Belém completa 394 anos
Belém completa nessa terça-feira (12/01); 394 anos de sua fundação, a cidade é conhecida pelo seu povo hospitaleiro e lutador, herdeiro de uma das lutas mais importantes do povo brasileiro “a cabanagem”. A cidade já foi governada pelas forças de esquerda de 1997 à 2004, hoje está entregue ao desgoverno de Duciomar Costa, porém o povo resiste e luta por melhores condições de infra-estrutura, saúde e educação para cidade.
De Belém,
Moisés Alves
Publicado 11/01/2010 17:06 | Editado 04/03/2020 16:53
Origem da Cidade de Belém
Belém foi fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco com o nome de "Feliz Lusitânia", sendo depois batizada de "Santa Maria de Belém do Grão-Pará". O nome Belém veio mais tarde, em homenagem a um dos mais antigos bairros de Lisboa, Portugal, também chamado Belém.
Criada como porto fluvial, Belém nasceu na mesma época que o Forte do Presépio (ou Forte do Castelo) foi construído. O objetivo era dificultar o acesso de estrangeiros, holandeses e ingleses, à região.
Em 1751, é elevada à capital do Maranhão e do Grão-Pará, estados que cobriam o extremo norte do país.
Cabanagem! Uma luta popular
Entre 1835 e 1840, Belém e outras cidades do Pará foram palco de uma das revoltas populares mais importantes do período da Regência, denominada de Cabanagem.
Os "cabanos" (moradores de cabanas nos vilarejos ribeirinhos), compostos de índios, negros e mestiços, lutaram contra o domínio português na região, exigindo melhores condições de vida para população. Eram apoiados por fazendeiros do local descontentes com a política do governo imperial.
Liderados pelo cônego Batista Campos, os cabanos conquistaram Belém, a capital da província, em 1835. Cinco anos mais tarde, perderam a luta sendo mortos cerca de 30 mil. Os que sobreviveram foram presos, tornando-se escravos.
Era da Borracha
Na Era da Borracha ou Ciclo da Borracha, Belém vivenciou a Belle Époque, momentos de luxo e glamour. Belém e Manaus eram na época consideradas as cidades brasileiras das mais desenvolvidas e umas das mais prósperas do mundo, principalmente Belém, não só pela sua posição estratégica – quase no litoral -, mas também porque sediava um maior número de residências de seringalistas, casas bancárias e outras importantes instituições que Manaus. O apogeu foi entre 1890 e 1920, gozando de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam. A cidade possuía o Cinema Olympia (até hoje possui, sendo o cinema mais antigo do Brasil em funcionamento, hoje chamado de Espaço Municipal Cine Olimpia), considerado um dos mais luxuosos e modernos de seu tempo, inaugurado em 21 de abril de 1912 no auge do cinema mudo internacional. A cidade possui o famoso Teatro da Paz, considerado um dos mais belos do Brasil, inspirado no Teatro Scala, de Milão, o mercado do Ver-o-Peso, a maior feira livre da América Latina,o Palácio Antônio Lemos, o Colégio Gentil Bittencourt e Praça Batista Campos.
Pela mesma razão, foram atraídas nesse período levas de imigrantes estrangeiros como portugueses, chineses, franceses, japoneses, espanhóis e outros grupos menores, com o fim de desenvolverem a agricultura nas terras da Zona Bragantina.
A comarca da capital, com sede em Belém, envolvia além do seu município, os de Acará, Ourém e Guamá. Possuía quinze freguesias: a de Nossa Senhora da Graça da Sé, Sant'Ana da Campina, Santíssima Trindade e Nossa Senhora de Nazareth do Desterro, estas na capital. No interior as de São José do Acará, de São Francisco Xavier de Barcarena, de Nossa Senhora da Conceição de Benfica, de Sant'Ana de Bujaru, de Nossa Senhora do Ó do Mosqueiro, de Sant'Ana do Capim, de São Domingos da Boa Vista, de São João Batista do Conde, de São Miguel do Guamá, de Nossa Senhora da Piedade de Irituia e do Divino Espírito Santo de Ourém.
Observa-se que nessa época o indígena teve participação direta na economia local, por já está mais reservado nas áreas afastadas dos centros urbanos vivendo sua própria cultura, depois de ter enfrentado por muitas vezes os colonizadores em muitos conflitos.
Cresceu, em contrapartida, o comércio de escravos trazidos para os trabalhos gerais necessários e surgiu a figura do caboclo que já se desenvolvia com a miscigenação.
Características da Cidade
Localização: entre o rio Guamá e a baía de Guajará
Área: 1.065 Km2
Habitante: belenense
População residente: 1.437.600
Densidade Demográfica (hab/km2): 1.201,39
Clima: quente e úmido
Economia: comércio e serviços
Saúde: 31 hospitais
Educação: 06 bibliotecas publicas, 368 escolas de ensino pré-escolar, 447 escolas de ensino
fundamental e 96 escolas de ensino médio, Instituições de Ensino Superior: 05 publicas e 19 particulares
O que tem Belém
Conhecida pelas mangueiras, por suas árvores seculares, algumas com mais de 50 metros de altura, Belém está situada a 14 metros do nível do mar, sendo seu porto o mais próximo da Europa e dos Estados Unidos, o que aumenta o seu potencial econômico e turístico.
