficou no negativo, com fechamento de 15.369 vagas.
Com agências