Faleceu José Gutman, um dos tenentes da revolta de 1935
No dia 30 de dezembro de 2009, aos 95 anos, faleceu José Gutman, que, aos 21 anos, era segundo tenente do Exército, servindo na 9ª Companhia do 3º Regimento de Infantaria, localizado na Praia Vermelha. Era o ano de 1935 e Gutman, junto com outros cabos e sargentos, se uniu aos revoltosos da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Publicado 06/01/2010 20:34 | Editado 04/03/2020 17:04
Gutman nasceu em 1914, com 21 anos foi o primeiro aluno do Colégio Militar e da escola de Realengo (atual AMAN). Não era filiado ao Partido Comunista, mas nutria grande admiração pelas ideias de Luiz Carlos Prestes, então presidente de honra da ANL.
Prestes, então, gozava de grande prestígio popular, desde a histórica Coluna Prestes. A ANL, formada por uma ampla frente de forças sociais e políticas, tinha à frente membros do Partido Comunista do Brasil. Em novembro de 1935, a ANL liderou uma tentativa de derrubada de Vargas, em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, sendo mais tarde derrotados.
A revolta de 35
No dia da revolta, um capitão, conterrâneo maranhense, chamou-o e lhe disse, textualmente: "Gutman, parece que vai ter alguma coisa esta noite. Eu vou para casa e qualquer coisa você me chama". Os olhos de José Gutman brilharam. O comandante da 9ª Companhia acabava de lhe passar a chefia, sem que houvesse necessidade de um espirro. José não teve dúvida, subiu em um caixote e fez um discurso para os cabos e sargentos, conclamando-os a aderir à revolução.
Com a derrota, muitos foram presos. José Gutman foi condenado a oito anos. Na cadeia, conviveu com o escritor Graciliano Ramos. Seu apelido na cadeia era Sabiá Vermelho, por conta de suas canções e modinhas. Primeiro ficou na Ilha Grande e depois em Fernando de Noronha.
Seu sobrinho, Luis Gutman, filiado ao PCdoB, relembra com carinho os momentos ao lado do tio. Segundo ele, “Gutman faleceu sempre ressaltando a importância da participação política como forma de avançar. Muitas vezes com emoção, me contava histórias sobre sua participação no movimento de 1935. A vida seguiu, ele envelheceu, ficou debilitado fisicamente, mas com a cabeça lúcida. De forma jocosa, agradecia aos tempos de prisão, pois se exercitou bastante nesse período, o que lhe garantiu saúde por muito tempo. Foi sem dúvida um exemplo de honestidade, de caráter e de bondade”.
Seu copo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. José Gutman deixa a esposa (Sephora) e quatro filhas (Silvia, Márcia, Cláudia e Anita), além de cinco netos e dois bisnetos (Bernardo e Miguel).
* O Alerta Rio presta sua homenagem a José Gutman e agradece a ajuda de seus sobrinhos, Luis e Guilherme Gutman, pelas informações.