Haiti: mortos podem passar dos 100 mil, diz primeiro-ministro
O primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, disse hoje (13) em entrevista à cadeia de televisão norte-americana CNN que teme que o número de mortes provocadas pelo terremoto que atingiu o país passe de 100 mil. As informações são da agência Lusa.
Publicado 13/01/2010 18:36
"É difícil estimar com precisão o número de vítimas, quantas construções desmoronaram com os habitantes no interior. Penso que são mais de 100 mil", disse. O número equivale a mais de 1% do total da população do Haiti, calculada em cerca de 9 milhões de habitantes.
"Espero que isso não seja verdade, espero que muita gente tenha tido tempo de sair, mas tantos, tantos edifícios foram totalmente destruídos. Em alguns bairros não se vê ninguém, não sei para onde foram essas pessoas", acrescentou o primeiro-ministro.
De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, 3 milhões de pessoas foram atingidas pelo terremoto. O tremor, de 7 graus na escala Richter, atingiu principalmente a capital haitiana Porto Príncipe. O terremoto também foi sentido em Cuba, na Jamaica e nas Bahamas.
Entre os mortos estão 12 brasileiros, 11 militares e a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns Neumman.
Ajuda brasileira
Diante da devastação causada pelo terremoto no Haiti, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje o repasse de US$ 15 milhões para o país vizinho nos próximos dias. O dinheiro virá do orçamento do próprio Itamaraty. Está será a maior ajuda financeira enviada pelo Brasil a outros países nos últimos anos. Antes dos haitianos, os palestinos tinham sido os que receberam o valor mais alto em espécie do governo brasileiro – US$ 10 milhões.
O chanceler, no entanto, reconheceu que há dificuldades em repassar os recursos, assim como distribuir os alimentos e a água enviados para o país caribenho. Segundo Amorim, as dificuldades começam na falta de acesso à comunicação. “Há dificuldades em entrar em contato com as autoridades haitianas. Não foi possível até o momento expressar o nosso engajamento para ajudar o povo”, disse.
As dificuldades de comunicação no país vizinho se devem à interrupção nas linhas telefônicas e internet. Amorim disse que está mantendo contato com o encarregado de negócios da embaixada brasileira, Cláudio Campos, via email.
O ministro ressaltou que as dificuldades no Haiti sempre existiram, mas se acentuaram depois dos abalos sísmicos. O chanceler lembrou que esteve no país por oito vezes e a recomendação que recebeu foi para evitar pousos e decolagens noturnas pela falta de controle aéreo na região.
Além dos US$ 15 milhões, o governo brasileiro vai enviar oito aviões com alimentos e água para o Haiti. Um eles, um C-130 Hércules, seguiu de Brasília rumo a Porto Príncipe (capital haitiana), na manhã de hoje (13). Foram levados açúcar cristal, embutidos, sardinha e água.
Há 1.310 brasileiros no Haiti, dos quais 1.250 são militares servindo nas forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o Itamaraty.
O mais grave dos terremotos ocorreu ontem (12) por volta das 17h (horário local) e não destruiu a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, mas causou rachaduras e várias danificações no prédio. Por segurança, os funcionários deixaram o local e foram alojados no centro cultural Brasil-Haiti. Não há informações de funcionários da embaixada feridos ou desaparecidos.
Da redação, com Agência Brasil
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