Bolívia com Evo deixou de ser a mais pobre da América do Sul
A Bolívia deixou de ser o país mais pobre da América do Sul após duplicar seu Produto Interno Bruto (PIB) em quatro anos de governo do presidente Evo Morales, que concorre à reeleição neste domingo (6). A afirmação, do ministro da Economia, Luis Arce, em uma entrevista à Reuters, não é uma bravata pré-eleitoral: os insuspeitos dados da CIA e do FMI confirmam.
Publicado 06/12/2009 14:17
Quando Evo estatizou a indústria de hidrocarbonetos, promoveu a reforma agrária e uma política de amparo aos estudantes, idosos e povos indígenas, o stabilishment torceu o nariz e profetizou um desastre. O resultado, porém, além de colocar o presidente aimara como favoritíssimo nas pesquisas, é um boom econômico, que aliás explica o favoritismo.
Campeã sul-americana de crescimento
Pelos números de Arce, o PIB (Produto Interno Bruto) boliviano chegou a US$ 19 bilhões este ano, contra US$ 9 bilhões em 2005. As reservas internacionais estão próximas de 50% do PIB, uma inflação controlada e um câmbio estável são para Arce o resultado de "um modelo feito pelos bolivianos para a economia boliviana".
O The World Factbook da CIA, atesta. O site de informação da agência de espionagem americana atribui à Bolívia um PIB de US$ 16,6 bilhões, mas o número é de 2008. A cifra cresceu 2,8% em 2006, 4,6% em 2007, 6,1% em 2008.
Para 2009 a CIA não fornece um número, mas segundo estimativa do FMI a crise global, reduziu o crescimento para 3,1%; mesmo assim foi o maior em todo o continente. Arce faz uma previsão distinta, de 4,5% em 2009, nível que o país espera manter em 2010.
Com isso a economia boliviana superou a do Paraguai. Ainda segundo o FMI. os números do PIB são US$ 16,6 bilhões para o país de Evo e US$ 16,01 bilhões para o de Fernando Lugo. Quando se calcula o PIB com base na PPP (Paridade de Poder de Compra), a diferença é um pouco maior: US$ 45,4 bilhões para a Bolívia e US$ 28,6 bilhões para o Paraguai.
Em PIB per capita, porém, o Paraguai permanece à frente, pois tem uma população mais reduzida, de 7 milhões, contra 9,8 milhões na Bolívia.
"Nem emergentes, nem pobres"
"A Bolívia cresceu. Ganhamos uma reputação diante da comunidade internacional sobre o manejo macroeconômico", disse Arce, que comanda a política econômica desde o começo de 2006, quando se iniciou o governo de Morales, e agora deixa nas mãos do mandatário sua continuidade no cargo.
"Estamos entrando em uma porta onde não somos um país pobre. Estamos, acho, melhor que o Paraguai", acrescentou, sem oferecer cifras comparativas. "A Bolívia está como um sanduíche. Não somos nem emergentes, nem pobres", disse.
O economista, com especialização na Inglaterra, disse que, neste ano, pela primeira vez, a Fitch Ratings e a Moody's Investors Service elevaram a classificação do país, e o FMI elogiou a política macroeconômica da Bolívia como um exemplo de prudência e equilíbrio.
"Os benefícios, a demanda interna e a distribuição do ingresso são chave para o crescimento econômico que temos gerado. Nos diferenciamos do modelo neoliberal", afirmou.
O governo de Morales tem uma alta popularidade, graças a planos sociais que oferecem benefícios diretos a estudantes, idosos e mães. Com investimentos de mais de US$ 300 milhões anuais, eles beneficiam um quarto da população.
Arce destacou que esses subsídios são um motor para o crescimento, que levou o PIB per capita a US$ 1.671, contra US$ 1.010 no início de 2006.
"Isso deu resultado. Este ano, pela primeira vez, a Bolívia será a número um em crescimento na América Latina. Eu nunca havia visto isso", afirmou.
Com informações da Reuters, FMI e CIA