Após 3 mortes em ataque a ônibus, Togo deve jogar Copa Africana
O governo de Togo anunciou neste sábado, através de Pascal Bodjona, ministro de administração territorial do país, a desistência de disputar a Copa Africana das Nações, em Angola. Horas depois, porém, o atacante Thomas Dossevi, do Nantes, disse que a equipe togolesa participará da competição.
Publicado 10/01/2010 06:57
“Queremos mostrar nossos valores, o amor ao nosso país e que somos homens. Em memória das vítimas, vamos participar do campeonato”, disse ele à agência France Press. Dossevi contou que a decisão foi tomada quase por unanimidade pelos jogadores. Uma decisão oficial deverá ser anunciada neste domingo.
Na sexta-feira, a delegação sofreu atentado a tiros na região separatista de Cabinda, quando viajava de ônibus. Três pessoas morreram: o motorista do ônibus, o assessor de imprensa Stan Ocloo e o auxiliar técnico Abalo Amélété.
“O governo togolês decidiu pedir a volta da equipe. Não podemos continuar na Copa Africana de Nações com essa situação dramática. Isso foi necessário porque nossos jogadores estão em estado de choque e porque acreditamos que a segurança que deveria estar destinada aos nossos jogadores não tem a garantia necessária”, declarou o ministro inicialmente.
Antes da desistência oficial, o atacante Adebayor, estrela da equipe e companheiro de Robinho no Manchester City, já havia confirmado a sua volta para a Inglaterra, onde mora. Kodjovi Obilalé, goleiro reserva, foi gravemente ferido e transportado com urgência para a África do Sul, onde está internado em estado grave. Há ainda outros sete feridos, entre eles o zagueiro Serge Akakpo. “Muitos jogadores viram a morte de perto” disse Adebayor, que ficou em estado de choque.
Viagem deveria ter sido de avião
Apesar da desistência de Togo, a Copa Africana está confirmada e começa neste domingo. A Confederação Africana de Futebol (CAF), que organiza o torneio, disse que a seleção do Togo deveria ter ido para Angola de avião. A seleção foi avisada para não viajar de ônibus na região separatista de Cabinda.
“Pedimos para todas as delegações informarem quando chegariam e fornecerem o número de passaporte de seus jogadores. Togo foi a única seleção a não responder e não informar ao Cocan que viria de ônibus”, afirmou Virgilio Santos, um funcionário do comitê organizador do campeonato. “As regras são claras: nenhum time deveria viajar de ônibus. Não sei o que os levou a fazer isso.”
Não houve ainda qualquer sugestão para que as partidas a serem realizadas em Cabinda sejam canceladas. A região, localizada entre a República Democrática do Congo e a República do Congo, é uma das quatro províncias escolhidas para sediar partidas em Angola. A área tem sido alvo de ataques de rebeldes separatistas, mesmo após o término, em 2002, da guerra civil de Angola.
O braço armado do grupo separatista Forças de Libertação do Estado de Cabinda (Flec) assumiu a responsabilidade pelo ataque. Cabinda é responsável por metade da produção diária de petróleo do país, que rivaliza com a Nigéria como maior produtor africano do combustível. O enclave, no Norte de Angola, é conhecido pelo conflito separatista, iniciado em 1975, quando o país se tornou independente de Portugal. O governo angolano chamou o incidente de "ato de terrorismo".
Até então, acreditava-se que a Flec não era um grave risco para a segurança. Em dezembro, o ministro António Bento Bembe, ex-combatente da Flec, chegou a afirmar que o grupo já não existia mais. Segundo ele, o que restava do grupo era um pequeno número de indivíduos que estavam tentando atrair cabindas descontentes com declarações falsas.
Da Redação, com informações de O Globo