Exposição chega à Bahia para recontar trajetória de Marighella
O Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), é palco, a partir desta quinta-feira (10) até 24 de janeiro de 2010, para a exposição "Marighella", em memória aos 40 anos da morte do guerrilheiro comunista, ícone do combate à ditadura militar no Brasil. A mostra reúne cartas, livros, fotografias, depoimentos e documentos originais que ajudam a recuperar a trajetória de Marighella, desde a infância até seu assassinato, em 4 de novembro de 1969.
Publicado 10/12/2009 17:31
A mostra em Salvador se soma a outras duas, já inauguradas em São Paulo (Memorial da Resistência) e no Rio (Caixa Cultural), com o objetivo de resgatar a história do guerrilheiro, que em muitos momentos se confunde com a história política do país.
Com curadoria de Vladimir Sacchetta e Isa Grinspum Ferraz, as exposições falam da vida de Marighella por meio das palavras do próprio comunista. Uma vitrine expõe textos inéditos do guerrilheiro, que tratam sobre sua formação como militante, momentos da ditadura e sobre a luta armada.
"A exposição se dá no sentido de recontar a história política do país. A mostra descontrói a imagem do Marighella inimigo número um, que a ditadura constrói, para resgatar o homem, o cidadão Marighella, que levou o combate à ditadura às últimas consequências", conta Vladimir Sacchetta.
Sobre Marighella
Nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911, filho de imigrante italiano e de uma mulher negra, descendente de escravos africanos. Dono de invulgar inteligência notabilizou-se por fazer, em versos, provas de física e química no Ginásio da Bahia, onde concluiu o segundo grau. Ainda adolescente desperta para as lutas sociais.
Aos 20 anos, inicia o curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia, tornando-se militante do Partido Comunista em 1933. Todo o resto de sua vida será dedicado à luta dos trabalhadores, à causa da soberania nacional e do socialismo.
Em 1946, foi eleito deputado à Assembléia Nacional Constituinte que se seguira à deposição de Getúlio Vargas. Foi apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas bancadas, proferindo em menos de dois anos 195 discursos. Invariavelmente, sua fala era de denúncia das condições de vida do povo e da crescente subordinação do país a interesses internacionais.
Na década de 50, em São Paulo, participou ativamente das lutas populares do período: defesa do monopólio estatal do petróleo, contra o envio de soldados brasileiros à Coréia, contra a desnacionalização do ensino e de toda a economia. Cada vez mais dirigia sua palavra, seu trabalho e suas propostas no sentido da área rural brasileira.
Em 1958 redigiu o estudo: “Alguns aspectos da Renda da Terra no Brasil”, que abre uma série de contribuições políticas que haveria de elaborar até 1969. Visitou a China Popular, a União Soviética e, anos depois, Cuba, estudando as experiências revolucionárias vitoriosas naqueles países.
Em 1969, foi apontado pela ditadura como inimigo público número 1 e passou a ser alvo de uma caçada que envolveria diretamente todas as estruturas repressivas montadas pelo regime militar. Na noite de 4 de novembro de 1969, Carlos Marighella foi surpreendido por uma emboscada de agentes da polícia política, sob o comando do delegado Sérgio Fleury, e assassinado na Alameda Casa Branca, em São Paulo.
Serviço:
O quê: Exposição Marighella
Onde: Teatro Castro Alves – Foyer (Praça 2 de Julho, s/n Campo Grande)
Quando: de 10 de dezembro de 2009 a 24 de janeiro de 2010, terça à domingo, das 13h às 18h. Abertura: 10 de dezembro de 2009, às 18h30 (para convidados e imprensa).
Entrada franca – Classificação Livre