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Profissões "verdes" serão multiplicadas, prevê a OIT

A Organização Internacional do Trabalho prevê que as profissões “verdes” vão se multiplicar nos próximos anos. A estimativa é de que, até 2050, serão gerados nada menos do que 2 bilhões de empregos ligados à sustentabilidade. Além de produzir novas profissões, o fenômeno exigirá adaptações em carreiras já existentes.

"As demandas da sustentabilidade farão com que funcionários de diferentes setores de uma empresa sejam obrigados a lidar com questões ligadas ao meio ambiente", aponta Heitor Kuser, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social (Ibdes).

Otimista sobre a criação de empregos para enfrentar as mudanças climáticas, relatório da OIT intitulado Green Jobs: Towards Decent Work in a Sustainable, Low-Carbon Word (Empregos Verdes: Trabalho Decente em um mundo sustentável e com baixas emissões de carbono) também alerta que muitos destes postos podem ser “sujos, perigosos e difíceis”.

As áreas que despertam preocupação – em especial, ainda que não exclusivamente nas economias em desenvolvimento – incluem a agricultura e a reciclagem, onde é necessário modificar com rapidez situações de baixos salários, insegurança nos contratos de trabalho e exposição a materiais perigosos.

O relatório diz ainda que são criados poucos empregos “verdes” para as populações mais vulneráveis – cerca de 1,3 bilhão de trabalhadores pobres (43% da força de trabalho mundial) com rendimentos tão baixos que não lhes permitem superar a linha da pobreza de 2 dólares por dia, ou os cerca de 500 milhões de jovens que procurarão trabalho nos próximos dez anos.

O documento diz ainda que o mercado global de produtos e serviços ambientais deveria aumentar dos atuais US$ 1,370 bilhão por ano a US$ 2,740 bilhões, em 2020. A metade deste mercado se refere à eficiência energética e o resto a transporte sustentável, fornecimento de água, gestão de serviços sanitários e de dejetos.

Segundo a OIT, os setores que terão especial importância em termos de impacto ambiental, econômico e no emprego são o fornecimento de energia, em particular a energia renovável, edifícios e construção, transporte, indústrias básicas, agrícola e florestal.

Outro destaque do estudo é de que 2,3 milhões de pessoas obtiveram novos empregos no setor da energia renovável nos últimos anos e o potencial de crescimento do emprego neste setor é enorme.

O emprego em energias alternativas poderia crescer até 2,1 milhões em energia eólica e 6,3 milhões na solar. A energia renovável gera mais trabalhos que os combustíveis fósseis. Estão previstos investimentos de US$ 630 bilhões até 2030, que se traduziriam em, pelo menos, 20 milhões de novos empregos neste setor.

Na agricultura, 12 milhões de pessoas poderiam trabalhar em biomassa para a produção de energia e outras indústrias relacionadas.

Uma transição de âmbito mundial em direção à eficiência energética nas residências poderia gerar milhões de postos de trabalho, ao mesmo tempo em que tornaria mais limpo os empregos existentes para muitos dos cerca de 111 milhões de trabalhadores que atuam no setor da construção, diz o documento.

“Uma economia sustentável não pode continuar mantendo os custos ambientais e sociais. O preço que a sociedade paga pelas consequências da contaminação ou de doenças deve refletir-se nos preços do mercado. Portanto, os empregos verdes devem ser trabalho decente”, diz o relatório.

O relatório recomenda, além disso, a redistribuição de subsídios, benefícios das ecotaxas e/ou a venda pública dos créditos de carbono que geram enormes fluxos de recursos de centenas de bilhões de dólares.

Os que são gerados na Europa e nos Estados Unidos seriam suficientes para apoiar economias mais verdes e para a criação de empregos verdes tanto no Sul quando no Norte industrializado.

A cooperação Sul-Sul pode desempenhar um papel mais importante ao transferir tecnologias provadas e conhecimentos práticos.

O relatório afirma que, para acelerar o crescimento dos empregos verdes, é vital obter um novo acordo sobre o clima, mais decisivo e de maior alcance, na Cúpula das Nações Unidas sobre o clima que se realiza em Copenhague.

Fonte: Brasília Confidencial