Referendo na Suíça aprova proibição de minaretes em mesquitas
Os suíços decidiram que não querem mais a construção de minaretes nas mesquitas do país. Pouco mais de 57% dos eleitores votaram, em referendo realizado neste domingo (29), a favor da proibição dos minaretes, torres de onde os fiéis são convocados para as orações.
Publicado 29/11/2009 18:13
De um total de 26 cantões (estados), apenas quatro rejeitaram a proposta. A vitória do “sim”, segundo a al-Jazira, abre caminho para uma emenda constitucional que desagrada a comunidade islâmica no país, equivalente a 4,5% da população, ou seja, 400 mil pessoas, a maioria vinda da antiga Iugoslávia e da Turquia. A Suíça tem mais de cem mesquitas e salas de oração muçulmanas, mas apenas quatro minaretes.
A proposta foi apresentada pelo Partido do Povo (SVP), de extrema-direita, que diz ser necessário "evitar a islamização da Suíça". O governo, do Partido Social-Democrático (SPS), fez campanha contra a proposta.
O presidente da Associação das Organizações Muçulmanas de Zurique, Tamir Hadjipolu, disse que se a proibição for realmente implementada, a comunidade islâmica da Suíça vai viver com medo.
"Isso vai provocar grandes problemas, porque já durante esta campanha, várias mesquitas foram atacadas, algo que nunca vivemos em 40 anos na Suíça", afirmou. "Com este plebiscito, a islamofobia aumentou com muita intensidade".
Ulrich Schluer, parlamentar do SVP, rejeita as acusações de discriminação. “Todo muçulmano é autorizado a se reunir com outros muçulmanos e ter uma religião juntos. Mas um minarete é um símbolo político. É um símbolo para introduzir, pouco a pouco, a sharia na Suíça, paralelamente à legislação suíça, que é resultado da democracia suíça". Sharia é o nome que se dá ao código de leis do islamismo. Saiba mais.
Moderados
Alan Fisher, correspondente da al-Jazira na capital Berna, afirmou: "Existe preocupação na Suíça sobre o que está sendo visto como disseminação do islamismo radical, mas a comunidade muçulmana aqui sempre foi considerada moderada”.
O SVP convocou um referendo após coletar 100.000 assinaturas em 18 meses. O governo se opôs, alegando que banir os minaretes ia denegrir a imagem da Suíça. Após não conseguir evitar o referendo nem a vitória do “sim”, procurou assegurar à população muçulmana que a proibição dos minaretes não é uma rejeição à comunidade islâmica, sua religião ou cultura.
“Conseguiram algo que todos queriam evitar, ou seja, influenciar e mudar a relação com os muçulmanos e sua integração de forma negativa”, afirmou Taner Hatipoglu, presidente da Federação das Organizações Islâmicas em Zurique, à al-Jazira.
“Estamos com medo. E se a atmosfera continuar assim e o ódio anti-islâmico aumentar, os muçulmanos não mais se sentirão a salvo. Isso, claro, é bem desagradável”.
Com agências