Veja agora um pouco de seu artesanato, comidas típicas, frutos regionais e folclore:
– Artesanato
Seu artesanato é rico e muito conhecido fora dos arredores da cidade. A cerâmica é a mais tradicional, sendo dividida em três grupos: marajoara, santarena ou tapajônica e maracá. Os dois últimos são os mais expressivos, cujas peças mais procuradas são os vasos funerários, tangas e estatuetas.
– Comidas típicas
A cidade também é famosa pelas comidas típicas como o pato no tucupi, tacacá e maniçoba.
O pato no tucupi é o prato mais famoso de Belém. Consiste num pato assado no forno com tucupi (suco de uma espécie de mandioca fervido com alho e chicória) adicionado com folhas de jambu (planta da Amazônia) cozidas.
Inventado pelos índios, o tacacá é uma sopa preparada com tucupi, camarões secos, goma (minguau de mandioca) e jambu. É encontrado nas barracas das "tacacazeiras" localizadas nas esquinas de Belém.
A maniçoba é feita de folhas de mandioca moídas e cozidas por oito dias. No quarto dia, ganha chouriço, toucinho e charque.
– Frutos regionais
Cupuaçu, castanha do pará e açaí tornaram-se famosos que deixaram a cidade para serem saboreados em outras regiões.
Com seis a dez metros de altura, a fruteira de cupuaçu é típica da Amazônia e dá frutos em forma de cilindro de casca dura. No interior, sementes grandes recobertas com uma massa espessa de cheiro agridoce. Geléias, doces, sucos, licores e recheios podem ser feitos a base da fruta.
A Castanha do Pará é um dos principais produtos exportados do Pará. É usada para fazer confeitos, sorvetes, recheios, balas e coberturas de bolo. Quando fresca fornece um leite usado para preparar pratos típicos da região.
E o açaí é fruto do açaizeiro, árvore característica da Amazônia que produz cachos com dezenas de frutos redondos de cor roxa. Pode ser bebido gelado com açúcar ou não, acompanhado de farinha d'água ou tapioca, entre outros condimentos. Em Belém, é vendido em postos onde tem pendurada uma bandeira vermelha escrito o nome da fruta em branco.
– Folclore
Seu folclore é único e muito valorizado pela população. É originário dos índios e dos caboclos amazônicos. Um dos ritmos mais conhecidos é o carimbó e o folguedo mais popular é o boi-bumbá.
O carimbó é uma dança africana marcada pelo atabaque (tambor africano). Os pares dançam soltos e o cavalheiro é quem comanda os passos seguido pela dama. Sua característica principal é marcação do ritmo com a perna direita e arrastando a perna esquerda. Os braços ficam elevados, acompanhando o gingado do corpo.
Emoção e fé
O círio de Nossa Senhora de Nazaré é a manifestação religiosa mais importante de Belém, sendo comemorada na cidade há mais de dois séculos.
Atraindo pessoas de vários estados do país, o Círio é sempre realizado no segundo domingo de outubro e dura quinze dias, em média.
Na manhã de sábado que antecede o evento, acontece a Romaria Fluvial do Círio com um barco que leva a imagem de Nossa Senhora de Nazaré até o Porto de Belém.
À noite, a imagem é levada até a Catedral Metropolitana de Belém para seguir, no domingo, pelas principais ruas da cidade, totalizando um percurso de 3 Km.
Acompanhada por cerca de 2 milhão de fiéis, a imagem é carregada numa berlinda ricamente ornada, sendo conduzida até o destino final que é a Basílica de Nazaré.
Nas ruas, crianças vestidas de anjos e pessoas pagando promessas fazem parte da procissão mais contagiante a qual Belém todos os anos assiste.
Futebol
Os principais clubes de futebol são Clube do Remo e Paysandu Sport Club, conhecidos por sua rivalidade. Outro tradicional clube de futebol do Pará é a Tuna Luso Brasileira, fundada pela comunidade portuguesa de Belém. Também existem outros grupos menores que disputam o campeonato, como o Abaeté Futebol Clube, o Clube Municipal Ananindeua o Águia de Marabá Clube, e o Castanhal Esporte Clube .
Remo contra Paysandu é o clássico da cidade de Belém, conhecido como Re-Pa: estes dois clubes se confrontam desde 10 de junho de 1914 (Remo 2 a 1) . Nenhum outro clássico do Brasil foi jogado tantas vezes quanto este, com quase 700 edições, e é considerado o maior clássico da região Norte do Brasil.
Segundo o arquiteto do estádio Mangueirão, o estádio em si precisaria apenas de pequenos ajustes, a arena teve uma ampla reforma concluída em 2002.
*Fontes: (Dados do IBGE – 2008/ Livro – Belém, Uma História Que Queremos Contar/ Belém da memória: história da capital do estado do Pará – Interfaces Cultural)